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Como ter sido defensor na base ajuda Firmino a brilhar no Liverpool

Coutinho e Firmino celebram o gol do Liverpool contra o Crystal Palace - AFP - AFP
Coutinho e Firmino: dupla de brasileiros está no centro do bom futebol do Liverpool
Imagem: AFP

Do UOL, em São Paulo

04/11/2016 06h00

Quem vê Roberto Firmino marcando gols por Liverpool ou seleção brasileira pode achar estranho, mas o alagoano foi preparado durante a maior parte de seus anos de formação no futebol para, justamente, evitar os gols. “Eu fui lateral, depois me deslocaram para o meio da defesa. Cheguei a jogar de zagueiro até os 18 anos”, lembrou o jogador, em entrevista ao Daily Mail, da Inglaterra.

As aventuras na defesa acabaram quando os técnicos do CRB viram que o garoto grande e forte tinha mais habilidade que os outros jogadores do setor e, aos poucos, ele foi sendo deslocado para o ataque. Quando saiu do Brasil, no Figueirense, já era meia. No Hoffenheim, da Alemanha, clube que defendeu por quatro anos, foi usado no meio-campo e no ataque. No Liverpool, hoje, se encontrou como centroavante. Ou quase isso...

Roberto Firmino anotou o quinto gol do Brasil diante da Bolívia - Pedro Martins/MoWa Press - Pedro Martins/MoWa Press
Roberto Firmino na seleção: jogador esteve nas últimas duas convocações de Tite
Imagem: Pedro Martins/MoWa Press
Firmino tem sido usado pelo técnico alemão Jurgen Klopp como falso 9. Aquele jogador de movimentação, com mais capacidade de passe e drible do que o tradicional gigante definidor, para ser a figura central de seu sistema ofensivo. A principal característica do jogador, porém, é sua contribuição defensiva. Desde que chegou, o ex-treinador do Borussia Dortmund quer implementar um sistema de pressão no time do norte da Inglaterra. E isso começa por seu “camisa 9” (é bom lembrar que Firmino joga com o número 11...).

É função do centroavante ser o primeiro do Liverpool a pressionar a saída de bola, fechando linhas de passe e tornando a vida de zagueiros e volantes mais difícil quando estão com a bola. Como um bom ex-zagueiro, o brasileiro vem fazendo isso com sucesso: a cada partida, ele recupera 2,6 bolas em média – número parecido com o dos zagueiros da equipe, o camaronês Joel Matip (3) e o croata Dejan Lovren (2,9) e bem melhor do que qualquer outro atacante do elenco.

“Roberto é um jogador que está sempre envolvido com o jogo, seja com ações ofensivas ou defensivas. Ele tem uma habilidade natural para a marcação e sempre que você retoma a bola na defesa adversária, cria boas oportunidades de gol. É isso que ele está fazendo”, explica Klopp, em entrevista para a ESPN.

Essa habilidade de retomar a bola no ataque faz de Firmino o jogador que mais cria oportunidades para seus companheiros no time de Liverpool. Sua média é de 2,8 passes para finalização por partida. Philippe Coutinho, principal responsável pela armação das jogadas da equipe, por exemplo, tem média de 2,5. “Ele não pensa muito nisso, é uma habilidade inata que ele tem. Ele é um jogador versátil, que pode ser usado em qualquer das posições de ataque”, completa Klopp.

Além disso, sua média de gols também tem aumentado. Em sua primeira temporada, balançou as redes 11 vezes em 49 jogos. Hoje, é o artilheiro do Liverpool na temporada, com quatro gols no Inglês (ao lado de outros três atletas). Além disso, tem ainda três assistências e participa de um gol da equipe a cada 114 minutos.

Somado ao bom futebol de Coutinho, o Liverpool é um dos líderes do Campeonato Inglês, ao lado de Manchester City (em vantagem no desempate) e Arsenal. Boa parte disso é fruto do esforço de Firmino. Apesar do Liverpool estar longe de ser a defesa menos vazada do torneio (oito times levaram menos gols), é o time que menos permite chutes contra a sua própria meta (7,9 por jogo).

A boa fase na Inglaterra já o devolveu à seleção. Parte das listas de Dunga, o atacante voltou a ser chamado por Tite na última rodada das Eliminatórias. Ele marcou na goleada contra a Bolívia, após substituir Gabriel Jesus.