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Juiz não cita na súmula aviso de R. Caio e relata laser em direção a Cássio

Do UOL, em São Paulo

17/04/2017 10h21

O árbitro Luiz Flavio de Oliveira optou por não relatar na súmula o aviso de Rodrigo Caio durante o clássico São Paulo 0 x 2 Corinthians. O juiz havia advertido Jô com cartão amarelo, mas o zagueiro tricolor avisou Oliveira de que o corintiano não tinha pisado em Renan Ribeiro.

Na súmula, houve apenas um incidente. Luiz Flavio informou que a torcida do São Paulo apontou raio laser em direção aos olhos de Cássio.

“Informou que aos 29 minutos de jogo, houve uma ocorrência com laser, apontando para os olhos do goleiro Cássio Ramos, do Corinthians, sendo resolvido no mesmo momento”.

Caio é elogiado por avisar arbitragem

Aos 39 minutos do primeiro tempo, Rodrigo Caio assumiu ter sido o responsável pelo toque na coxa do goleiro Renan Ribeiro e livrou o rival Jô de um cartão amarelo que o tiraria do jogo de volta. A atitude do zagueiro foi amplamente debatida e recebeu muitos elogios.

O primeiro foi justamente o atacante do Timão, autor do primeiro gol neste domingo. “Parabéns ao Rodrigo Caio que teve atitude de homem, o futebol precisa disso. É uma amostra de que o futebol está mudando, que dá para ser honesto. Eu fiquei tranquilo porque sabia que não tinha pegado no Renan, mas ainda bem que o Rodrigo teve a honra de admitir”, elogiou, em sintonia com o técnico Fábio Carille.

“Que legal essa postura do Rodrigo Caio. Com cada um procurando ver o seu lado hoje em dia, é sempre bom ver uma atitude como essa. Pode ter certeza que no domingo eu vou procurá-lo para dar um abraço nele. O futebol precisa disso. Não adianta ser malandro, a malandragem não ajuda”, disse o treinador do Corinthians em entrevista coletiva. "É uma coisa tão rara hoje em dia... Ele merece ser premiado pela sinceridade, é o tipo de coisa que a gente quer ver no futebol", exaltou Rodriguinho, autor do segundo gol alvinegro no clássico.

"Fiz apenas o que deveria ser feito. Eu só falei para ele que eu tinha pisado no Renan, e não o Jô. Cada um com sua consciência", disse Rodrigo Caio, visivelmente frustrado com a derrota. 

Luiz Araújo elogiou brevemente o colega de equipe. "Agiu certo, foi honestidade. Se ele achou certo o momento de falar… A honestidade vale muito", comentou. Porém, ao tratar do ocorrido em sua entrevista coletiva, o técnico Rogério Ceni não entrou muito nos elogios ao atleta.

“Não vi muito bem o que aconteceu. Vi o Jô chegando por trás, mas parece que foi o Rodrigo quem acertou o Renan. Ele está de parabéns, é um menino bom, fez o jogo do fair play, como todos fazem em uma partida”, ponderou o treinador, preferindo não se colocar no lugar de seu comandado quando perguntado sobre se teria a mesma atitude: “Não posso te responder essa pergunta porque eu não jogo mais.”

Os blogueiros do UOL Esporte também elogiaram o são-paulino. “Os mais do que justos e dignos aplausos para a atitude de Rodrigo Caio”, escreveu Mauro Beting. Juca Kfouri tratou o lance como a “nota alta” do clássico e destacou: “momento raro no futebol brasileiro”.

Para Julio Gomes, uma sociedade ideal nem transformaria a atitude do zagueiro em notícia, já que ela deveria ser comum. “Esse tipo de honestidade deveria ser o mínimo, mas o mínimo está em falta”, pontuou.

O ex-árbitro de futebol Carlos Eugênio Simon também não poupou palavras positivas ao jogador revelado pelo São Paulo e desejado por clubes da Europa. Ele acredita que a torcida tricolor não deveria criticar a atitude. “Todos os aplausos ao Rodrigo Caio e oxalá sirva de exemplo para que outros jogadores também tenham essa atitude. E o torcedor tem que ter esse entendimento também. Vão crucificar quem está certo? Tem que aplaudir e louvar esse tipo de atitude”, disse no canal Fox Sports.

Ex-jogadores admitem: “Eu não faria”

Campeonato Paulista não é assunto novo para Edmundo, bicampeão do torneio pelo Palmeiras em 1993 e 1994. Atualmente comentarista na Fox Sports, no entanto, ele admitiu que não teria tomado a mesma atitude se estivesse no lugar de Rodrigo Caio.

"Com a cabeça quente, eu não faria, não teria essa atitude dele, não. Acho louvável, bacana, corretíssimo e tem que servir de exemplo para todo mundo, inclusive para a sociedade de um modo geral, mas eu acho que não faria, não", confessou.

Destaque em Flamengo, Grêmio e Palmeiras nos anos 90, Paulo Nunes adotou discurso parecido. “Não faria. Jogando dentro do campo, não faria. Não vou ser hipócrita, como atacante eu buscava muito irritar os jogadores e tirar proveito de uma situação. Eu concordo que tem que mudar, mas lá dentro de campo você está buscando a vitória e o melhor para o seu clube naquele momento. Não estou dizendo que ele não está certo, mas eu não faria”, disse na mesma emissora.