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Luxemburgo nega sondagem do Corinthians, mas não crê em rejeição da torcida

Do UOL, em São Paulo

30/09/2016 14h50

Convidado de Neto no programa da Band Os Donos da Bola desta sexta-feira (30), Vanderlei Luxemburgo negou que tenha recebido qualquer sondagem para ser técnico do Corinthians. Ele também disse que não acredita que haja uma grande rejeição da torcida alvinegra ao seu nome.

"Ninguém me ligou, não tive nenhum contato com ninguém do Corinthians. A conversa que tive com a minha família foi de ficar até o final do ano descansando, mas, claro, eu sou homem de futebol. Se chegar, a gente vai conversar, porque eu não me aposentei e estou muito longe de me aposentar. Ainda acho que posso fazer muita coisa boa pelo futebol brasileiro", disse o treinador de 64 anos, cujo último clube foi o chinês Tianjin Quanjian.
"Com respeito a negócio de torcida, existe uma separação entre torcida e mídia social. O cara bota lá na internet, um monte de neguinho entra naquele negócio lá... Agora, pesquisa de torcida é outra história, e eu nunca fui rejeitado no Corinthians, porque a minha história está vinculada ao Corinthians. O time que eu montei, o time que o Oswaldo [de Oliveira], com competência, seguiu e bateu campeão do mundo [em 2000]. Então tem uma história dentro do Corinthians, e não vejo essa rejeição de torcida", afirmou o treinador, campeão brasileiro com a equipe em 1998 e paulista em 2001.

São Paulo

Dos grandes de São Paulo, o único não treinado por Luxemburgo é o São Paulo. O técnico afirmou que teve a oportunidade de assumir o clube no final dos anos 1980/inicio dos anos 90, mas não conseguiu ser liberado pelo Bragantino. Admitiu também que a rivalidade que teve com os tricolores, especialmente quando comandou o Palmeiras, impediu uma aproximação nos últimos anos.

"Queria ganhar do São Paulo. O Palmeiras só poderia ser excelência se nós ganhássemos do São Paulo. Quando falo isso, eu estou valorizando o clube", disse. "Eu acho que eu tenho que dirigir o São Paulo. Se não der jeito, tudo bem, mas um profissional da minha qualidade tem que passar pelo São Paulo. Essa rusga é uma grande bobagem. A minha briga com o São Paulo era profissional, para tentar a hegemonia do São Paulo, que era a excelência", completou.

Aos palavrões, Luxa ataca "politicamente correto" e defende Cuca

Já sobre o Palmeiras, líder do Brasileirão, o técnico demonstrou irritação especial quanto à polêmica da semana por conta da discussão entre Cuca e o atacante Rafael Marques.

"Achei uma grande babaquice sobre essa discussão do Cuca com o jogador dele, como se fosse proibido, como se fosse uma igreja. Eu fico bravo com isso, porque sou o cara que mais fala palavrão à beira do campo, aí se vem o Faustão e [fala] 'essa po*** desse governo aí'. Pode falar no ar, na Rede Globo, em horário nobre, 'essa po*** desse governo' e aí o Cuca não pode falar chegar [pro jogador] 'ô meu camarada, faz isso, faz aquilo', porque passa a ser um problema seríssimo? Se pega o futebol para moralizar o Brasil? Para com essa frescura, pô! É relação de treinador e atleta", desabafou, soltando palavrões na atração.

"Eu era duro com jogador, mas sem ofender ninguém: 'tem que fazer isso, vá para aquele lugar, caramba'. Palavrão necessário pra motivar. Aí os jogadores hoje todos melindrados, porque tem o seu procurador, seu assessor de imprensa e liga pra imprensa: 'o Luxemburgo falou pro cara assim'. Isso é futebol, não é igreja, não é teatro. Aí os caras ficam falando uma porção de bobagens sobre o Cuca, criaram um problema dentro de um clube que tá disputando o título por causa de uma bobeira dessa", queixou-se.

"Quando você já tava parando, tinha que ter pego você antes, que era mais p*** pra cace**", comentou, na sequência, falando para Neto, e novamente falando palavrões.

"O Rincón, o negão do cace**, cê tem que fazer isso daqui. Por que isso agora é ofensa?", continuou, indignado. "Cansei de jogar contra o Pelé e falava: 'negão, sai pra lá, vai pra aquele lado de lá, sai de perto de mim'. Aí os caras dizem que é processo hoje, porque é negócio de...", reforçou, lembrando o seu tempo de jogador.

Luxa ainda falou no programa de forma elogiosa sobre a estrela palmeirense, Gabriel Jesus.

"Assistir na Olimpíada, onde teve uma participação maravilhosa, e pós-Olimpíada, quando teve uma queda, o que é normal, muito jovem, muito menino. Mas ele não perde a sua maior característica de decisão, vai bem na jogada decisiva, que se aparecer uma, duas, três oportunidades, ele aquele jogador que decide, sofre pênalti ou passa a bola para alguém ou faz o gol."

"Chegou no momento que o futebol baniu o centroavante. Hoje, você tem atacante que tenha que mudar de direção. Não precisa ter um cara fixo na frente. O maior exemplo é o Barcelona, que tem o Messi por dentro, dois que jogam por fora, o Messi abrindo espaço, vem tocar a bola. Ronaldo Fenômeno nunca foi centroavante, o Romário nunca foi centroavante, são jogadores que saem e buscam o seu espaço. Então esse menino, dentro do que o Guardiola quer, é o jogador que joga livre e abre espaço. Daqueles jogadores que surgiram no Brasil nos últimos tempos, é o jogador que promete ser esse atacante mais moderno, que puxa a velocidade pelo lado e que não negocia a bola para ir à linha de fundo, mas em direção ao gol e que quando parte, mesmo sem a bola, proporciona a metida de bola para ele na direção do gol."

"Zagallo foi muito mais técnico que Telê Santana"

Em sua participação, ainda sobre jogar ou não com atacante fixo na área, o chamado centroavante, Luxemburgo comparou as seleções de 1970 e de 1982 e os técnicos delas. Sobrou afago a Zagallo e críticas para Telê Santana.

"Na copa de 82, teve um erro grave cometido, que não foi cometido em 1970. Em 70, por que o Zagallo optou por Tostão? Porque para tabelar com Pelé, Rivellino, Gérson e Clodoaldo cê tem que ter um jogador inteligente, que vá acompanhar o raciocínio desses jogadores. Quando chegou em 82, que todo mundo tem como um grande técnico, mas eu acho Zagallo muito mais técnico que Telê Santana, ao meu ver, e ele [Telê] colocou Serginho Chulapa jogando com Sócartes, Zico, Cerezo e Falcão", criticou.

"Você tem que saber os jogadores que você tem por trás dos atacantes da frente para você colocar um jogador centroavante fixo ou não, mas os maiores artilheiros do mundo nunca foram centroavantes. Pelé, Maradona, Messi, Neymar, Ronaldo, Cruyff não eram centroavantes. Por que tem que ter um centroavante fixo para que a equipe trabalhe exclusivamente pra ele? Dentro de um elenco, tem que ter um poste, aí precisa, mas as mudanças do futebol, a dinâmica do jogo, fizeram com que o centroavante fosse meio que...", finalizou.