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Como legislação brasileira moldou novo acordo de patrocínio do Corinthians

Apresentação do novo patrocinador do Corinthians  -  Daniel Augusto Jr./ Agência Corinthians
Apresentação do novo patrocinador do Corinthians Imagem: Daniel Augusto Jr./ Agência Corinthians

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

07/09/2016 06h00

A legislação brasileira foi fundamental para desenhar o último contrato de patrocínio assinado pelo Corinthians. O time alvinegro apresentou na última terça-feira (06) uma parceria de três anos com a cervejaria espanhola Estrella Galicia, que desembolsará algo em torno de R$ 10 milhões por temporada de associação. Se não houvesse restrições impostas pela Justiça, porém, esse valor poderia ser bem maior.

O Brasil tem impeditivo para exposição de marcas de bebida em uniformes de times de futebol. Por isso, a Estrella Galicia ocupará apenas camisas de treino e roupas de viagem do Corinthians - e usará nos dois casos o logotipo de sua versão sem álcool.

"Não podemos jogar com propaganda de bebida alcoólica. Óbvio que se pudesse o valor cresceria", explicou Gustavo Herbetta, superintendente de marketing do Corinthians, em conversa com o UOL Esporte.

A questão é especialmente relevante para o Corinthians porque o clube tem uma meta de arrecadar R$ 70 milhões com propriedades do uniforme em 2016. A diretoria já tem contratos que somam R$ 47 milhões (R$ 30 milhões da Caixa Econômica Federal, R$ 10 milhões da Apollo Sports Capital e R$ 7 milhões da soma entre Tim e Special Dog), sem contar o aporte da Nike (como é balizado pelo dólar, o valor desembolsado pela fabricante de mateiral esportivo depende de cotação da moeda norte-americana).

O veto à exposição no uniforme, contudo, não foi o único ponto em que a legislação brasileira afetou a negociação do Corinthians com a Estrella Galicia. A empresa também esbarrou numa proibição municipal para venda de bebida alcoólica em estádios de futebol.

Portanto, além de não poder colocar sua marca no uniforme, a Estrella Galicia não pôde aproveitar o Corinthians como ponto de venda. A empresa sequer assinou com a Arena Corinthians - atualmente, os concessionários do estádio podem escolher as marcas que usam nos segmentos em que a cervejaria atua.

"Hoje em dia a gente pode vender a água e a cerveja zero da Estrella Galicia no estádio, mas isso ainda está sendo negociado", confirmou Herbetta.

A despeito de ser uma marca centenária na Espanha, onde já tem contratos com clubes de futebol (Celta de Vigo e Deportivo La Coruña, por exemplo), a Estrella Galicia é relativamente recente no mercado brasileiro. A empresa opera no país desde 2011 e ainda tenta ganhar espaço entre as marcas locais do segmento premium, faixa em que ela é líder no país de origem.

Como não pôde aproveitar as duas principais plataformas para aumentar o reconhecimento de marca, a Estrella Galicia concentrou seu acordo com o Corinthians em ações digitais. Algumas dessas iniciativas caminharão também para o mundo real - a primeira ativação com essa abrangência será realizada ainda em setembro.

Para fechar com os espanhóis, o Corinthians precisou romper contrato com a Ambev, que tinha a marca Brahma como cerveja oficial da equipe alvinegra. O negócio incluía uma série de descontos para os integrantes do plano Fiel Torcedor, mas essas vantagens não serão afetadas num primeiro momento.