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Carlos Alberto foi determinante para fazer Pelé campeão nos Estados Unidos

A morte do Capita: Craque por onde passou e autor de gol antológico

UOL Esporte

Do UOL, em São Paulo

26/10/2016 06h00

Morto na última terça-feira aos 72 anos, vítima de um infarto fulminante, Carlos Alberto Torres foi um dos principais companheiros da carreira de Pelé. Juntos, ganharam a Copa de 1970 no México e assombraram o mundo no auge do Santos. Mas, além do amarelo da seleção e do branco santista, a dupla de ídolos também vestiu o verde do New York Cosmos por alguns jogos.

Quem acompanhou a saga do New York Cosmos na década de 70 assegura que sem Carlos Alberto Pelé jamais teria sido campeão nos Estados Unidos. O rei já havia sido frustrado nos playoffs de 1975 e 1976 e disputava seu último torneio na liga americana, pois havia programado a aposentadoria definitiva para 1977. Naquele ano, o time fora reforçado pelo craque alemão Franz Beckenbauer e ainda contava com o goleador italiano Giorgio Chinaglia. Mesmo assim, a equipe oscilou bastante durante toda a disputa e dava sinais de que poderia repetir as frustrações anteriores.

Carlos Alberto chegou aos Cosmos neste momento, em julho de 1977, bem na reta final da temporada da NASL (North American Soccer League), faltando apenas quatro jogos para o desfecho do torneio. A adição do brasileiro acabou sendo decisiva para melhorar a performance do time. O título veio com vitória sobre o Seattle Sounders, na última partida de Pelé como jogador profissional.

"Agora nós temos Pelé, nós temos Beckenbauer, nós temos Chinaglia. Mas, o resto... nós precisamos de mais", afirmou Beckenbauer, especificamente sobre a contratação de Carlos Alberto, em depoimento para o filme "Once In A Lifetime - The Extraordinary Story of The New York Cosmos".

"Na minha opinião, a mais importante contratação do ponto de vista de time foi Carlos Alberto", relembrou Raphael de la Sierra, vice-presidente do Cosmos na década de 70, em testemunho para o mesmo documentário sobre o título de 1977.

Torres foi a Nova York após briga no Flamengo

O acerto de Carlos Alberto com o Cosmos aconteceu após o rompimento do jogador com o Flamengo. Na época, o time carioca era dirigido por Claudio Coutinho, que também acumulava o comando da seleção brasileira. Preterido de convocação para uma partida das eliminatórias, Torres se enfureceu com o treinador e pediu a Márcio Braga, então presidente rubro-negro, para ser liberado.

Carlos Alberto Torres abraça Pelé no New York Cosmos. No fim dos anos 1970, o lateral foi com o Rei do Futebol desbravar o futebol dos EUA - Harry Hamburg/NY Daily News via Getty Images - Harry Hamburg/NY Daily News via Getty Images
Carlos Alberto Torres abraça Pelé em jogo do New York Cosmos nos EUA
Imagem: Harry Hamburg/NY Daily News via Getty Images

Depois dos quatro jogos no final da temporada 1977, com grande atuação de Carlos Alberto, o Cosmos acertou a contratação em definitivo do brasileiro, pagando ao Flamengo o valor referente ao passe.

"Muito trabalho e pouco dinheiro. Eu que estava atrás de um time, e não era o Cosmos que estava atrás de mim. Então eu vim para cá e plantei. Plantei, e graças a Deus deu tudo certo. Agora no finalzinho eu fui colher um pouquinho", afirmou Carlos Alberto em entrevista à TV Globo, no começo da década de 80.

Depois da aposentadoria de Pelé em 1977, Carlos Alberto seguiu no Cosmos até 1982, quando se despediu como jogador, aos 38 anos. O lateral brasileiro conquistou o título da NASL em mais três oportunidades (1978, 1980 e 1982).

Na última terça-feira, após a notícia do falecimento de Carlos Alberto, o Cosmos expressou pêsames através de uma mensagem em sua conta oficial no Twitter: "Estamos profundamente tristes por perder Carlos Alberto, um lendário jogador e uma ótima pessoa. Ele será sempre parte da família do Cosmos". 

Pelé também usou as redes sociais para homenagear o amigo: "Estou profundamente triste pela morte do meu amigo e irmão Carlos Alberto. Querido Deus, por favor cuide do nosso Capitão. Descanse em Paz".