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Velório terá mil jornalistas, estoque de flores e carros funerários de fora

Caixões dos atletas da Chapecoense, em Medellin na Colômbia - Xinhua/Juan Antonio Sánchez/Fotoarena/ZUMAPRESS
Caixões dos atletas da Chapecoense, em Medellin na Colômbia Imagem: Xinhua/Juan Antonio Sánchez/Fotoarena/ZUMAPRESS

Bruno Freitas, Danilo Lavieri e Luiza Oliveira

Do UOL, em Chapecó-SC

02/12/2016 02h19

O velório das vítimas do acidente aéreo na Colômbia vai parar Chapecó. A cerimônia fúnebre será a maior operação da história da cidade e terá grandes proporções.

Cerca de mil jornalistas de todas as partes do mundo estão credenciados para fazer a cobertura e personalidades como o presidente da República Michel Temer e o presidente da Fifa, Gianni Infantino, são esperadas. A cidade também já está toda mobilizada e se prepara para que não faltem flores e até carros funerários, que devem vir de outras localidades.

A comoção em Chapecó é tão grande que são esperadas cerca de 100 mil pessoas nos arredores da Arena Condá na manhã de sábado, o que representa mais da metade da população local. Cerca de 20 mil terão acesso à parte interna do estádio.
 
Apenas para a cobertura do evento, mais de 900 jornalistas já estão credenciados. E o número deve chegar a mil até o fim de semana. Eles vêm de todas as partes do mundo e representam 14 países como China, Arábia, França, Espanha, México e Argentina.
 
Além das emissoras locais e dos principais veículos do Brasil, já estão em Chapecó profissionais que estão trabalhando para a CNN, Al Jazeera, Rádio Caracol da Colômbia, jornais argentinos, além das principais agências de notícias internacionais.
 
Prova da proporção da fatalidade é que personalidades mundiais devem estar presentes no sábado. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, confirmou a sua vinda. O técnico da seleção brasileira Tite também deve participar da cerimônia.  Há ainda a expectativa de que o presidente da República Michel Temer e o presidente da Colômbia Juan Manuel Santos compareçam.
 
Na cidade, os serviços funerários já estão trabalhando em esquema de força tarefa. A funerária Stumer, por exemplo, não tem veículos suficientes para atender a toda a demanda das seguradoras que precisam de carros para levarem os corpos do estádio ao cemitério.
 
Por isso, vai pedir reforço nas localidades próximas. “Nós temos sete carros. Para atender a todos, seriam necessários cerca de 30. Estamos pedindo de outras áreas”, conta a assistente social do local, Suzi Stumer.
 
Outras preocupações são com as flores para que sejam confeccionadas todas as coroas que são feitas em três tamanhos: P, M e G. As mais pedidas são flores do campo, lírios e rosas. “Estão faltando flores. Estamos em contato com os nossos floristas. A demanda está 50 vezes maior”, disse Suzi.
 
A Floricultura Aquarela ainda tem uma boa reserva de flores por conta de seus fornecedores, mas a proprietária está preocupada com a demanda excessiva. Josélia Fim disse que foram pedidos dezenas de orçamentos na última quinta-feira e a casa tem estrutura para confeccionar apenas oito coroas em um dia.
 
Na cidade, para dar conta de toda a operação, foi criado um Comitê de Trabalho em uma parceria da Chapecoense com a prefeitura municipal e o governo do Estado. Cerca de mil profissionais das Polícias Militar, Civil e Federal, Corpo de Bombeiros, Exército, Guarda Municipal e Força Nacional estarão trabalhando para garantir o bom andamento do cortejo e a segurança da população e de todos os envolvidos no velório.
 
“É uma das maiores operações da cidade. Serão 20 mil pessoas dentro do estádio e 100 mil no total. Teremos telões na área externa para as pessoas acompanharem. É muito doloroso, mas Chapecó vai dar conta, vamos conseguir nos reerguer”, conta o vice-prefeito eleito da cidade, Elio Francisco Cella que tem participado das reuniões.
 

Cortejo e velório

 
Os últimos dias têm sido de encontros constantes para organizar toda a parte logística do cortejo e do velório. Os corpos vão chegar na cidade entre 0h e 6h de sábado. A expectativa é que o presidente Michel Temer esteja presente no aeroporto para realizar um ato cívico e diplomático de recebimento dos corpos.
 
Em seguida, os corpos sairão em três caminhões abertos e plotados com homenagens da Chapecoense e farão um cortejo pela cidade. Já foram estudadas três rotas que podem ser seguidas para que mais pessoas da cidade possam acompanhar o cortejo.
 
Na Arena Condá, os caixões ficarão enfileirados embaixo de tendas. Apenas os parentes mais próximos poderão ficar no local e serão identificados com uma credencial. A ideia é que por 45 min o acesso seja restrito para que os entes queridos tenham privacidade.
 
A cerimônia não deve demorar muito mais que 2h. A expectativa é que 51 corpos sejam velados na Arena Condá antes de serem enterrados na cidade ou levados a outras localidades. Algumas famílias já confirmaram que os corpos irão direto para suas cidades de origem. É o caso do técnico Caio Júnior e dos jornalistas da TV Globo e do Fox Sports.