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Quem forma a nova geração alemã que vai se apresentar ao mundo na Rússia

Alemanha comemora gol de Amin Younes (15) contra San Marino - Peter Kneffel/AP
Alemanha comemora gol de Amin Younes (15) contra San Marino Imagem: Peter Kneffel/AP

Fábio de Mello Castanho e Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

16/06/2017 04h00

Classificação e Jogos

Quem ligar a televisão para acompanhar os jogos da seleção alemã na Copa das Confederações esperando ver nomes como Manuel Neuer, Sami Khedira, Toni Kroos e Thomas Müller tomará um grande susto. A atual campeã mundial disputará o torneio de "aquecimento" para a Copa de 2018 com uma equipe alternativa, em que nenhum jogador tem mais de 30 anos.

A seleção do futuro, como o técnico Joachim Löw passou a denominar o time para defender sua escolha, se apresentará na Rússia cercada de curiosidade e expectativa. Quem são estes jovens (alguns, nem tanto) que prometem dar uma ideia de como será o futebol da Alemanha nos próximos anos?

Para responder à pergunta, é possível dividir o grupo em pelo menos três alas que ajudam a entender como Löw pensou a convocação: 10 dos 21 jogadores já são presença certa na seleção principal, mas terão na Copa das Confederações a primeira experiência como protagonistas. Outros cinco são jovens com história nas categorias de base do país e dão peso ao argumento do treinador de que seu objetivo é preparar nomes para o futuro.

Mas o que mais chama a atenção é a presença de seis novatos convocados pela primeira vez, apesar de serem mais rodados. Entre eles, o mais velho do grupo, o atacante Sandro Wagner, que aos 29 anos estreou no time principal contra San Marino no último sábado (10) e marcou três gols pelas Eliminatória para a Copa.

O jogador do Hoffenheim surge como favorito para liderar o ataque da Alemanha em um time que deve ter, em sua espinha dorsal, alguns nomes já conhecidos do grande público europeu como o meia Draxler, o zagueiro Mustafi e o goleiro Ter Stegen.

"Eu entendo as pessoas que pensam que, sem muitos campeões do mundo e grandes nomes, não iremos brigar pelo título. Mas eu digo que há torcedores suficientes que estão muito interessados em conhecer a próxima geração da seleção nacional. Estamos escalando uma equipe com boa perspectiva de jovens jogadores, que estão contentes e com desejo. Creio que vão enriquecer a Copa das Confederações", disse Löw.

A Alemanha estreia na competição na segunda-feira, dia 19 de junho, contra a Austrália. Veja abaixo qual será a cara desta seleção que, mesmo desfalcada, merece ser observada com atenção.

Os "experientes" na seleção

Bernd Leno (goleiro, Bayer Leverkusen) – 25 anos
Marc-André ter Stegen (goleiro, Barcelona) – 25 anos
Matthias Ginter (zagueiro/lateral, Borussia Dortmund) – 23 anos
Jonas Hector (lateral esquerdo, Colônia) – 27 anos
Joshua Kimmich (meio-campista/lateral, Bayern de Munique) – 22 anos
Skhodran Mustafi (zagueiro, Arsenal) – 25 anos
Julian Draxler (meia-atacante, PSG) – 23 anos
Emre Can (volante/lateral, Liverpool) – 23 anos
Antonio Rüdiger (zagueiro, Roma) – 24 anos
Sebastian Rudy (meio-campista/lateral, Bayern de Munique) – 27 anos

Draxler -  Reuters / Kai Pfaffenbach -  Reuters / Kai Pfaffenbach
Habilidoso, Draxler terá um "teste de fogo" como protagonista da seleção
Imagem: Reuters / Kai Pfaffenbach

São os jogadores que, apesar de jovens, são presenças constantes ou já tiveram várias convocações na seleção alemã. Destes, três foram campeões do mundo em 2014 como reservas (Ginter, Mustafi e Draxler) e sete disputaram a Eurocopa de 2016 (Leno, Ter Stegen, Hector, Kimmich, Mustafi, Draxler e Can). O zagueiro Rüdiger também estaria na Euro, mas foi cortado por lesão.

São eles que vão servir como espinha dorsal do time e terão a liderança testada para comandar uma seleção inexperiente. O meia Julian Draxler, por exemplo, será o capitão, aos 23 anos. Apontado há tempos como um dos principais talentos da nova geração do país, ele carrega a maior expectativa do elenco - depois de ganhar rodagem na Copa de 2014 e na Euro 2016, e trocar o Wolfsburg pelo PSG em janeiro, terá sua grande prova como protagonista.

