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Herói da Chape queria ser Romário e viu preconceito contra "goleiro baixo"

Goleiro Danilo é um dos destaques da Chapecoense, finalista da Sul-Americana - Enrique Marcarian/Reuters
Goleiro Danilo é um dos destaques da Chapecoense, finalista da Sul-Americana Imagem: Enrique Marcarian/Reuters

Do UOL, em São Paulo

24/11/2016 12h10

A inédita classificação da Chapecoense para uma final internacional teve em Danilo o principal personagem. Com uma defesa de pé no último lance da partida, o goleiro garantiu o empate por 0 a 0 com o San Lorenzo na última quarta-feira, em resultado que selou a vaga dos catarinenses para a decisão da Copa Sul-Americana – contra Atlético nacional ou Cerro Porteño.

Danilo despontou recentemente como um jogador de elite do futebol brasileiro. Nascido em Cianorte, no Paraná, o goleiro de 31 anos quis ser atacante na infância, com inspiração escancarada em Romário. Além disso, o herói da Chapecoense lidou com preconceito na profissão, por não ter estatura considerada padrão para atletas de sua posição.

Quando era criança, Danilo treinava como atacante numa escolinha de Cianorte, quando o professor orientou o garoto que admirava Romário a atuar como goleiro. O treinador em questão era Claudio Tencati, que anos mais tarde viraria técnico profissional e campeão paranaense com o Londrina em 2014.

Com 1,85 metro, Danilo diz ter enfrentado preconceito em sua caminhada no mundo do futebol, que privilegia goleiros mais altos. Em uma entrevista recente ao Esporte Interativo, o jogador da Chapecoense afirmou que precisou desenvolver outras técnicas para se sobressair na posição. O paranaense ainda revelou admiração pelo costa-riquenho Keylor Navas, atleta da mesma estatura.

"Na verdade, tive muito preconceito, sim. Os times grandes procuram goleiros maiores. Eu queria ser um pouco mais alto, não nego isso. Mas eu trabalho muito, me dedico muito. Um goleiro de média altura tem que ter muita força, ser arrojado e rápido. Um goleiro que me inspira hoje é o Navas, que tem a minha altura, é um dos melhores goleiros do mundo, do Real Madrid", declarou.

Desde 2013 na Chapecoense, Danilo começou no Cianorte e passou por uma série de equipes pequenas do Paraná, até receber uma oportunidade do Londrina, em 2011. Nesta temporada, o jogador chegou a interessar ao Sport, mas as sondagens não avançaram.

Na Copa Sul-Americana, o goleiro já havia brilhado nas oitavas de final, quando defendeu quatro pênaltis na disputa com o Independiente, da Argentina. Já na última quarta, a atuação contra o San Lorenzo reforçou a reputação de herói.

"Herói, não. Ninguém vence uma guerra sozinho. Ia ser injusto se nosso time tivesse tomado gol no último minuto pela partida que fez nos dois jogos. Estão todos de parabéns. A união do grupo mostrou mais uma vez que vence", afirmou Danilo em entrevista ao Fox Sports em campo.

"É possível. Ninguém acreditava que a gente ia chegar à final, e nós chegamos. Tudo pode acontecer. Temos o sonho de ser campeão, jogar a Libertadores pela Chapecoense, e vamos lutar o máximo, dar a vida por essa final", concluiu o goleiro.