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Uma semana depois, colombianos colocaram cruz e flores no local de acidente

Colombianos colocaram cruz, flores e velas junto aos destroços do avião que levava a Chapecoense - Felipe Pereira - Felipe Pereira
Imagem: Felipe Pereira

Felipe Pereira

Do UOL, em Medellín (Colômbia)

06/12/2016 06h00

Um morador dos pueblos próximos do morro onde caiu o avião da Chapecoense colocou uma cruz junto à asa da aeronave. A homenagem se multiplicou e uma semana depois da tragédia o número de cruz chega a 10. Os colombianos também depositaram flores, velas e água benta no local.

Uma cruz foi fincada em homenagem aos 20 jornalistas mortos no acidente. Ela se diferencia porque há um cabo de microfone enrolado nela. O acesso ao local dos destroços é restrito. A Polícia Nacional ordenou o isolamento da área e marcou o perímetro proibido com faixas amarelas.

Destacou uma série de soldados para impedir a aproximação de estranhos. Mas se a pessoa estiver com algum objeto para homenagear as vítimas, uma breve entrada é autorizada pelos militares que cuidam do local.

O respeito mostrado pelos integrantes da Polícia Nacional é grande. Eles tiveram a iniciativa de colocar ao pé de cada cruz pôsteres com as fotos dos jogadores. As imagens estavam espalhadas nas imediações do desastre e são acompanhada dos nomes dos atletas e uma mensagem de incentivo para a final.

Os soldados acreditam que seriam fixadas na parede do vestiário como forma de incentivo. Entre tantos rostos, é possível reconhecer Thiego, Bruno Rangel, Marcelo, Matheus Biteco, Dener e Alan Ruschel.

O morro que fica no Pueblo de La Union virou uma espécie de cemitério dos destroços do avião. A cauda está no topo do morro, quase intacta. O resto do corpo da aeronave virou pedaços espalhados na descida forte e enlameada. Mas a posição da asa, que não ficou destruída, revela que o jato está de cabeça para baixo.

No entorno, existem vestígios do trabalho dos socorristas como luvas e máscaras cirúrgicas. Um pouco mais afastado, há um amontoado de marmitas de isopor, talheres de plástico e garrafas d’água. Os militares explicam que são das refeições feitas por bombeiros uma semana atrás. O material foi reunido e será removido.

Povo de fé, os colombianos não se limitaram a cruz. No sábado, houve uma missa e cerca de 150 pessoas participaram. No dia seguinte, um padre foi até o local e coordenou uma oração. Enquanto todos rezavam, os aviões que fazem a aproximação para o aeroporto de Medellín sobrevoavam o local. Eles passam tão baixo que o barulhos dos motores chega forte aos ouvidos

Mas eles não chamam a atenção dos moradores do pueblos próximos. Já a presença de um avião caído despertou a curiosidade. Os militares contam que a cada dia cerca de cem pessoas aparecem no lugar para ver a aeronave. O movimento aumenta no final da tarde, quando os adultos saíram do trabalho e as crianças estão livres da escola.

Dora Ramirez, 46 anos, chegou a levar um binóculo para enxergar com mais detalhes a cena da queda. Ela afirma que está muito triste com o que aconteceu, mas admite que a curiosidade pesou bastante na decisão de ir ao local.

“Tinha curiosidade porque queria ver qual foi a realidade. Trouxe o binóculo para olhar melhor, mas só vi ferro e ruínas”.