Topo

Como neta de Figer tem desbravado o mundo masculino dos agentes de futebol

Stephanie Figer é neta de Juan Figer e agora segue os passos do avô - Divulgação
Stephanie Figer é neta de Juan Figer e agora segue os passos do avô Imagem: Divulgação

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

23/03/2017 13h15

A cada dia as mulheres ocupam mais espaço no meio masculino do futebol, mas quando o assunto é gerenciamento de carreiras de atletas isso ainda é raro. Stephanie Figer vem quebrando essa barreira. Neta de Juan Figer, um dos agentes de futebol mais influentes da América do Sul, ela vem seguindo os passos do avô na carreira de empresária de futebol.

Stephanie tem apenas 27 anos, mas já trabalha há cinco anos com a área. Hoje, ela já se sente à vontade e segura de levar o legado do avô adiante. “Ao mesmo tempo em que é um privilégio, é uma responsabilidade. Eu tinha dois caminhos, ou sair ou dar continuidade”.

Stephanie assumiu diversas funções dentro da empresa e tem que fazer tudo que diz respeito a um empresário. A lista de atribuições é longa. Ela faz reuniões com diretoria de clubes, fica atenta as posições carentes das equipes e qual atleta pode ser oferecido, observa as necessidades dos atletas, dá conselhos aos jogadores, analisa contratos, negocia valores e por aí vai...

“Eu amo isso. Eu descobri que é paixão nisso: o business, o trabalho, os bastidores são coisas que me encantaram. Cada negociação é diferente da outra, em cada negociação aprendo alguma coisa”.

Stephanie Figer - Divulgação - Divulgação
Integrantes do grupo Figer com Juan Figer (de colete) e Stephanie Figer
Imagem: Divulgação

Stephanie foi inserida no meio do futebol desde pequena e cresceu entre diretores e atletas. Mas ela conta que não foi incentivada a amar o esporte. Não costumava frequentar jogos e não tinha um convívio próximo com a modalidade. Na adolescência, chegou a se formar em Comunicação e trabalhou em uma agência, mas logo percebeu que não era o seu caminho. Começou a se interessar pelos negócios da família e venceu a barreira inicial.

“Fui bem acolhida, recebida, mas percebi, principalmente do meu avô, um ar não de desconfiança, mas...será que vai sair alguma coisa dela? Qual é a dela? Aí comecei a me interessar pelos negócios, participar das reuniões. Falei para o meu avô: ‘eu tenho muito interesse, eu gosto’. Aí eu comecei a ter uma relação mais próxima com ele, como se ele fosse mentor. Ele me preparava para a reunião, me explicava as estratégias, dizia o que diretor do clube vai falar, qual a visão do jogador, se ele vai se dar bem na França ou na Alemanha, como se negocia, questões de salário, contrato...”.

Preocupação em como se vestir e o que falar

Um dos objetivos dela é desmitificar a ideia que o público ainda tem dos empresários de vê-los como ‘aproveitadores’ dos clubes. Ela entende que o intermediário é fundamental para entender o interesse dos dois lados e compara como um corretor de imóveis.

Stephanie, hoje, esbanja desenvoltura para lidar com cartolas, participar de reuniões, tomar decisões importantes e lidar com atletas e familiares. Sua tranquilidade também passa pela metodologia do grupo Figer em que tudo é sempre conversado e decidido em conjunto.

Mesmo respeitada, ela ainda acredita que deve tomar alguns cuidados por ser mulher e estar em minoria. Por isso, ela ainda se preocupa com o que vai vestir e até com o que vai falar.

“É um mundo muito masculino e tem uma linha muito tênue. Normalmente, eu sempre saio com uma roupa mais fechada, eu presto atenção ao que eu falo, às vezes sou expansiva demais. No telefone, é abraço, não beijo (para se despedir). Essas coisas influenciam na maneira como você é interpretada. Quando te olham, vão valorizar o que estão vendo: ‘Ah.. ela é bem informada sobre os jogadores do clube ou ficou quieta, ficou no celular e estava com uma minissaia'".

Mas o lado positivo é muito melhor do que as preocupações. Stephanie hoje frequenta a alta roda do futebol mundial com o avô. "Me sinto privilegiada. Hoje participo de várias reuniões com ele, tenho a oportunidade de viajar com ele, fazemos viagens inesquecíveis, assisto a um jogo da Champions com o presidente do clube em um camarote bacana, me reúno com gente importante, conheço ídolos do futebol. Eu viajei em um jatinho com o Pelé. Quem não gostaria?".