Além de Draxler, existem outros atletas com papel de destaque em clubes grandes da Europa, como o goleiro Ter Stegen, no Barcelona, e o zagueiro Mustafi, no Arsenal. Porém, na seleção, ainda tentam assumir importância maior. Jogadores em situação semelhante são os versáteis Ginter, Can, Kimmich e Rudy (este último vai jogar pelo Bayern de Munique na próxima temporada), que podem ser utilizados em várias posições da defesa e do meio-campo.

Leroy Sané, meia-atacante do Manchester City, também estava na lista e pertenceria a este grupo, mas se machucou e foi cortado. Löw não convocou substituto.

Os estreantes

Kerem Demirbay (meia, Hoffenheim) – 23 anos
Sandro Wagner (atacante, Hoffenheim) – 29 anos
Amin Younes (meia-atacante, Ajax) – 23 anos
Kevin Trapp (goleiro, PSG) – 26 anos
Marvin Plattenhardt (lateral esquerdo, Hertha Berlin) – 23 anos
Lars Stindl (atacante, Borussia Monchengladbach) – 28 anos

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Sandro Wagner, o mais velho do elenco: convocado pela primeira vez aos 29 anos

Ao todo, seis jogadores que nunca antes haviam jogado pela seleção alemã foram chamados por Joachim Löw - seriam sete, mas o volante Diego Demme, do RB Leipzig, foi cortado por lesão. Muitos nem são tão jovens, mas ganharam chances pela regularidade apresentada em seus clubes e pela disposição do treinador da seleção em fazer testes na Copa das Confederações.

O caso mais emblemático é o do atacante Sandro Wagner. Depois de defender a seleção nas categorias de base, quando era revelação do Bayern de Munique, ele rodou por diversos clubes de média expressão do país. Agora, aos 29 anos, o centroavante de 1,94 m recebeu a primeira chance na seleção principal, após boa temporada pelo Hoffenheim, que terminou em quarto lugar no Campeonato Alemão.

Löw também vai testar outro destaque do surpreendente Hoffenheim, o meia canhoto Demirbay, que jogou pela Turquia até o sub-21. Na lateral esquerda, apostou em Plattenhardt, que era presença constante nas seleções de base da Alemanha e ressurgiu com boa temporada pelo Hertha. E deu chance ao ponta driblador Amir Younes, outra figurinha carimbada das categorias de base e vice-campeão da Liga Europa pelo Ajax.

O segundo mais velho do grupo é o atacante Stindl, 28 anos, capitão do Borussia Mönchengladbach, que disputa com o experiente Wagner e o jovem Werner um espaço "sem dono" na seleção desde a aposentadoria do artilheiro Klose. Completa a ala dos novatos o goleiro Trapp, que vem de temporadas irregulares pelo PSG e tem concorrência duríssima para se firmar na seleção.

As promessas visando o futuro

Julian Brandt (meia-atacante, Bayer Leverkusen) – 21 anos
Niklas Süle (zagueiro, Hoffenheim) – 21 anos
Leon Goretzka (meio-campista, Schalke 04) – 22 anos
Timo Werner (atacante, RB Leipzig) – 21 anos
Benjamin Henrichs (lateral/volante, Bayer Leverkusen) – 20 anos

Süle - Amelie Querfurth/AFP - Amelie Querfurth/AFP
Zagueiro Niklas Süle vai defender o Bayern de Munique na próxima temporada
Imagem: Amelie Querfurth/AFP

Estes cinco jogadores ganharam destaque nas categorias de base, já foram testados na seleção principal e são apontados como o futuro da seleção alemã. Três deles, Julian Brandt, Niklas Süle e Leon Goretzka, estiveram na campanha da prata olímpica no Rio de Janeiro, e são as principais promessas entre os convocados por Löw.

Brandt, meia-atacante inteligente e de categoria refinada, já é um dos principais jogadores do Bayer Leverkusen aos 21 anos. Süle, zagueiro de muita velocidade e força física, fez grande campanha pelo Hoffenheim e foi contratado pelo Bayern de Munique. E Goretzka, meio-campista polivalente e técnico, é destaque do Schalke e cobiçado por gigantes europeus.

Quem também pode surpreender é o atacante Timo Werner, que fez 21 gols no Campeonato Alemão pelo RB Leipzig e pode atuar tanto pelas pontas como centralizado. E fechando o grupo dos jovens promissores, está o versátil Henrichs, cobiçado pelo Manchester City, que pode jogar nas duas laterais ou como volante.