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Filho de executivos e primeiro colocado no vestibular: quem é Araruna

Araruna, do São Paulo - Érico Leonan / saopaulofc.net
Araruna, do São Paulo Imagem: Érico Leonan / saopaulofc.net

José Eduardo Martins

Do UOL, em São Paulo

28/03/2017 04h00

Um aluno nota 10, primeiro colocado no vestibular e estudante do último ano de administração na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado). Com esse currículo, qualquer jovem de 21 anos poderia concorrer a uma vaga em uma grande empresa e sonhar com um futuro promissor. Porém, Felipe Araruna Hoffmann tem projetos bem diferentes para a sua vida.

Filho de executivos bem-sucedidos, o garoto começou a destacar ainda cedo no futebol. Aos 12 anos, já integrava a base do São Paulo. Com a ajuda da família, aprendeu rápido a conciliar a vida de estudante com os trabalhos no futebol. Para ir treinar, a família o levava até o Morumbi. Lá, ele ia com o ônibus do clube até o CT de Cotia (Grande SP).

"Ele é um menino que teve o apoio da família, que deu as condições para ele poder ter um bom desenvolvimento dentro de campo e não se preocupar com nada, mas a postura dele como pessoa me chamou a atenção. Ele sempre foi um menino muito bem educado, prestativo e alegre. Isso sempre chamou a atenção e fazia ele se destacar no grupo. Sempre foi um menino muito positivo e centrado no que faz", disse Nelson Simões, ex-jogador e ex-treinador da base do São Paulo.

Quando chegou ao Tricolor, porém, nem todos acreditavam no potencial do jovem. "Quando ele foi selecionado, o Toninho, que era o treinador na época, falava que era uma aposta. É mérito do pessoal que selecionou o Araruna. Depois, o seu Toninho sempre falou dele, que iria um dia jogar no São Paulo, apesar de não ter o biotipo, de ser mais franzino no sub-14, e de não ser titular do sub-14", lembrou-se Nelson.

Com o passar do tempo, a aposta da base deu resultado. Mesmo assim, ele ainda teve de enfrentar a desconfiança de muitos. Boa parte dos torcedores acreditava que Banguelê deveria ser promovido ao profissional no início deste ano. Foi aí que entrou o olhar clínico de Rogério Ceni, que bancou a escolha de Araruna. O treinador do São Paulo se encantou com o meio campista.

Além de ser benquisto pelos companheiros e de ter uma boa formação cultural, Araruna sabe atuar em diversas funções no campo. Tanto que, quando necessário, pode ser deslocado outro setor. No caso da última partida do São Paulo, por exemplo, ele deixou o meio de campo para jogar na lateral direita. "Ele não tem um biotipo avantajado, mas o vejo como um menino que tem a boa movimentação, a marcação e a boa dinâmica", avaliou Nelson.

Também fora de campo, o jogador se mostra um jovem regrado e preocupado com o futuro. Sem um empresário, ele administro seu dia a dia e não comete excessos. A única dificuldade, parece ser conciliar o tempo para terminar o último ano de faculdade com o futebol. Mas a torcida e Rogério Ceni podem ficar tranquilos, porque o São Paulo é a prioridade.

"Agora ficou mais difícil de levar, mas tenho falado com professores e diretores para tentar alinhar e conciliar com o futebol. Tem um limite de presença que eu preciso ter. Espero conseguir tocar, mas o foco está no futebol. Na faculdade um outro vem falar sobre minha carreira, mas na hora de passar nas matérias não conta muito ser são-paulino", contou Araruna.