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Criticado e com clima pesado, Rodrigo Caio se decepciona com o São Paulo

José Eduardo Martins e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

19/04/2017 04h00

O gesto de Rodrigo Caio na derrota por 2 a 0 no clássico de domingo, contra o Corinthians, ainda repercute. Embora tenha sido aplaudido por imprensa, rivais e até o técnico Tite, o “fair play” do zagueiro pode ter um impacto negativo em sua relação com o elenco do São Paulo. O UOL Esporte apurou que o zagueiro e pessoas que cuidam de sua carreira ficaram decepcionados com o Tricolor e com o técnico Rogério Ceni.

O mal estar vem em um momento no qual o zagueiro acaba de renovar contrato até 2021 e vem se firmando como um dos líderes do elenco. Coube a Rodrigo falar com a imprensa depois da derrota para o Cruzeiro na última quinta, e o jogador tem o costume de ser um dos únicos a sempre atender os jornalistas em momentos de pressão. As pessoas que cuidam de sua carreira descartam reações imediatas, mas admitem que a persistência do clima ruim pode levar o atleta a repensar seu papel dentro do São Paulo no longo prazo.

Pelo lado do clube, quem vive o dia a dia no CT da Barra Funda confirma o incidente, mas não vê como algo grave. Pessoas ligadas à direção do São Paulo dizem que discussões mais acaloradas, principalmente após derrotas em jogos importantes, são comuns, embora dificilmente se tornem públicas. Como Rodrigo e Rogério se conhecem há anos e sempre tiveram boa relação fora de campo, o clima no Morumbi é de otimismo que qualquer mal estar seja superado rapidamente.

O defensor foi questionado no vestiário por companheiros e também pelo treinador Rogério Ceni por avisar o árbitro de que encostou no goleiro Renan Ribeiro, evitando um cartão amarelo para Jô. O tom do papo, logo após a derrota por 2 a 0 para o Corinthians, foi quente. 

Pessoas próximas a Rodrigo contam que, além da cobrança de domingo, houve nova conversa, na reapresentação do elenco, de cabeça mais fria, mas que a posição de Ceni e do clube não mudaram. A orientação foi para que fossem colocados os famosos “panos quentes” no incidente, que repercutiu muito além do previsto. Manifestações de apoio, respaldo ou elogio à atitude do defensor só surgiram nesta terça-feira.

Se internamente o zagueiro ouviu criticas de companheiros e de Ceni, externamente viu o comandante, de forma rápida e seca, chamá-lo de “gentleman” na coletiva de imprensa depois da partida. Os outros jogadores se mostraram pouco à vontade com o assunto e quase não houve respaldo publico. Isso deixou o clima pesado para o jogador. A manifestação mais profunda veio do zagueiro Maicon, e foi crítica.

“É melhor a mãe dele [rival corintiano] chorando do que a minha em casa. A gente deveria respeitar a atitude do Rodrigo, foi o que ele quis fazer na hora. Se foi certo ou não, temos de apoiar. É um jogador que faz parte do grupo, de confiança. Não posso dizer o que eu faria porque não aconteceu comigo”, disse.

Na política do clube, Rodrigo Caio recebeu apoio público. Logo em seu primeiro discurso como presidente reeleito, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, enalteceu a postura do jogador. "A atitude do Rodrigo Caio é uma maravilha, coisa de gente diferente. É claro que vai ter gente que vai dizer que é do jogo e não deveria fazer, mas a gente sabe que a dignidade e a retidão devem estar dentro de cada um de nós e, quando são feitas, devem ser aprovadas e aplaudidas", disse Leco. 

Rodrigo Caio volta a jogar nesta quarta-feira, às 19h30, contra o Cruzeiro, pela partida de volta da quarta fase da Copa do Brasil. Com Bruno, Buffarini e Araruna lesionados, existe até a possibilidade de o zagueiro atuar na lateral direita.