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Após um ano, Tite monta base e se prepara para "desapegar" em nome do hexa

Danilo Lavieri e Vitor Pajaro

Do UOL, em São Paulo e em Melbourne (Austrália)

13/06/2017 18h00

E lá se vai um ano de Tite. Na próxima quinta-feira (15), o técnico completa um ano à frente da seleção brasileira com um retrospecto de dar inveja: dez vitórias, uma derrota e a vaga na Copa do Mundo garantida com antecedência. Com a base definida, o treinador chega à metade de seu trabalho tentando aprimorar o que construiu até agora. Para que a missão seja cumprida com êxito, precisará "desapegar". 

Os dois amistosos na Austrália representaram um passo importante neste sentido. Tite poupou seis titulares de linha e promoveu uma série de testes do outro lado do planeta. A um ano do início da Copa, ele se desdobra para decidir quem serão os membros de apoio de um trabalho que já tem base e esquema tático bem definidos.

Roteiro natural para um treinador de seleção, esse "caminho" era difícil de ser imaginado diante do terreno devastado encontrado pelo treinador em 15 de junho de 2016, quando sucedeu Dunga. À época, a seleção brasileira não só corria o risco de não ir ao Mundial como tinha acabado de ser eliminada da Copa América após uma vexatória derrota para o Peru. Mais do que isso, não mostrava sinais de que poderia reagir.

Dentro de campo, a seleção se limitava a jogar a bola em Neymar e vivia um clima conturbado entre elenco e comissão técnica. O melhor exemplo disso é que Tite imediatamente acabou com a lista de vetados feita por Dunga. Marcelo e Thiago Silva, por exemplo, logo voltaram a ser chamados. O primeiro se consolidou como titular absoluto e dono da lateral esquerda, enquanto o segundo encaminhou uma posição para a reserva de Marquinhos e Miranda, que são os titulares.

Tite ainda apostou em Gabriel Jesus e deixou de lado nomes como Ricardo Oliveira e Jonas, que eram chamados pelo seu antecessor. Ainda deu chances para Philippe Coutinho entre os titulares e consolidou Casemiro como um dos melhores volantes do mundo. Por fim, ainda fez os “chineses” renderem. Contestados assim que tiveram o nome na lista, Paulinho e Renato Augusto hoje são unanimidades no consagrado 4-1-4-1 do técnico.

Agora, ele trabalha para terminar de compor essa base. Rafinha apareceu como opção a Fagner na reserva de Daniel Alves, assim como Alex Sandro fez com Filipe Luís do outro lado. David Luiz põe pressão em Fernandinho como volante e nomes como Douglas Costa, Rodriguinho, Dudu, Diego e Lucas Lima se batem por vagas no ataque. 

Desapegar dos reservas imediatos que o acompanharam ao longo desse ano será um desafio para Tite, que ao longo de sua carreira sempre ficou marcado pela ligação forte com os atletas que lhe renderam conquistas. Como o UOL Esporte mostrou na semana passada, foi justamente por isso que ele teve problemas em Grêmio e Corinthians, dois de seus melhores trabalhos, quando foi acusado de atrasar a renovação de elencos vencedores. 

Com os amistosos da Austrália, em que utilizou todos os jogadores de linha convocados, Tite sinaliza que está disposto a testar para compor o melhor grupo possível. Tudo em nome do "hexa".