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Quem é o homem que deixou Cristiano Ronaldo "voando" no fim da temporada

David Ramos/Getty Images
Imagem: David Ramos/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

18/06/2017 04h00

Classificação e Jogos

A final de 2016 da Liga dos Campeões terminou com o Real Madrid conquistando seu 11º título europeu. Cristiano Ronaldo era o maior nome do time na competição, mas passou em branco nas semifinais e finais do torneio.

Um ano depois, as coisas mudaram muito. O Real venceu novamente, chegando a 12 conquistas. Mas Cristiano Ronaldo estava "voando" nas fases finais. Foram dez gols nos últimos cinco jogos do torneio – e há quem espera muito mais dele a partir deste domingo, quando Portugal estreia na Copa das Confederações contra o México.

Antonio Pintus - Tullio M. Puglia/Getty Images - Tullio M. Puglia/Getty Images
Antonio Pintus, hoje preparador do Real Madrid, na época em que estava no Palermo. Foi ele quem preparou Dybala para brilhar na Itália, antes da Juventus
Imagem: Tullio M. Puglia/Getty Images
O homem que conseguiu fazer isso com o melhor jogador do mundo é quase um desconhecido. O preparador físico Antonio Pintus é um italiano de 54 anos que chegou ao Santiago Bernabeu nesta temporada, após uma disputa de sua contratação com o Lyon, e já virou a arma secreta do técnico Zinedine Zidane.

Pintus trabalhou com o ex-meio-campista na Juventus e, segundo os jornais espanhóis, foi o responsável por estender a carreira do francês. Ele chegou ao Real Madrid aos 29 anos e jogou até os 34 anos – a aposentadoria, para quem não se lembra, veio com a expulsão na final da Copa do Mundo de 2006, após dar uma cabeçada em Materazzi. Naquela época, muita gente pedia sua permanência nos campos. E o fator físico não era um problema.

No trabalho com Cristiano Ronaldo, ele tem feito a mesma coisa. Em 2016, Portugal conquistou pela primeira vez a Eurocopa. CR7 deveria ter sido a grande estrela daquela final, contra a França, mas caiu ainda no primeiro tempo, com uma lesão muscular – fruto do grande esforço feito na temporada.

Quando foi parar nas mãos de Pintus, o italiano sabia exatamente o que fazer com o português. Nos treinos, exigir ao máximo. Mas criar um programa de utilização, nos jogos, que o poupasse para os jogos mais importantes. Nas seis temporadas anteriores, Ronaldo jogou em média 52 partidas. Nesta, foram 46 jogos.

Foi a segunda temporada com menos jogos do português no Real – ele fez 35 partidas em 2009, sua primeira em Madri, mas por lesão. Dessa vez, ele só ficou afastado na reta inicial, ainda se recuperando daquela lesão na final da Euro. Depois, foi metodicamente poupado.

Além disso, os métodos em campo de Pintus são pouco ortodoxos. Enquanto a ideia atual do futebol moderno é abolir os treinos sem bola e fazer muito mais trabalhos lúdicos e usando movimentações que simulam o jogo (vide os métodos de Rogério Ceni no São Paulo), ele faz questão de colocar seus jogadores para correr.

“Não acredito que trabalhando apenas com a bola você consiga preparar um jogador. Jogadores são atletas também. Na França, durante a pré-temporada, fazemos 45 minutos de corrida todas as manhãs. É um trabalho de 75% da frequência máxima. Na Itália, não poderia fazer isso, porque os jogadores não estavam preparados”, contou, em 2001, quando era preparador do Olympique de Marselha.

Segundo o jornal espanhol Marca, essa característica assustou inicialmente os jogadores. Levando os atletas ao limite físico em todos os treinos, o que eles mais costumam ouvir era a frase: “Acham mesmo que o treino é só isso?”. Para quem está assustado, existe a preocupação com o overtraining: apesar do método inusitado, existem planilhas individuais e trabalhos específicos para cada jogador. Nas palavras do Marca: “Pintus mescla métodos tradicionais com vanguardistas. Está sempre em busca do ponto de agonia. Porque, em sua metodologia, quem resiste, ganha”.