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Leilão do estádio do Canindé termina sem nenhum lance e deve ser remarcado

Dívidas da Portuguesa levaram o estádio do Canindé a leilão - Apu Gomes/Folhapress
Dívidas da Portuguesa levaram o estádio do Canindé a leilão Imagem: Apu Gomes/Folhapress

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

18/11/2016 14h40

O leilão do Canindé, estádio da Portuguesa na Zona Norte de São Paulo, terminou na tarde desta sexta-feira sem nenhum lance. Não houve interessados em fazer propostas pelo site e nem presencialmente. Agora, a situação da área de 42 mil metros quadrados segue indefinida, e um novo leilão com valor inicial mais baixo deve ser marcado. A área engloba metade do estádio da Portuguesa; a outra metade pertence à Prefeitura de São Paulo.

O lance inicial para o leilão era de R$ 74 milhões. O valor total da área foi avaliado pela Justiça em R$ 123 milhões. Na noite de quinta-feira (17), a Justiça negou um mandado de segurança impetrado pelo clube contra o leilão. O advogado Maurício Figueiredo Corrêa de Veiga alegava que o Canindé foi avaliado com um preço muito abaixo do real.

A Portuguesa afirma que a área vale R$ 360 milhões, valor constatado em uma avaliação contratada pelo clube. De acordo com o advogado, a negativa da suspensão do leilão significa que a Justiça do Trabalho não pode suspender os efeitos do leilão na hora em que os juízes forem julgar o mérito da questão.

Advogada diz que não houve acordo e relata perseguição

O Canindé foi levado a leilão para quitar dívidas trabalhistas da Portuguesa com ex-jogadores do clube e funcionários. Existe uma dívida de R$ 47 milhões com os ex-jogadores do clube Tiago de Moraes Barcellos e Ricardo Oliveira, entre outros, além de outras ações que estão em fase de execução.

A advogada Gislaine Nunes, que representa os jogadores no processo contra a Portuguesa, conta que vem sofrendo perseguição e ameaças desde que a Justiça decidiu leiloar o Canindé para pagar as dívidas trabalhistas. "Neste ano, já faz alguns meses, que os telefonemas e posts com ameaças começaram", diz a advogada. Por conta das ameaças, ela não acompanhou o leilão no fórum trabalhista da Zona Sul. 

"Tenho recebido ameaças de morte de gente que se diz ligada ao clube, de pessoas que dizem ser de diversas torcidas organizadas falando que eu quero acabar com a Portuguesa", diz a advogada. "Hoje até chorei por causa desse leilão, fico muito triste pela Lusa e que a situação tenha chegado a esse ponto".

Ela disse que ainda houve uma tentativa de negociação de última hora que não prosperou. "Um grupo de gente interessada em comprar a área do clube chegou a tentar negociar nos últimos dias, mas não houve acordo".

Leilão é desfecho de processo iniciado em 2002

A ação de Tiago tramita na Justiça do Trabalho desde 2002. Apesar de um acordo entre atleta e clube ter sido firmado em 2008, a Portuguesa pagou apenas metade da dívida, o que levou a ação novamente à vara de origem. A penhora do terreno pela Justiça Trabalhista impediu que o clube vendesse o estádio.

Ao todo, na Justiça do Trabalho, tramitam 248 processos contra o clube, o que pode fazer com que a dívida aumente com o tempo em decorrência da aplicação de juros e correção monetária. Quem adquirir o Canindé no leilão judicial fica isento de quitar tributos relativos à propriedade, como IPTU, débitos de água e de esgoto.