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Favorito em eleição vê Inter em declínio e não revela nomes para 2017

Divulgação/MIG
Imagem: Divulgação/MIG

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

10/10/2016 06h00

Marcelo Medeiros é o favorito ao cargo de presidente do Internacional para o biênio 2017-2018. Lançado pelo ‘Movimento Inter Grande’, o ex-vice de futebol da gestão Giovanni Luigi não poupa críticas à administração atual do clube gaúcho, fala em declínio e falta de profissionalismo. E usa o exemplo da última corrida presidencial para evitar projeções sobre o ano que vem. A luta contra o rebaixamento não assusta e não muda os planos.

“Não estamos sofrendo por acaso, não foi conspiração de astros que nos trouxe até aqui. O momento é muito delicado, muito. Mas o Inter pode sair dele. É hora de estar ao lado do clube. Não da gestão, mas do clube”, disse.

Em entrevista ao UOL Esporte, Medeiros contesta a postura da gestão capitaneada por Vitorio Piffero nas áreas do futebol, administração e finanças. Cita o Beira-Rio, o CT de Guaíba e a marca de ‘Clube do Povo’ como fatores a serem explorados.

Confirma lista de reforços, mas não abre nomes e posições. E muito menos atesta a preferência por Abel Braga para o cargo de treinador a partir de janeiro.

UOL Esporte: O candidato Marcelo Medeiros de 2016 é muito diferente do candidato de 2014?

A gente vai sempre aprendendo, amadurecendo. Procurando corrigir rumos e se tornar uma pessoa melhor. O cenário foi que mudou bastante. Em 2014 nós vínhamos como responsáveis pelo futebol focados em deixar o clube com vaga direta na Libertadores. Fizemos uma das melhores campanhas em pontos corridos. Concorremos contra um adversário com currículo vencedor, extenso. Respeitamos o atual presidente, mas só currículo não basta. Para fazer um clube vencedor, tem que se ter planejamento, profissionalismo. Tem que ter pilares que não foram ou pelo não vimos ao longo nos últimos dois anos. Em especial nos últimos dois semestres. A situação é delicada, muito preocupante. A minha vida pessoal é muito misturada com a vida no clube. Desde pequeno convivo com a intimidade do clube. Sou conselheiro há 28 anos, atuei na base, fui vice eleito. A proposta é de inclusão, não pode se fazer discurso de pacificação sem portas abertas para receber os qualificados. Eu me vejo melhor preparado, o cenário está mais realista do que se noticiou ou se vendeu. Se falou em sucesso, proposta e perspectiva e o planejamento não foi adequado. Não estamos sofrendo por acaso, não foi conspiração de astros que nos trouxe até aqui. Mas o momento não é de crítica, é preciso estar ao lado do clube. Não da gestão, mas do clube.

Como trabalhar a campanha com esse momento do time, lutando contra o rebaixamento?

Não vejo problema em fazer uma discussão de ideias. A discussão de ideias é saudável, o clube não pode viver só da decisão do presidente. Ele não pode fazer o que quer, tem que fazer aquilo que o clube precisa. Vai ser tranquila a discussão até 7 de novembro. E depois que terminar o campeonato, haverá uma semana toda para se fazer debates. As coisas poderão ser ditas com maior clareza.

O Inter escapa da segunda divisão?

O Inter tem um fator muito importante: a torcida, o estádio Beira-Rio. O que fez o Inter vencer o Figueirense foi a participação do torcedor, ao lado do clube, inclusive no momento de declínio na partida. O torcedor apoiou até o final e ajudou o time a segurar a vitória. Acredito que tem condições de sair e cada vitória é fundamental.

Qual a visão do contrato assinado com o Esporte Interativo, pelos direitos de transmissão de TV fechada do biênio 2019-2020?

Quando se discute esse tipo de situação é preciso avaliar o que é melhor para o Inter. E não discutir academicamente. O Inter fez uma aventura no que diz respeito à transmissão de jogos. Uma parceria onde não há nenhum outro clube grande do país. Não tem nenhum outro grande. Se estivéssemos com São Paulo, Atlético-MG, Fluminense a tentativa de quebrar o monopólio poderia dar certo. Os aliados não dão esse respaldo. Com todo respeito a todos que optaram pela outra empresa, nós somos maiores. Também não houve a discussão necessária. Houve exposição no conselho e saíram críticas, contestação. Não há nenhum trabalho de especialistas que esclareçam o melhor caminho. Tudo no processo foi com ‘acho isso e aquilo’.

O modelo de administração do Internacional, de formar e vender jogadores para usar os recursos em reforços e melhoria do clube, se exauriu?

Respeito todas as opiniões sobre futebol, desde especialistas no jogo até outras áreas. Acho que estamos sempre em um processo de aprimoramento. Às vezes a curva sofre alteração conforme conhecimento, relação e o talento de cada gestor. O Inter vinha em um processo interessante de profissionalismo, mas nos últimos dois anos houve declínio. Na última reunião do conselho, um conselheiro levantou o tema: são 55 diretores político e um profissional. Isso sim é modelo ultrapassado. O Inter sempre vai ser formador de atletas, isso é o pilar do clube, historicamente. O Internacional precisa de ações de marketing de forma mais eficiente, é preciso ampliar a comunicação social. O Inter tem uma marca, identidade, é o ‘Clube do Povo’ e temos que fazer um movimento para pessoas de classes mais populares acessarem o clube de fato. A área patrimonial precisa ser explorada melhor. O CT de Guaíba, por exemplo. Acho que o Beira-Rio, pela localização dele, deve ser atrativo turístico a ser explorado de uma maneira melhor. Não só pelo Inter, mas pela cidade e até pelo Estado. Qual ação para a secretária do turismo para segurar turistas na cidade antes de ir a Gramado? O Beira-Rio ao final do dia empolga qualquer um. Temos uma série de ativos para serem melhores trabalhados. Temos receitas... Quando se tem emoção, com time competitivo, tudo cresce. O clube passa a ser mais visto, desperta interesse de todos os segmentos. E é isso que precisamos fazer.

A indefinição sobre o campeonato a ser disputado em 2017 afeta os planos para o futebol?

A gente sempre teve cuidado ao falar de nomes. Primeiro para não atrapalhar a tratativa, não onerar ela e nem criar expectativa na opinião pública. Essa é uma ginástica: estar atento ao mercado, às áreas que dão suporte ao futebol como marketing, administração e finanças, e estar na articulação política para dar governabilidade a nova gestão. É um desafio duro.

UOL Esporte: Abel Braga é o treinador do Inter em 2017? Do Inter de Marcelo Medeiros presidente?

Em 2014, na reta final do Brasileirão, toda semana saia na mídia que o outro candidato (Vitorio Piffero) tinha predileção por treinador A, B ou C. Houve uma série de desmentidos, até em rede nacional depois, que não trabalhariam com os gestores e se criou um embaraço, constrangimento e falsa expectativa. Não vou fazer isso agora. Nossa proposta não terá nome visando campanha eleitoral. O Abel merece todo o nosso respeito, pela sua história, mas vamos trabalhar de maneira diferente. Não vamos citar nomes.