Topo

Repórter da Fox ajudava cinegrafista contra medo de avião: "isso não cai"

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/12/2016 06h00

Victorino Chermont embarcou no início da noite de segunda-feira (28) para mais uma das centenas de coberturas que se acostumou a fazer pelo mundo. A viagem de avião era motivo de tranquilidade para o repórter da Fox Sports que ajudava até mesmo colegas com problemas para encarar as poltronas cruzando os céus.

Era o caso de Rogério Siciliano. Parceiro de Chermont, o ex-cinegrafista da Fox não conseguia encarar um avião com a mesma serenidade do amigo.

“Eu não consigo acreditar, não pode ser. O cara que mais deu força nessa luta contra os aviões perdeu a vida justamente em um voo. É muito difícil”, contou Rogério, ainda abalado com a queda do avião que levava a delegação da Chapecoense, dirigentes e jornalista para a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, em Medellín, na Colômbia.

Bem-humorado, Victorino brincava com Rogério e insistia para que o medo de aviões não limitasse os deslocamentos do cinegrafista.

“A memória fica viva na minha cabeça. Ele sempre falava: ‘Rogério, você mora em Madureira [subúrbio do Rio de Janeiro], está acostumado com tiro e um monte de coisa pesada. Vai ter medo de avião? Não pode. Essa p... não cai, isso não cai. Confia em mim’. Ele dizia para voar com ele, para acompanha-lo nas pautas”, relembrou Siciliano.

E a única viagem do cinegrafista pela Fox foi justamente com o amigo falecido na última segunda. Os dois foram a São Paulo, em 2013, acompanhar os desdobramentos do caso envolvendo torcedores de Corinthians no caso da violência em Oruro (Bolívia) - jogo contra o San Jose pela Copa Libertadores.

“Ele insistiu, eu fui. Pegou na minha mão e tudo. Mas não aguentei. Me senti mal quando cheguei lá. Ele brincava: ‘Que isso? Está parecendo uma dama. Cadê aquele cara de Madureira, sério, cheio de personalidade?’ Na volta, ele veio para o Rio de avião e eu peguei um ônibus”.

Mas Victorino não tratava o medo do amigo apenas de maneira extrovertida. “Ele era um grande cara. Pensou até em arranjar uma psicóloga amiga dele para me ajudar. Mas é impossível. Agora mesmo que não entro mais em um avião”, finalizou o cinegrafista.

Pescaria em Búzios

Com medo das máquinas que cruzam os céus, Rogério curte mesmo é o mar. Fã de pescaria, lamenta não levar o agora antigo companheiro para o programa que tanto combinaram.

“Eu tenho medo dessas coisas, respeito mesmo é a natureza. E estou ainda pior porque meu irmão ia pescar comigo. Vitu sempre falava das minhas pescarias e queria dar um pulo comigo em Búzios [litoral do Rio], junto com o filho, para pescar. O tal do avião não deixou. Não consigo acreditar”, finalizou, às lágrimas, o emocionado Rogério.