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Caixa fez operação secreta com Odebrecht pelo Itaquerão, diz jornal

Bruno Cantini/Atlético
Imagem: Bruno Cantini/Atlético

Do UOL, em São Paulo

09/10/2016 15h47Atualizada em 09/10/2016 19h26

Odebrecht e Caixa Econômica fizeram uma transação sigilosa para cobrir uma dívida de R$ 350 milhões na Arena Corinthians, palco da abertura da Copa do Mundo de 2014. A revelação foi feita pelo jornal Folha de S. Paulo.

A empreiteira usou o dinheiro no estádio e pagará a verba com juros. O dinheiro foi injetado por meio de debêntures emitidas pela construtora e adquiridas pelo banco estatal em 2014.

Debêntures funcionam como empréstimo, mas são lançados ao mercado como títulos para captar recursos.

Ao jornal, o ex-presidente do Corinthians e atual deputado federal pelo PT, Andrés Sanchez, confirmou a operação, mas não quis comentar. Ele foi um dos principais responsáveis pela construção do estádio e teve o ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva como padrinho.

Pelos planos originais, o estádio seria bancado com um financiamento do BNDES de R$ 400 milhões e outros R$ 420 milhões com créditos cedidos pela Prefeitura de São Paulo, os chamados CIDs, que são Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento e podem ser usados para descontos em pagamento de impostos.

O problema é que, apesar de a construção do estádio ter começado em 2011, o dinheiro do BNDES só caiu em março de 2014 e a verba que seria proveniente das CIDs sofreu com ações judiciais que questionavam o benefício municipal.

Sobrou, então, um buraco de R$ 420 milhões que foi tapado com essas debêntures adquiridas pela Caixa Econômica. O jornal mostra que o banco aceitou entrar no negócio mesmo sem ter as garantias necessárias por pressão de Marcelo Odebrecht, então presidente da companhia e hoje condenado a 19 anos de prisão por crimes descobertos da Operação Lava-Jato.

A obra ainda enfrentou outros problemas: por despesas com instalações temporárias e outros custos que foram além do previsto, o orçamento foi para R$ 1,2 bilhão.

O Corinthians ajudaria no pagamento desta dívida pública com mensalidades de R$ 5 milhões. Esta verba, no entanto, deixou de ser repassada desde março e o clube renegocia a dívida com a Caixa.