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"Começou a vibrar, mas achei que estivesse pousando", diz tripulante ferido

Do UOL, em São Paulo

04/12/2016 23h03

Um dos seis sobreviventes da tragédia envolvendo o avião da Chapeconese, o técnico de voo Erwin Tumiri disse não ter percebido o momento da queda. Em entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo, o boliviano contou que sentiu uma vibração antes do choque, mas pensou que a aeronave estava pousando.

“Eu estava falando com o técnico, que estava me ensinando português. Quando disseram ‘Afivelem os cintos’, todo mundo voltou à sua poltrona. Apagaram as luzes, começou a vibrar e achei que estivéssemos pousando. Achei que era isso, mas não foi. Apenas ouvi isso e não lembro de mais nada. Depois me levantei no chão”, disse Erwin (veja acima os últimos momentos do voo em vídeo da aeronáutica colombiana).

O técnico de voo saiu do acidente com poucas complicações e já retornou à Bolívia, onde conversou com a equipe de reportagem da Globo. Ele explicou que quando se deu conta do acidente, preocupou-se em prestar socorro à colega Ximena Suárez, que estava ferida ao seu lado.

“No momento era como um pesadelo. O que eu fiz foi pegar minha lanterna e iluminar e gritar socorro. Comecei a piscar a lanterna para que me vissem. Ximena estava a cinco metros de mim. Eu estava com o rosto no chão. Aí eu levantei assustado e corri em direção a ela. Eu vi um avião decolando e tentei ir na direção do aeroporto”, disse Erwin.

Plano de voo previa parada para reabastecimento e não foi respeitado

Como técnico de voo Erwin era responsável por, entre outras coisas, o abastecimento da aeronave. Ele contou que havia uma previsão de parada para reabastecimento em Cobijo, como era praxe em voos da Lamia. Antes de embarcar, no entanto, ele soube que voariam direto para Medellín.

“Nós como técnicos fazemos o pré voo. Temos uma lista de checagem do que é preciso fazer. Eu fiz o relatório de que íamos até Cobija. No momento da decolagem eu voltei a perguntar: ‘Vamos até Cobija?’ ‘Vamos até Medellín’, ele [piloto Miguel Quiroga] me disse”, disse Erwin, que evitou atacar a empresa.

“Eu acho que pode não ter sido uma boa ideia do piloto ter tomado essa decisão ou da pessoa responsável por isso”, disse ele, apontando, no entanto, que a centralização das decisões pode ser prejudicial. “As coisas são na base do ‘é assim que tem de ser’. Que essas decisões não sejam tomadas de maneira tão individual. Acho que a tripulação teria de saber. Teria de ser tudo dividido”, disse Erwin.