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Moisés rejeita zica da camisa 10 e diz: "Todos procuram defeito no campeão"

Danilo Lavieri e José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo

16/05/2017 04h00

Com a previsão de retornar em agosto, Moisés tem acompanhado fora dos gramados o momento que o Palmeiras atravessa no ano. Um dos pilares da conquista de 2016, ele afirmou que a pressão por títulos é muito grande por causa do investimento, mas que isso não pode afetar o grupo. 

Enquanto faz de tudo para acelerar a sua recuperação após a operação no joelho, o meio-campista conversou com o UOL Esporte na Academia de Futebol e ainda revelou que ouviu pedidos para que abandonasse a camisa 10. Torcedores brincam que o número está amaldiçoado depois das seguidas lesões de Valdivia.

Moisés ainda disse como é ter Felipe Melo entre os líderes, falou do entrosamento que o time ganha com o retorno de Cuca e admitiu que encontrou na comida um consolo para os tempos mais difíceis desde a operação.

Veja, abaixo, os principais trechos da conversa:

"Muita gente fala para eu trocar de camisa"

Pois é, rapaz. Muita gente fala para eu trocar a camisa, fica falando que todo mundo que usa machuca. Mas eu não tenho nada disso. Aconteceu porque tinha de acontecer. São coincidências da vida. Eu não vou trocar, a não ser que o clube peça. Mas como eu falei em muitas entrevistas: a camisa 10 é legal, é bacana vestir, vou honrar. Mas não é que vou honrar a 10 mais do que a 28. Eu estou no Palmeiras e tenho que honrar o Palmeiras. Então só muda o número. A camisa 10 é um símbolo, jogadores consagrados usaram, mas você precisa se sentir feliz e motivado sempre.

Exagero com comida 

No meu começo, eu não abdiquei de nada. Eu até comi em dobro (risos). É uma coisa que eu uso para não ficar pensando na lesão. Eu ficava em casa, não podia andar e nem levantar. Eu queria comer, tem muita coisa gostosa em Minas. E eu exagerei em um mês, um mês e meio. E agora eu já estou no processo de perda, de cortar alimentos e ter um cuidado maior. Gosto de chocolate, doce, pudim, pão de queijo e churrasco. E tomo refrigerante. Mas a torcida não precisa se preocupar porque eu já estou em forma de novo.

Falta que gerou lesão poderia ser evitada

Em momento algum eu achei que foi intencional a falta. Eu conheço ele, sei que não é da índole. Mas ele é viril e chega forte. Eu acho que ele foi imprudente. Ele poderia ter evitado o contato da forma que foi. O ângulo que a bola estava, ele não interceptaria daquela forma. Se ele corta pela frente, era mais fácil. Mas ele me procurou, colocou os pontos dele, eu coloquei o meu e está tudo tranquilo.

Nota da redação: Moisés se lesionou após uma entrada dura de Zé Antônio, do Linense, em fevereiro, pelo Campeonato Paulista. 

Eduardo é honesto para caramba

Trabalhei a pré-temporada, fiz dois jogos. Mas o que tenho para falar é que ele é super inteligente, honesto para caramba, se dedica 100% ao clube. Mas o futebol é resultado e não atingiu o que o Palmeiras esperava e o próprio Eduardo esperava.

Grandes europeus nem sempre são espetáculo

Em um time que é campeão é natural que se cobre as grandes atuações, grandes vitórias, mas sabemos que o futebol não é assim. Tem grandes clubes europeus que não fazem sempre grandes espetáculos. Estamos sabendo da necessidade de vitórias e conquistas, por causa das contratações e do elenco. Mas a gente sabe que isso fica fora de campo. Se a gente não se empenhar, isso não vai acontecer.

Todo mundo que achar defeito no campeão

Ano passado já acontecia isso. A gente não ganhava de 2 e 3 e as pessoas cobravam o Palmeiras. Precisamos deixar as pessoas falarem, mas isso não pode entrar aqui. Não podemos cair na armadilha. Tem que se ter essa tranquilidade e não é fácil. Em um time campeão, vitorioso, todo mundo quer achar defeito, quer colocar alguma coisa. O importante é manter o foco no trabalho.

