Topo

Recorde pessoal, fidelidade e time com alma: os desafios de Abel no Flu

Técnico Abel Braga volta para a terceira passagem pelo Fluminense - NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.
Técnico Abel Braga volta para a terceira passagem pelo Fluminense Imagem: NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

04/12/2016 06h00

Abel Braga chegou ao Fluminense na última sexta-feira, quando foi apresentado pelo presidente Pedro Abad e pelo ex-presidente Peter Siemsen. Nas duas primeiras passagens pelas Laranjeiras, o treinador tinha à disposição um elenco recheado de craques, como Fred, Deco e Felipe, por exemplo. A situação é completamente diferente agora, quando terá que lidar com um grupo sem medalhões.

Os desafios de Abel são se resumem apenas à qualidade dos atletas, mas também com relação a postura, como o próprio declarou em coletiva. O treinador acompanhou os jogos do Tricolor na atual temporada e não gostou do que viu.

“Venho buscar uma cara, o time de hoje não tem. Até 2012 existia. Acima de tudo é preciso ter alma, e estamos longe disso. Já fica o aviso. Vai ter que noção do escudo que carrega no peito”, disse Abel Braga com semblante fechado.

Abel Braga não dará nenhum treinamento ou estará no jogo contra o Inter. Seu trabalho em campo começará no primeiro treinamento de 2017.

Contratado pelo Fluminense para ser o treinador pelos próximos dois anos, Abel Braga sabe como o futebol funciona. Mais uma vez, revelou na entrevista uma conversa que teve com a nova diretoria nos bastidores. Pediu fidelidade. Isso foi um claro recado à demissão de 2013, quando foi desligado após uma série de cinco derrotas.

O próprio Peter Siemsen revelou em entrevista ao UOL Esporte que o episódio foi um dos momentos negativos das suas duas gestões. Na última sexta-feira ele voltou a expressar esse sentimento. Desta vez na frente de Abel Braga.

“Peter não precisava lembrar de 2013. Mas o clube é diferente. A direção não precisa me prometer reforços. O que mais quero, a fidelidade, eles já me prometeram. A promessa que fiz é de resgatar a imagem de campo. Não importa os nomes. Tem de pensar no número ideal de jogadores para fazer isso”, explicou o treinador.

Por último, Abel Braga, de maneira descontraída, deixou claro que tem como objetivo roubar a segunda colocação do ranking de treinadores que mais jogos estiveram à frente do Fluminense. Atualmente ele é o terceiro da lista, atrás de Zezé Moreira, com 474 jogos, e do uruguaio Ondino Vieira, com 300. Já Abelão tem 219.

“Treinador não joga, dirigente não joga. Vamos procurar dar a equipe as condições de jogo. Aquilo que a gente quer. Peter estruturou o clube, Pedro vai dar continuidade. Existem coisas de serem resolvidas. A gente vai ter de virar a situação do time. Nas duas vezes anteriores, a situação não era fácil. Estou perdendo o posto de segundo maior treinador para um uruguaio. Acho que faltam 80 jogos. Presidente, preciso disso. Não me manda embora antes” cobrou de maneira jocosa Abel Braga, elogiado por Abad em seguida.