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Fundador assassinado era 'das brigas'. Agora, do Carnaval e apaziguador

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

03/03/2017 00h00

Moacir Bianchi, um dos fundadores da torcida Mancha Alviverde e assassinado na madrugada da última quinta-feira, era descrito como um apaziguador e ‘lenda’ da organizada mais popular do Palmeiras. Antigo dono de uma boate na capital paulista, ele possuía o respeito de diversas alas palmeirenses – pelas brigas do passado e ações aglutinadoras do presente -, segundo relatos de pessoas ouvidas pelo UOL Esporte.

Até mesmo rivais respeitavam e admiravam a personalidade de Bianchi, que transportou para os três filhos o carinho pelo Palmeiras. Apesar do trabalho no comando da boate, o fundador dedicava grande parte do tempo para cuidar dos interesses da Mancha Verde.

Desde a adolescência, passando pela maioridade e a meia-idade, a organizada e Bianchi se relacionavam. No passado, como na fatídica briga com são-paulinos no Estádio do Pacaembu, em 1995, ele não hesitava em usar a força física para defender a instituição que fundou. As brigas, no passado, eram comuns, e serviram para ascender a reputação pessoal dentro do grupo.

Atualmente, o direcionamento maior se encontrava na escola de samba. Bianchi gostava de expor os eventos na quadra, o desenvolvimento do trabalho para o Carnaval e até mesmo as fotos com as musas – como Viviane Araújo e a ex-Panicat Juju Salimeni, de quem se aproximou ao ponto de estar presente no casamento com o bodybuilder Felipe Franco.

Os relatos ouvidos pela reportagem tratam Bianchi como um cara apaziguador e ainda influente diante dos torcedores mais assíduos; não negava opinar quando consultado para decisões do grupo.

Na disputa da organizada com Paulo Nobre – o ex-presidente se desvencilhou da torcida -, o fundador entrou para resolver a relação; não adiantou, já que o antecessor de Maurício Galiotte rompeu de vez com o grupo.

Recentemente, Bianchi fez campanha para a eleição de Leila Pereira, proprietária da Crefisa/FAM, ao Conselho Deliberativo palmeirense; ele esteve presente, inclusive, no jantar responsável por alavancar a campanha da dona da principal patrocinadora palmeirense, que acabou eleita com sobras.

Amizade com o ‘eterno’ Cléo

Moacir Bianchi, o segundo fundador da Mancha assassinado, era um dos responsáveis por manter acesa as lembranças do primeiro, Cléo Sóstenes, morto em 1988 a tiros.

Nas redes sociais, fotos dos dois quando ainda adolescentes eram postadas. Os dois eram amigos próximos e, em confrontos físicos muitas vezes, foram responsáveis pelo início da popularidade do grupo entre palmeirenses.

Cléo tornou-se um símbolo dentro da Mancha, inclusive entre os membros mais jovens. Na final da Copa do Brasil de 2015, o mosaico preparado pela organizada juntava Fernando Prass, o troféu da Copa do Brasil e uma imagem do amigo de Bianchi assassinado na década de 1980.

Filho ‘pupilo’

O filho Diego Bianchi vivia uma das principais experiências da vida até receber a notícia do assassinato do pai, na última quinta-feira. Diego se encontra na Irlanda, onde faz intercâmbio.

Mesmo de longe, carregava a paixão pelo clube e o gene do pai para organizar um grupo. Em Dublin, fundou uma torcida destinada a apoiar o Palmeiras diretamente do Velho Continente.

No dia do título brasileiro, em meio à madrugada irlandesa, Diego e os amigos reuniram mais de 400 pessoas para assistirem ao confronto diante da Chapecoense.