Deve voltar em agosto

Minha recuperação está muito boa. Eu até procuro postar em redes sociais, falar um pouco sobre isso, porque entendemos a ansiedade do torcedor. E a minha também, que é muito grande. Ainda não dá para falar em um tempo, mas em agosto eu devo estar de volta.

Pôquer e circo com a filha no tempo livre

Tenho ficado mais presente com a família. Vai ser duro quando voltar, porque minha filha vai ficar louca. Agora estou sempre em casa. A gente tem aproveitado bastante, é bem difícil isso de família quando está jogando. Mesmo ficando aqui das 9h às 17h, ao menos eu sempre durmo em casa. Já fui para Belo Horizonte para visitar os avós, já fui três, quatro vezes no circo. E tem o pôquer que eu gosto muito também.

Felipe Melo tem muita qualidade

Não muda muito, porque sempre tinha um jogador nessa função. Não nas mesmas características, mas que cumpriam essa função. O Felipe tem muita qualidade, já está provando isso e o time ganha muita experiência e tem a confiança em um jogador que vai ajudar muito dentro de campo, além de ter a marcação tem um passe muito qualificado.

Não é qualquer um que passa dez anos na Europa

É natural, ele carrega isso. Não é qualquer jogador que fica dez anos na Europa e em alto nível. Ele não ficou em times pequenos. Foi sempre auge. Traz bagagem, experiência e uma qualidade muito grande. É natural que ele passe a liderança, e ele pode passar muito, porque taticamente você evolui bastante na Europa. Ele ajuda muito e a gente está ajudando com coisas que estamos acostumados com o futebol brasileiro.

Borja? Ninguém faz tantos gols à toa

Vai chegar um momento que ele vai ser aquele jogador que foi ano passado, porque tem qualidade. Um jogador não faz tantos gols e joga tão bem à toa. Ele tem isso dentro dele. A gente pode conversar e ajudar no treinamento. E é bom que tem o Mina e o Guerra, que estão mais adaptados e falam a mesma língua. Quando o time encaixar, o time fluir, fizer aquele futebol envolvente, os jogadores que vêm de fora encaixam mais rapidamente.

Passam imagem de uma crise que não tem

Eu vou falar do tempo que estou aqui. As coisas no Palmeiras estouram mais rápido, criam mais casos. É impressionante. Qualquer conversa mais alta falam que é crise e que rachou o elenco, passando uma imagem que não tem aqui dentro. E quem trabalha no dia a dia vê isso. Tentam de alguma forma, não sei se é colocar emoção, criar matéria, não sei. Algum motivo tem. A gente não pode deixar isso entrar aqui dentro, porque temos um grupo que se dá muito bem. Cobranças mais fortes acontecem em todo lugar, não só aqui, mas em todos os clubes. Eu acho que nenhum clube passa um ano todo sem ter confusão e atrito. Eu em casa tenho atrito com minha mulher e minha filha. Imagina em um grupo de 40, 50 homens.

Quero jogar, não importa se é Libertadores ou Brasileiro

Eu quero voltar a jogar, fazer o que eu amo. Se é Libertadores, Brasileiro ou Copa do Brasil não importa. Mesmo se fosse o Paulista. Meu trabalho é jogar futebol, eu gosto de futebol. Claro que a Libertadores é um campeonato que almejamos muito, mas como os outros também. Nós também temos obsessões pelos títulos. Mas eu não penso só na Libertadores, eu quero voltar porque gosto de jogar futebol, quero ajudar o Palmeiras dentro de campo.

Gosto pelo pôquer

É um hobby que eu tenho e pode ajudar dentro do futebol. O pôquer é um esporte da mente, onde você usa muita concentração, tem de ler muito o adversário e oponente. E dentro de campo, mesmo sendo 11 contra 11, você tem duelo individual, tem de ler seu adversário, imaginar o que ele vai fazer, se ele vai driblar ou correr. E no pôquer é um duelo individual que você tem muita concentração. É um esporte que eu gosto e eu até consegui fazer um curso neste período que eu estava fora para evoluir.

Os parceiros de carteado

É bem equilibrado. Tem o Alecsandro que jogava muito, tem o Arouca, o Egídio, Vitor Hugo, Michel Bastos... Ah, agora tem o Cuquinha que gosta de jogar. Ele só perde, mas gosta (risos).