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Bruno evita falar em arrependimento e pede "justiça a seu favor"

Do UOL, em São Paulo

15/03/2017 13h46

Depois do seu primeiro dia de treinamentos no Boa Esporte, o goleiro Bruno concedeu entrevista à “ESPN”, voltou a se esquivar sobre perguntas relacionadas ao assassinato de Eliza Samudio, sua ex-amante e mãe de seu filho. Ele evitou falar em arrependimento e disse não querer falar sobre o assunto para “preservar as pessoas próximas”.

Questionado se estava arrependido, o goleiro não quis falar diretamente sobre o tema. "O que passou, passou. Você tem que se arrepender das coisas do passado e abandonar o pecado. Tentar ser uma pessoa melhor. Não é porque está no fundo do poço que tem que ficar lá", afirmou.

Para ele, o sumiço de Eliza Samudio marcou sua carreira, mas é um assunto que prefere evitar. "Eu não quero tocar no assunto. É uma mancha na minha vida, mas tenho que lidar com isso. Tem pessoas capacitadas para isso. Eu não tenho que falar de processo, cadeia, eu tenho que pensar no (meu lado) pessoal. Evito porque só quero preservar quem está próximo de mim”, disse.

Na terça-feira, Bruno já havia evitado falar na entrevista coletiva sobre o crime e os desdobramentos jurídicos do caso. A direção do Boa Esporte também proibiu perguntas sobre o assunto, ameaçando encerrar a entrevista.

O goleiro foi condenado em primeira instância a 22 anos por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e cárcere privado no caso Eliza Samudio. O Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão assinada pelo ministro Marco Aurélio Mello no fim de fevereiro, concedeu habeas corpus a Bruno para que ele responda ao seu processo em liberdade. Ele estava em prisão preventiva desde 2010, e a continuação da cautelar foi considerada "injustificável" pelo juiz.

Bruno afirmou que já foi condenado pela justiça e defendeu o seu pedido de liberdade aceito pelo ministro do STF. "Como cumprir pena se eu sou um preso provisório?", disse ao ser questionado sobre a reação das pessoas contra sua soltura e sua contratação pelo Boa Esporte. "Eu penso assim, da mesma forma que a justiça foi feita contra mim, uma hora tem que ser feita a meu favor. Tem que ter mais sentimento. Falta amor para as pessoas. Amor é tudo, é Deus. Eu confio em Deus. Ele vai me colocar onde tiver que colocar. Deus está guiando meus passos. Eu sei que tem coisa boa no Boa e eu vou lutar como foi em toda minha vida, vou superar. Estou pronto para enfrentar", comentou.

Veja abaixo outros trechos da entrevista concedida nesta quarta-feira.

Bruno respondeu sobre "ser frio" em suas entrevistas:

"O goleiro, minha posição, é uma pessoa centrada, tem que ser frio. Às vezes estou treinando e focado meu trabalho e as pessoas tentam inverter a situação. Eu só estou focado no meu trabalho. O que as pessoas estão falando, elas vão falar".

O goleiro voltou a citar Edmundo

"Tem pessoas no meio do futebol, o Edmundo (matou três pessoas em um acidente de carro quando ainda era jogador), ele passou a carreira inteira superando. Eu não estou aqui falando que ele é culpado. A justiça vai julgar e se não julgar, é Deus. Ele superou e pego ele de exemplo. Pretendo transformar as críticas em coisas positivas para mim. Quando mais criticar, mais vou focar".

Oportunidade após sair da prisão

“A pessoa que sai como eu pede uma oportunidade para não se tornar bandido. Eu não sou bandido. Eu cometi um erro grave, mas isso passou, tem que pensar daqui pra frente, na oportunidade que está sendo dada a mim. Muitas pessoas ao meu redor sofreram, pessoas que eu não dava valor e agora estiveram comigo no momento mais difícil”.

Por que voltar ao futebol?

“Quando a pessoa é pública e cai em uma cadeia, quando ele sai de lá e é a única coisa que sabe fazer, vai querer fazer. A única coisa que sei na vida é jogar futebol e não posso jogar o sonho fora assim. Assim como o Boa teve coragem de enfrentar o mundo para poder ficar comigo, eu peço oportunidade para as pessoas. Eu não vou parar. Estou aqui, com contrato assinado. Eu vou. Eu tenho coragem”.

O goleiro disse que pensou em desistir 

"No mundo pessoas tentaram enterrar meu sonho. Num erro que talvez tenha cometido, ou não, mas as pessoas tentaram enterrar meu sonho. Eu joguei a toalha uma época, mas pessoas estavam próximas como minha esposa Ingrid nunca concordaram. Ela sempre me manteve de pé quando eu me encontrava no chão".