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Desafeto de Ceni é sugerido para cargo e causa mal-estar no São Paulo

Adalberto Baptista e Rogério Ceni; cartola bateu de frente com ex-goleiro em 2013 - Luiz Pires/Vipcomm
Adalberto Baptista e Rogério Ceni; cartola bateu de frente com ex-goleiro em 2013 Imagem: Luiz Pires/Vipcomm

José Eduardo Martins e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

27/04/2017 04h00

Passados dez dias da reeleição de Carlos Augusto de Barros e Silva à presidência, o São Paulo reorganiza sua diretoria para atender ao novo estatuto, aprovado em 2016. Nos últimos dias, entretanto, uma sugestão feita pelo vice-presidente Roberto Natel causou polêmica e críticas entre conselheiros e cartolas. Desafeto público de Rogério Ceni desde 2013, o ex-diretor de futebol Adalberto Batista foi apontado como possível membro do novo Conselho de Administração, cargo importante na gestão do clube.

Pelo novo estatuto, o clube não tem mais diretores amadores. Pelas atuais regras, atuam ao lado de executivos remunerados nove nomes que compõem o Conselho de Administração, um órgão novo que fiscaliza, delibera e aprova os atos do presidente. Natel tinha Adalberto como o preferido para uma dessas nove vagas.

A sugestão foi recebida com surpresa e mal-estar por conselheiros, ex-diretores e membros do próprio Conselho. Em contato com a reportagem, três diferentes aliados de Leco e Natel mostraram preocupação com a possível reação de Rogério Ceni a uma nomeação de Adalberto; um deles até afirmou que pretendia conversar com o presidente são-paulino e pedir que escolhesse outro nome.

Pessoas próximas ao presidente Leco, no entanto, garantem que Adalberto não será parte do Conselho e que o mandatário já conversa com outro nome, mantido em sigilo, e que deve ser anunciado nos próximos dias. Procurado pela reportagem, Adalberto não quis falar sobre a indicação. O Conselho de Administração é composto por nove pessoas: o presidente do clube (Leco), o vice (Roberto Natel), três membros indicados por Leco (entre eles Raí), um membro indicado pelo Conselho Consultivo e outros três eleitos.

Polêmica com Ceni foi pública e envolveu Ney Franco

No comando do futebol do São Paulo, Adalberto Batista participou da conquista do único título do clube desde 2008, a Sul Americana de 2012. Homem forte do então presidente Juvenal Juvêncio, o diretor comandou as negociações pela volta de Luis Fabiano, em 2011, e era considerado pelo folclórico dirigente um possível futuro presidente.

Em 2013, entretanto, o time caiu de produção e acabou perdendo a Recopa Sul-Americana diante do Corinthians. No calor da eliminação, Rogério Ceni, então goleiro, disse que o São Paulo tinha “parado no tempo”, e que o treinador anterior, Ney Franco, tinha “legado zero”. Adalberto retrucou, dizendo que Ceni vinha jogando lesionado e estava com dificuldades na reposição de bola.

O entrevero foi a gota d’água na trajetória de Adalberto, que já vinha pressionado pela torcida após a eliminação. Uma semana depois, o dirigente entregou o cargo e efetivamente encerrou sua passagem pelo futebol do clube.

As feridas não cicatrizaram nos meses seguintes. Em uma de suas raras entrevistas desde então, Adalberto disse ao jornal Lance, ainda em 2013, que Ceni “estava se colocando acima da instituição e tinha de ser repreendido. Naquele momento, o Ceni se colocou acima do São Paulo ao atribuir uma derrota esperada”.