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Algoz da Chape era fã de Bruno Rangel e recorreu a psicólogo antes de jogo

Atacante do Nova Iguaçu, Nathan celebra boa atuação contra a Chapecoense na Copinha - Luiza Oliveira/UOL
Atacante do Nova Iguaçu, Nathan celebra boa atuação contra a Chapecoense na Copinha Imagem: Luiza Oliveira/UOL

Luiza Oliveira

Do UOL, em Porto Feliz (SP)

04/01/2017 07h40

Nathan foi o algoz da Chapecoense no primeiro jogo do time catarinense após o acidente que vitimou sua equipe profissional em novembro de 2016. O atacante do Nova Iguaçu marcou dois gols e decretou a derrota dos rivais na estreia da Copa São Paulo - mesmo com a torcida toda contrária, aos gritos de ‘Vamos, Chape’. O que poucos sabem é que ele era um grande fã de Bruno Rangel e precisou até de um trabalho psicológico para entrar em campo.

O atacante foi um dos milhares de brasileiros que ficaram muito abalados com o acidente aéreo que vitimou fatalmente 71 pessoas. Entre elas estava Bruno Rangel, um de seus maiores ídolos. Nathan admirava os feitos do atacante que se tornou o maior artilheiro da história da Chape com 81 gols em 169 jogos.

“Acompanhei sim tudo, eu admirava todos os jogadores. Inclusive o Bruno Rangel, era fãzaço dele. Fiquei muito triste pelo que aconteceu, tenho enorme respeito pela equipe deles”, disse após a partida.

Nathan recorreu a um psicólogo para assimilar todo o episódio. Ele conta que o elenco do Nova Iguaçu assistiu a palestras e teve contato com profissionais da área para encarar a carga emocional que seria jogar contra a Chapecoense no primeiro jogo do rival depois do acidente. Outra preocupação era lidar com a torcida que estaria toda a favor do time catarinense.

“A gente teve todo um trabalho psicológico, inclusive antes de vir para o jogo tivemos uma palestra com psicólogo para não nos abatermos, não ficar pensando em torcida, porque a gente sabia que a torcida viria a favor deles. O trabalho foi bom, foi excelente, tenho só a agradecer ao Nova Iguaçu pelo trabalho que fez”, disse. “A palestra foi mais voltada ao fato de enfrentar a equipe deles. Que a gente não se abatesse, esquecesse os problemas e focasse nos três pontos”.

Nathan atingiu a principal meta de focar apenas no jogo. Mais que isso, usou a torcida contrária como motivação e deu certo. Prova disso é que ele entrou no intervalo do jogo e marcou dois gols na etapa final, aos 15 min e aos 32 min, para selar o resultado.

O atacante de 17 anos não conteve a felicidade de ser decisivo em um jogo cheio de holofotes e com atenção de muitos profissionais da imprensa. “Eu vejo pelo lado bom, estava todo mundo em cima, com a torcida a favor deles gritando ‘Vamo, vamo Chape’. Eu usei isso como inspiração mesmo. Não fiquei chateado não (pela torcida contrária), até porque a gente já sabia que a torcida viria torcendo para eles, sabia que a casa estaria cheia. Usei isso como motivação”, disse.

Depois de conceder dezenas de entrevistas com o sorriso no rosto pelo bom trabalho, Nathan foi mais longe. Já revela o sonho de defender a seleção brasileira e acredita que o desempenho na partida pode ajudá-lo a alavancar a carreira. “É diferente, até porque nunca tinha jogado assim, é a primeira vez. É uma sensação boa. Pode ajudar, com certeza pode ser positivo lá na frente”.