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Volante do Palmeiras de 1999 vira fazendeiro e quer carreira de técnico

Ferrugem em ação com a camisa do Palmeiras a temporada 2000 - Patricia Santos/Folha Imagem
Ferrugem em ação com a camisa do Palmeiras a temporada 2000 Imagem: Patricia Santos/Folha Imagem

Diego Salgado e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

03/10/2016 06h00

O volante Ferrugem faz parte do período mais vitorioso da história do Palmeiras. Durante três anos, entre 1998 e 2000, o atleta da base alviverde defendeu o time de Felipão, levantou taças e conviveu com grandes estrelas da história do clube.

Aos 36 anos, já aposentado da carreira de jogador e com muita história para contar sobre aquele tempo de ouro do Palmeiras, Ferrugem, que hoje é fazendeiro em Minas Gerais e faz planos para seguir na carreira de treinador, concedeu entrevista ao UOL Esporte.

Mais de 16 anos depois de deixar o clube, Ferrugem admite que se sentiu desvalorizado com a decisão da diretoria alviverde em não prolongar o contrato com o clube. Longe do Palmeiras, o volante atuou no futebol grego, defendeu o Atlético-MG e ainda jogou na França e na Suíça antes de vestir as camisas de Criciúma e Villa Nova (MG).

Segundo ele, é justamente essa experiência nos três países europeus o pontapé inicial para a nova carreira. "Eu comecei a fazer um curso de treinador e já tive a primeira licença. Agora eu estou planejando alguns estágios com o pessoal que eu trabalhei na França e na Suíça. Início do ano que vem pegar a segunda parte da temporada lá", contou.

Hoje, antes de os planos virarem realidade, Ferrugem se dedica às atividades da sua fazenda. "Eu tenho alguns imóveis aqui em Minas e uma fazenda. Sou produtor rural e forneço um pouco de leite para uma empresa aqui em Lagoa da Prata. Tenho um pouco de gado também", explicou o ex-volante.

Felipão e o grupo do Palmeiras

Ferrugem subiu para o profissional meses depois da chegada de Luiz Felipe Scolari ao clube. Época em que o time, vice-campeão brasileiro de 1997, tinha jogadores de seleção em praticamente todas as posições. O fato dificultou a tarefa de cavar um lugar na equipe de Felipão.

"Foi uma época diferente tinha a Parmalat o elenco era muito forte e o pessoal da base nessa época tinha pouco espaço, pouca oportunidade mesmo o Felipão reintegrando a gente no elenco aprendendo muito com o pessoal, mas era até normal pela qualidade de elenco que tinha", relembrou.

Em 1998, por exemplo, Ferrugem participou de 13 jogos, mas sagrou-se campeão da Copa do Brasil e da Copa Mercosul. No elenco, pôde conviver com os craques e presenciar a maneira como o treinador comandava os jogadores.

"O elenco do Palmeiras era bem controlado pelo Felipão pelo menos nos treinos e nas concentrações. Ele segurava bem o grupo. Naquela época eu era muito novo eu estava mais preocupado em não perder o meu espaço, Nada de ir para a noite", disse.

Nos anos seguintes, com atuações mais pontuais, Ferrugem ainda fez parte dos grupos campeões da Libertadores, em junho de 1999, e do Torneio Rio-SP, em março da temporada seguinte. O último jogo no clube foi disputado meses depois.

"Terminou o contrato e apareceu a oportunidade de ir para a Grécia. O Palmeiras não foi ingrato comigo, pelo contrário. Há momentos em que você sente que é a hora de evoluir, necessidade de jogar", afirmou Ferrugem, que mostra-se triste com a situação: "Me senti um pouco desvalorizado, mas nunca dizendo que não voltaria. Sou praticamente criado lá dentro eu tenho carinho".

Convivência com Ronaldinho Gaúcho

Nascido em 1980, Ferrugem defendeu a seleção brasileira no Mundial sub-17, disputado no Egito em setembro de 1997. Ao fim da competição, ergueu a taça como capitão do time que tinha Ronaldinho Gaúcho, o goleiro Fábio e o meia Geovanni.

Tempos atrás, Ferrugem encontrou Ronaldinho em Belo Horizonte. Juntos, eles lembraram da conquista com a camisa da seleção. "Foi uma conquista bacana o grupo era muito unido", frisou.

"Como eu trabalhei com ele na seleção, não foi surpresa para mim o que aconteceu na carreira dele. O talento dele era gritante e a maneira de ele jogar e de agir em campo era diferente para um jogador de 15, 16 anos na época. Ele soube conduzir bem a carreira dele e chegou onde chegou. Sempre foi um cara de grupo", disse.