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Flamengo reduz 90% das ações e já debate saída do Ato Trabalhista

O presidente Eduardo Bandeira de Mello comanda a diretoria do Flamengo - Júlio César Guimarães/ UOL
O presidente Eduardo Bandeira de Mello comanda a diretoria do Flamengo Imagem: Júlio César Guimarães/ UOL

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

03/01/2017 06h00

O Flamengo iniciou 2017 com uma meta ousada, mas possível de ser alcançada pelo histórico dos últimos anos. O clube fechou 2016 com redução de quase 90% nas ações trabalhistas. Eram mais de 500 em janeiro de 2013. Atualmente, são cerca de 60 em curso. A curva descendente faz a diretoria iniciar o debate sobre uma possível saída do Ato Trabalhista.

No acordo firmado pelo Rubro-negro, 15% das receitas - patrocínio, cota de TV, bilheteria, etc - são centralizadas em uma conta judicial para pagamentos aos credores. No entanto, a considerável resolução dos casos coloca em análise a necessidade da manutenção.

Em 2013, o Flamengo lidou com uma média de 100 novas ações. Em 2014 e 2015, foram 50 processos novos a cada ano. Já 2016 encerrou com 26 novas ações - redução de aproximadamente 50% em relação aos dois anos anteriores. Foram mais de 160 acordos desde janeiro de 2013 com jogadores, ex-atletas e demais funcionários. Aproximadamente R$ 78 milhões foram pagos pelo clube com dinheiro oriundo do Ato Trabalhista.

“A ideia é manter esse índice baixo de ações e caminhar para um número entre 20 e 30 em curso. É algo natural ao longo do tempo quando o empregador cumpre as regras. O Flamengo paga tudo de forma correta desde 2013 e chega em um momento de excelência na gestão. Isso nos permite reavaliar ao longo de 2017 a necessidade de manutenção no Ato Trabalhista, principalmente em razão do dinheiro que fica preso na conta sem utilização”, afirmou o diretor jurídico Bernardo Accioly.

“O Flamengo mantém o controle semanal do Ato e tem um saldo absolutamente positivo. Não existe mais fila. Já pegamos 70 processos na fila em 2013. Hoje, temos o saldo, firmamos o acordo e pagamos. Os reclamantes não esperam para receber. Antigamente, existia o acordo, mas não o dinheiro. Agora é o inverso. Se o Flamengo avaliar que a quantidade de pagamentos não é suficiente para alcançar os valores depositados no Ato, não fará sentido manter a conta parada. O dinheiro pode ser utilizado em outras frentes. Salários, tributos, despesas. É uma análise inicial e que será observada ao longo do ano”, completou o executivo.

Dívida com Romário faz parte do passado

Dos muitos acordos que o Flamengo firmou em 2016, dois deles são significativos pela relevância dos nomes envolvidos e o impacto nas finanças do clube. Com Ronaldinho Gaúcho, um termo de conciliação para o pagamento de R$ 17 milhões. Já com Romário, o fim de um imbróglio de 20 anos, conforme o UOL Esporte publicou no último sábado.

O Baixinho ainda tinha a receber cerca de R$ 18 milhões parcelados até 2022. O valor era corrigido a cada 12 meses. As últimas parcelas mensais estavam em R$ 190 mil. Para liquidar a fatura, as partes decidiram trazer a valor presente a dívida total. Sem as correções, o atual senador ainda receberia em torno de R$ 12 milhões do Flamengo.

Durante as conversas, Romário deu 50% de desconto e o Rubro-negro quitou de uma só vez cerca de R$ 6 milhões para colocar fim ao antigo impasse. O Flamengo também pagou em 2015 uma dívida de R$ 4,2 milhões com o atual senador. O débito, neste caso, era por conta de encargos não recolhidos entre 1995 e 1999.