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Antes pressionada, dupla de cartolas do Corinthians ganha alívio com título

Alessandro e Flávio Adauto (à dir), ao lado do presidente Roberto: dupla do futebol estancou pressão - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Alessandro e Flávio Adauto (à dir), ao lado do presidente Roberto: dupla do futebol estancou pressão Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

16/05/2017 04h00

Além de validar a recuperação do Corinthians dentro de campo em 2017, a conquista do Campeonato Paulista serve de alívio para uma dupla que começou a temporada com uma dose de contestação. Seja pelo acerto em contratações ou pela mudança de foco na política do clube, o diretor de futebol Flávio Adauto e principalmente o gerente de futebol Alessandro puderam respirar mais tranquilos nas últimas semanas.

Apesar da exposição do clube nos negócios frustrados de Willian Pottker, Valdívia e Drogba, a avaliação geral sobre o mercado de transferências do Corinthians neste ano é positiva. Se em 2016 o clube teve dificuldades na reformulação do elenco e viu as maiores apostas não vingarem, um cenário diferente se desenhou no princípio da atual temporada, mesmo com injeção de recursos bem inferior em relação aos anos anteriores. 

No time campeão paulista, os quatro principais investimentos se transformaram em pilares: o zagueiro Pablo (empréstimo gratuito), o volante Gabriel (custou cerca de R$ 6,5 milhões), o meia Jadson (pagamento de luvas) e o centroavante Jô (pagamento de luvas) se adaptaram rapidamente às ideias de Fábio Carille, outra decisão que trouxe resultados a curto prazo. Até mesmo reservas como Paulo Roberto e Kazim mostraram utilidade na campanha.  

No início de 2017, porém, o cenário para Alessandro e Adauto era distinto, sobretudo politicamente. O gerente de futebol sofreu com ataques internos do grupo político ligado ao ex-presidente Andrés Sanchez, um dos que eram contrários à manutenção do ex-lateral. A relação de extrema confiança com o presidente Roberto de Andrade, porém, além do pouco tempo na nova função, foram trunfos para que ele pudesse permanecer. Um aliado importante no processo foi Edu Gaspar, hoje diretor de seleções na CBF e ainda muito próximo de Alessandro e Roberto. 

Flávio Adauto, por sua vez, sofreu críticas principalmente pela atuação no caso que envolveu Drogba. Pessoas próximas a Roberto de Andrade entenderam que o diretor de futebol não conduziu de forma adequada o negócio, que era liderado pelo departamento de marketing com aval do próprio presidente. Quem reclamava defendeu que Adauto não se esforçou pela aquisição do marfinense, embora a posição da comissão técnica nunca tenha sido de grande aprovação à chegada de uma estrela. A aposta de Carille e seus auxiliares era justamente em Jô e Kazim, que apresentaram bons resultados. 

Boa fase da equipe muda o foco da política no Corinthians

Com os bons resultados do Corinthians e o presidente Roberto de Andrade livre do risco de impeachment, inclusive com as contas aprovadas apesar de uma série de problemas, o foco político do clube saiu do departamento de futebol e do presidente. Um acordo feito pelo mandatário com lideranças, que provocou grande reformulação na base, também trouxe alívio ao cartola. 

Nas últimas semanas, o grupo político de Andrés Sanchez, incluindo ele próprio, se voltou à articulação de olho nas eleições em fevereiro de 2018. A principal hipótese é que o próprio Andrés seja candidato, mas variantes como o apoio a Paulo Garcia, de quem já foi opositor, são comentadas nos bastidores da política corintiana.

Foi justamente Paulo Garcia quem encabeçou o movimento para que Adauto, no semestre passado, se tornasse diretor de futebol do clube, uma ideia aceita por Roberto de Andrade. Com estilo conciliador, o dirigente tem trabalhado bastante para atender pedidos da comissão técnica e já é até cogitado para seguir na próxima gestão, a depender do desenrolar até a eleição no Parque São Jorge.