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Como o Grêmio minimiza lesões e chega 'inteiro' ao final do ano

Rogério Dias ocupa cargo de preparador físico do Grêmio desde maio do ano passado - Marinho Saldanha/UOL
Rogério Dias ocupa cargo de preparador físico do Grêmio desde maio do ano passado Imagem: Marinho Saldanha/UOL

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

06/11/2016 06h00

Faltando cinco jogos para o fim do Brasileiro, sete para o encerramento da temporada, o Grêmio tem praticamente todo elenco à disposição de Renato Gaúcho. Exceção ao goleiro Bruno Grassi, os demais jogadores estão com total condição atlética de representarem o clube. E o segredo para isso não é só preservar, mas buscar o equilíbrio nas atividades físicas.

Quem contou os detalhes da preparação foi exatamente quem a determina: o preparador físico Rogério Dias. Após o treinamento de sexta-feira, o profissional formado no clube elencou as razões para o desempenho em alto nível nas duas competições de fim de ano.

Rogerinho, como é conhecido, ainda detalhou o processo de preservação ou não dos atletas do Grêmio nesta reta final. Confira a exclusiva ao UOL Esporte:

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UOL Esporte: Número restrito de lesões no fim da temporada

Rogério Dias: A questão das lesões faz parte do trabalho multidisciplinar do clube. Todos os departamentos envolvidos no processo: fisiologia, fisioterapia, departamento médico e nutrição principalmente. O resultado que temos? Todos à disposição do corpo técnico. É um pouco de cada trabalho. Já é rotina fazer trabalhos com alguns jogadores chegando mais cedo para fazer trabalhos preventivos, alongamento, estabilização, acreditamos que isso tenha ajudado bastante para minimizar o risco das lesões já que são inevitáveis. Mas com certeza isso agregado à nutrição, fisioterapia e fisiologia nos ajuda bastante para chegar nesta condição nesta época do ano que é complicada em função do nosso calendário.

Como funciona a decisão de preservar atletas

Em cima das avaliações que rotineiramente o clube utiliza nos treinos e após os jogos, esperamos 24 ou 48 horas. E com base de marcadores bioquímicos e do feedback dos atletas sobre dor muscular, dor muscular tardia, fadigados ou não fadigados, em cima das queixas fizemos nosso relatório e repassamos ao corpo técnico, que toma uma decisão. É dar mais um dia de descanso a um ou outro atleta até que retoma os treinamentos.

Deixar de jogar também é perigoso por conta da perda de ritmo

Com certeza. Temos que procurar achar um ponto de equilíbrio. Os jogos em sequência com pouco tempo de recuperação vão trazer prejuízo e riscos, muito tempo sem jogar também acaba aumentando os riscos. Nosso desafio no gap (espaço) de 10 dias, na parada, é justamente fazer uma programação para termos tempo hábil para dar estímulo e prever o tempo de recuperação para cada estímulo. O desafio do treinamento é este. O estímulo adequado e programar o período de recuperação para este estímulo.

UOL Esporte: Preparação física com bola ou sem a bola

Rogério Dias: Normalmente procuramos trabalhar o mais integrado possível buscando a especificidade como se lê e fala tanto. Trabalhar com desenvolvimento físico integrado ao trabalho técnico e tático. Se nosso tempo é tão curto, não vejo como ter uma atividade isolada em um curto espaço de tempo. É claro que se faz trabalhos pré-treino que não é possível ver de fora, que os atletas chegam mais cedo, fazem trabalhos específicos em cima de déficit. Se trabalha lá dentro e depois se insere no processo técnico e tático.

Como foi possível trabalhar a parte física com jogos em seguida

Com muita conversa. Principalmente depois dos jogos mais desgastantes com exigência emocional e a tensão exige mais concentração. Muita conversa na concentração, isso é muito importante. Falamos durante o lanche, damos uma descontraída, tiramos um pouco a carga e a pressão do jogo. É o que tentaremos até o fim do ano para descarregar a pressão. Quando entra em campo o trabalho é duro. Mas precisamos também conversar outras coisas e relaxar um pouco.

UOL Esporte: Conhecimento do grupo como ajuda

Rogério Dias: O que ajuda muito é ganhar a confiança dos jogadores com teu trabalho. Isso é fundamental na preparação física. Confiarem e saberem que aquele esforço intenso, tem que ser chato, cobrar, mas eles sabem que isso é para se sentirem bem nos jogos. Temos 3 preparadores físicos aqui, todos formados na casa. O fundamental é terem a confiança na gente e vamos fazendo a programação progressiva de treinamento para eles atingirem os níveis ótimos para o futebol.