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Ídolo da Fiel, Tupãzinho vai dirigir time na segunda divisão no Paraná

Tupãzinho - Orlando Gonzalez/Grêmio Maringá - Orlando Gonzalez/Grêmio Maringá
Imagem: Orlando Gonzalez/Grêmio Maringá

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL, em Curitiba

06/01/2017 04h00

A partir de março, o Talismã da Fiel irá tentar novo desafio na carreira. Pedro Francisco Garcia, o Tupãzinho, treinará o Grêmio Maringá na segunda divisão do Paraná. A terceira maior cidade do Estado com 400 mil habitantes terá dois clubes na competição. 

O Grêmio Maringá será o quarto time da carreira de treinador do ex-atacante, que se tornou nacionalmente conhecido vestindo a camisa do Corinthians. A região é conhecida por ter grande torcida de clubes paulistas, em detrimento aos grandes do Paraná. O Corinthians é o predileto na cidade.

"Tem bastante corintiano lá. Eu conheço por cima, já fui na Gaviões de lá, é uma cidade boa para se viver. O Grêmio tem uma torcida fanática como a do Corinthians, vamos contar com o apoio deles e de quem gosta de futebol". Tupãzinho dirigiu antes as equipes do VOCEM de Assis, Grêmio Prudente e Tupã, de sua cidade natal, pelo qual conseguiu o acesso da Segunda Divisão para a Série A-3 paulista em 2013.

Será a terceira tentativa do Maringá em vincular o clube ao futebol de São Paulo. Antes, o ex-atacante Muller e o ex-goleiro Valdir Peres passaram pelo comando técnico do clube, nenhum com vida longa. “Meu então sócio José Guisi foi procurado por empresários, e com o Muller tentaram tirar o clube de mim. Mandei o Muller embora e desfiz a sociedade. E trouxe o Valdir Peres, mas não tinha apoio político na cidade. Foi sempre um grande problema para mim”, afirmou o presidente do clube, Aurélio Almeida.

Tupãzinho espera não repetir a história dos ídolos de São Paulo, Corinthians e Palmeiras. “Tenho amizade com o Muller. O meu compromisso com o Aurélio é de longo prazo. Não adianta me mandar embora em dois, três meses. Não sei o que aconteceu com eles, mas eu pedi pelo menos um tempo ao presidente".

Reforços devem vir de São Paulo

Tupãzinho deve buscar reforços no futebol paulista para buscar o objetivo número um: conseguir o acesso para a primeira divisão do Paraná. No segundo semestre, o clube jogará a Taça FPF, que dá vaga na Série D nacional.

“Temos vários contatos em São Paulo e no Paraná. A maioria vai ser de jogadores que disputaram a [Série] B, a A3 aqui em São Paulo. Estamos em busca”, afirmou Tupãzinho, “Tem que ter um time à altura do campeonato. Dizem que o Paranaense é fácil, mas é competitivo, de pegada. O Grêmio tem uma torcida exigente. De acordo com o que vamos ter, vamos montar a equipe".

Sabedor da fama que cerca o controverso presidente maringaense, Tupãzinho faz um alerta. "Tem que pagar o salário certinho. Jogador é o seguinte: com pagamento em dia, você consegue exigir. Se o cara não está recebendo, não tem jeito. Jogador tem família".

Empolgado, o ídolo corintiano citou as referências da carreira: "Gostava muito do Mário Sérgio, trabalhei com ele em 93, me apoiou muito no Corinthians. O Nelsinho Baptista também. Trabalhei com o Valdir Espinosa, Carlos Alberto Silva, Hélio dos Anjos, o Givanildo Oliveira...".

"O que ganha o jogo é a determinação, entrar focado, o dia a dia na semana, trabalhar com a mesma intenção. Sempre falo, não adianta querer dar 'migué' no treino que no jogo não vai render. Fui jogador por 20 anos, às vezes você está com problema fora de campo e isso acaba influenciando", argumentou. Para ele, é uma chance de buscar voos maiores e fazer um trabalho duradouro. “Estou indo para trabalhar, quero ficar dois anos e partir para outro lugar melhor depois".

Os muitos Grêmios de Maringá

Tupãzinho irá dirigir o Grêmio Maringá mais tradicional, dono de dois títulos estaduais e do Torneio dos Campeões da CBD de 1969, título nacional vencido após duas vitórias sobre o Sport Recife e um W.O. do Santos, que optou por uma excursão à Europa após duas partidas com o time paranaense, terminadas em empate. À época, a CBD decidiu boicotar a Libertadores, não indicando brasileiros para o torneio em 1970, o que desmotivou o Peixe a seguir na disputa do campeonato brasileiro, bem como o Botafogo, que se afastou antes de jogar.

Em 1999, o clube foi comprado pelo empresário Aurélio Almeida e acabou ganhando mais repercussão fora do campo do que dentro dele. Em paralelo, Maringá ainda teve outras três equipes no período: o Maringá FC e o Galo Maringá, depois Galo-ADAP, já extintos, e o Grêmio Metropolitano Maringá, vice-campeão estadual em 2014, rebaixado para a B local em 2016. Além destes, existiu ainda o Grêmio de Esportes Maringá, campeão paranaense em 1977 interrompendo uma sequência vitoriosa do Coritiba então hexacampeão.

Folclórico, Aurélio Almeida já teve outros clubes no Paraná, como o Império do Futebol. "O Onaireves [Moura, ex-presidente da FPF e deputado federal cassado em 1993] pediu para eu licenciar o Grêmio e assumir o Pinheirão. Queriam tentar o Galo-ADAP por aqui. Havia muita dívida trabalhista. Nunca saí com o Grêmio de Maringá. Infelizmente não tive apoio total e as dívidas vieram para o meu nome. São dívidas desde 1961", contou. Almeida se notabilizou por anunciar um amistoso do Grêmio Maringá com o Boca Juniors, da Argentina, em 2010, que nunca aconteceu.

No ano passado, Almeida vendeu o Grêmio ao empresário David Ferreira, que não teria cumprido com o acordo e foi acusado de falsificar documentos para manter a posse do clube, após pedido de reintegração do antigo dono. A Justiça deu ganho de causa a Aurélio Almeida, que é reconhecido pela FPF como o legítimo presidente. Apesar das muitas críticas, promete vida nova. "É normal, você vai no estádio em Curitiba e estão gritando contra o [Mário Celso] Petraglia. E ele fez muita coisa boa pelo Atlético. Eu tenho que tocar a vida, vão falar. Agora é um novo começo".