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Com críticas ao time titular, Cuca põe em xeque planejamento do Palmeiras

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

01/06/2017 11h00

"Hoje a gente não está feliz para pagar churrasco. Temos que comemorar quando jogar bem e ganhar". A frase de Cuca em entrevista ao Sportv resume o sentimento do treinador em relação à classificação do Palmeiras às quartas de final da Copa do Brasil. Se depender dele, o montante gasto em contratações ainda vai aumentar.

Momentos antes, na entrevista coletiva após a derrota por 2 a 1 para o Inter, ele tinha ido além. O treinador falou publicamente que seu time titular piorou em relação a 2016. Ele concorda apenas que o elenco ficou mais forte.

"Isso (Palmeiras entrar como favorito sempre) a gente está batendo sempre, né? Eu já falei muitas vezes: o Palmeiras fortaleceu muito o seu elenco, mas se você pegar o time, do ano passado e desse, não fortaleceu. Pelo contrário. Perdeu Vitor Hugo, Moisés e Jesus. É raro achar três caras assim. Fortaleceu muito o elenco, mas não o time. Não adianta falar que vai ganhar tudo, porque se não tiver entrega não vai ganhar", analisou em entrevista coletiva.

Ao fazer as críticas e voltar a pedir por contratação, Cuca coloca em xeque o planejamento que já custou mais de R$ 70 milhões em nomes como Alejandro Guerra e Miguel Borja, os dois melhores jogadores da Libertadores de 2016, e outras apostas como Hyoran e Raphael Veiga.

O técnico deixou claro que sente falta de Vitor Hugo, Gabriel Jesus e Moisés. Quando critica a reposição do primeiro, no entanto, ele deixa de lado que o zagueiro já não era titular antes mesmo de sua chegada - tinha perdido a posição para Edu Dracena quando Eduardo Baptista ainda era o técnico.

Vitor Hugo vivia uma das suas piores fases da carreira, como o próprio chegou a admitir em desabafos nas redes sociais. Também por isso, a diretoria alviverde não se preocupou em fazer uma reposição imediata e contratou Luan, que só poderá entrar em campo depois de um longo processo de recuperação por ter operado o pé.

Para o lugar de Moisés, que está machucado e só volta em setembro, o time recebeu Guerra, eleito o melhor jogador da Libertadores de 2016. Titular com Eduardo Baptista e Cuca, o venezuelano tem crescido de produção, mas sofre com o ritmo do calendário brasileiro. Ele teve desgaste muscular e nem viajou para Porto Alegre.

O técnico campeão brasileiro ainda voltou a fazer cobrança pública pela contratação de um novo atacante. Brincou ao pedir a volta de Gabriel Jesus e destacou que Borja, embora tenha sido a contratação mais cara da história do clube, não pode ser apontado como o salvador da pátria.

"O time piorou e a pressão aumentou. Como aumentar a pressão se não melhoramos? O preço do Borja... Falam que o Palmeiras gastou R$ 100 milhões, mas esquecem que ganhou R$ 150 milhões com a venda de dois jogadores. Não adianta jogar a pressão assim neles, porque eles não dão conta", afirmou o técnico.

"Precisamos melhorar a equipe. E eu já indiquei um centroavante. Indiquei o Jesus que estava lá fazendo exercício no Palmeiras. Vamos buscar algo assim", afirmou o técnico, fazendo uma brincadeira com o fato de o atacante da seleção usar a Academia de Futebol durante as suas férias para manter a forma.

Muito comemorada, com direito até a festa em aeroporto, a contratação de Borja ainda não se justificou e já vinha dando sinais disso com Eduardo Baptista. Na sua primeira entrevista coletiva, Cuca prometeu manter o atacante como titular até que ele se adaptasse ao futebol brasileiro. Contra o Inter, a promessa foi quebrada.