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Indiozinho mascote da Chape vai a homenagens e entende tragédia aos poucos

Carlos Miguel, 5 anos, costumava entrar em campo ao lado dos jogadores da Chape - Felipe Vita/UOL
Carlos Miguel, 5 anos, costumava entrar em campo ao lado dos jogadores da Chape Imagem: Felipe Vita/UOL

Bruno Freitas, Felipe Vita e Luiza Oliveira

Do UOL, em Chapecó (SC)

30/11/2016 06h00

A cabeça do menino Carlos Miguel Garcia teve dificuldades para processar a terça-feira de luto em Chapecó. Vestido de verde e exibindo um cocar enfeitado, o pequeno mascote de 5 anos contou com ajuda do pai para entender a tragédia que abateu o clube de coração. Os jogadores com quem costumavam entrar em campo não voltarão mais para o gramado da Arena Condá, no mesmo local onde o torcedor conciliava brincadeiras e perguntas sobre o acidente do time na Colômbia.

Em meio a homenagens no estádio da Chapecoense, em memória dos mortos no acidente em Medellín, Carlos Miguel corria pelo campo e perguntava ao pai “qual dos seus amigos tinha morrido”.

“Por enquanto ele não tem muita noção do que está acontecendo. Me perguntou se um amigo dele tinha morrido, um diretor chamado Gélson. Eu levei ele até o Gélson e falei: ‘viu, ele não morreu’. Quando os corpos chegarem acho que ele vai começar a ter noção”, afirmou Alessandro Garcia, pai do mascote da Chapecoense.

Indiozinho e pai - Bruno Freitas/UOL - Bruno Freitas/UOL
Para Alessandro Garcia, Carlos Miguel só compreenderá tragédia quando corpos da delegação chegarem a Chapecó
Imagem: Bruno Freitas/UOL
Segundo o pai, Carlos Miguel é fanático pela Chapecoense desde os 3 anos de idade. Nos últimos tempos, o garoto cumpre o papel que muitas crianças de Chapecó gostariam, principalmente na fase de destaque do time em cenário nacional e continental. O filho de Alessandro vinha entrando em campo em todos os jogos da equipe, menos na Sul-Americana, por causa do regulamento da competição.

Além da tarefa de conscientizar o filho sobre a tragédia área na Colômbia, Alessandro passou parte da tarde de terça-feira observando o gramado da Arena Condá, de forma contemplativa. Assim como muitos torcedores, que viam o time quase como uma extensão familiar, o pai do pequeno mascote dizia não acreditar estar vivendo este luto.

“É muito complicado. Ontem (segunda-feira) mesmo, antes da viagem, a gente estava aqui brincando com eles. Brinquei com um, com outro. Era um momento ótimo do time, era o segundo time de todo brasileiro na Sul-Americana. Uma tragédia”, disse o torcedor.

A delegação da Chapecoense sofreu um acidente aéreo no final da noite de segunda (horário colombiano), quando chegava a Medellín, palco do jogo de ida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional. Segundo as autoridades locais, 71 pessoas morreram na tragédia, entre jogadores, comissão técnica, diretoria e jornalistas. Três atletas sobreviveram e estão sob cuidados médicos (o zagueiro Neto, o lateral Alan Ruschel e o goleiro Jackson Follmann).