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Negociação de Fabinho pode recolocar clube do interior de SP em atividade

Hoje no Monaco, lateral direito Fabinho jogou na base do Paulínia entre 2006 e 2011 - Paulínia FC/Divulgação
Hoje no Monaco, lateral direito Fabinho jogou na base do Paulínia entre 2006 e 2011 Imagem: Paulínia FC/Divulgação

Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

25/06/2017 04h00

O brasileiro Fabinho, lateral direito do Monaco, é um dos nomes que mais agitam o mercado europeu antes do início da temporada 2017/2018. Destaque do time monegasco, é cotado para reforçar clubes como Manchester United e Manchester City. E, caso realmente se transfira, pode ser a salvação de um pequeno clube do interior de São Paulo.

Nascido na cidade de Campinas em 23 de outubro de 1993, Fabinho começou sua trajetória esportiva nas categorias de base do Paulínia Futebol Clube, nas quais atuou entre 2006 e 2011. No último ano, defendeu o clube na Copa São Paulo, com duas derrotas e um empate; ainda assim, chamou a atenção do Fluminense, no qual se profissionalizou em 2012. De lá, passou por Rio Ave e Real Madrid, antes de chegar ao Monaco por empréstimo em 2013. Dois anos depois, teve seus direitos adquiridos pelo clube monegasco.

Ao mesmo tempo, o Paulínia vivia situação complicada nos gramados. Em 2014, foi eliminado na terceira fase da quarta divisão do Campeonato Paulista, perdendo a chance de brigar pelo acesso. Em 2015, caiu na fase de grupos da Copa SP. Desde então, afastou-se de competições oficiais, tanto profissionais quanto de categorias de base.

Paulinia FC perfilado - Paulínia FC/Divulgação - Paulínia FC/Divulgação
Paulínia deixou as categorias profissionais em 2014; no ano seguinte, foi a vez da base
Imagem: Paulínia FC/Divulgação

O problema? Primeiro, a política. Entre julho de 2013 e dezembro de 2016, quatro nomes se revezaram no comando da cidade: Edson Moura Júnior (PMDB), Marcos Roberto Bolonhezi, o Marquinho Fiorella (PP), Sandro Caprino (PRB) e José Pavan Júnior (PSDB). Em meio a uma batalha de cassações e liminares, a Prefeitura encerrou o acordo de cessão da estrutura esportiva da cidade para o Paulínia FC – tanto o centro de treinamentos quando o Estádio Municipal Luís Perissinotto.

Sem ter como atuar na cidade, o Paulínia FC se licenciou em 2015. “O clube parou por um impasse político na época. Como usávamos o campo municipal e tinhamos um espaço como CT do clube, que era municipal, não podíamos utilizar. Ficamos impedidos de jogar futebol”, conta Fábio Ricardo Brusco, presidente do clube, em entrevista ao UOL Esporte.

Segundo Brusco, com o licenciamento, a situação financeira do Paulínia se deteriorou. “Tivemos que licenciar o clube e ficamos este tempo parado. Tivemos um problema administrativo, e quando não pudemos jogar, não tivemos mais verba. Como você vai patrocinar um time que não joga?”, completa.

Fabinho, a tábua de salvação

E é aí que entra a negociação de Fabinho. O Manchester United quer contratar o lateral direito, mas a imprensa inglesa diz que o rival Manchester City está disposto a entrar na briga. O jornal The Sun diz que o clube azul-celeste está disposto a investir 25 milhões de libras (cerca de R$ 100 milhões) para contratar o brasileiro.

Deste total, 1,25 milhão de libras (R$ 5 milhões) seria destinado ao mecanismo de solidariedade da Fifa, reservado aos clubes que participaram da formação dos jogadores. Nestes valores, o Paulínia receberia 500 mil libras (R$ 2 milhões) pela negociação. Com o dinheiro em conta, o clube paulista pode voltar a sonhar.

Fabinho nas categorias de base do Paulínia Futebol Clube - Paulínia FC/Divulgação - Paulínia FC/Divulgação
Caso Fabinho troque o Monaco pelo futebol inglês, Paulínia receberia cerca de R$ 2 mi; dinheiro poderia ajudar a quitar dívidas com funcionários e recolocar o clube em atividade
Imagem: Paulínia FC/Divulgação
Com a eleição de Dixon Ronan Carvalho (PP), prefeito de Paulínia de 2017 a 2020, o clube reabriu conversas com o poder público para tentar reutilizar a estrutura esportiva local. Com o sinal verde, dependerá do dinheiro vindo da possível transferência de Fabinho para quitar dívidas com funcionários e tentar, quem sabe, retornar aos gramados.

“Com a troca da gestão pública, estamos tentando fazer uma aproximação. A gente tem a intenção de voltar com o clube. Mas tem coisas que ainda estão em conversa ainda. A prioridade não vai ser o futebol. mas a ideia seria essa: quitar as pendências com os funcionarios”, diz Brusco, eleito presidente do Paulínia para o período entre maio de 2017 e maio de 2020.

Com as dívidas quitadas, aí sim, o Paulínia pode deixar o licenciamento. A meta é retomar primeiro as categorias de base, para depois pensar no futebol profissional. “A gente tem que começar a casa pelo alicerce, não pelo telhado”, explica Brusco, segundo o qual a formação de atletas “era um carro-chefe do clube”. “Para recomeçar as coisas, seria um projeto mais tranquilo”, justifica.