Fantástica fábrica de volantes do Corinthians vira fonte de reforços rivais
Bruno Henrique no Palmeiras e Petros no São Paulo, ambos por quantias importantes dentro do cenário nacional, reforçaram uma peculiaridade do mercado interno em 2017. Não somente eles, mas Elias no Atlético-MG, Jucilei também no São Paulo e Edenílson no Internacional formam a galeria do que se pode chamar de "A fantástica fábrica de volantes do Corinthians".
Em comum nos cinco jogadores acima está o fato de terem desembarcado no Parque São Jorge a partir de clubes menores, terem crescido degrau a degrau e conquistado a titularidade por merecimento.
Tite é um dos mentores desse tipo de ascensão, ao lado de Mano Menezes e seu auxiliar Sidnei Lobo, do atual treinador Fábio Carille e do observador técnico Mauro da Siva, especializado em identificar talentos de times menores há uma década. Um trabalho que ainda rendeu Ralf e Paulinho, personagens dos títulos mais importantes da história do clube.
De tão eficiente nesse processo, o Corinthians sequer cogitou em 2017 entrar na disputa por qualquer um dos cinco volantes contratados por rivais, o que naturalmente tem relação com o momento financeiro difícil do clube. A aposta já estava desenhada em Gabriel e Maycon, titulares absolutos do líder do Brasileirão.
Sorte, então, das equipes concorrentes. Se Jucilei, Petros, Bruno Henrique, Edenílson e Elias não brilharam por grandes clubes da Europa, já provaram que no futebol brasileiro podem dar grandes contribuições.
Carille trabalhou com todos e comenta*
"São todos jogadores que evoluíram muito aqui e não à toa foram para a Europa. A evolução deles é reflexo do trabalho, do entendimento e da repetição. O trabalho dos atletas e o interesse em aprender cada vez mais".
"O Bruno Henrique precipitou um pouquinho a saída. Poderia esperar para ir para uma equipe de ponta da Europa, porque vinha jogando bem. Foi contratado para ser segundo volante, veio para primeiro e jogou muito bem".
"Quem contratou, contratou bem. Eles vão acrescentar muito. Por ter trabalhado com eles, sei da qualidade de todos esses cinco atletas".
* Foi auxiliar do Corinthians entre 2009 e 2016, interino em três momentos e treinador efetivo desde janeiro.
Petros barrou Jadson por roubar mais bolas
Como chegou: O Corinthians ouviu de funcionários do próprio Penapolense, onde ele atuava, que era o jogador mais importante da equipe que chegou à semi do Paulista após eliminar o São Paulo.
Como cresceu: Quase nunca foi volante no Parque São Jorge, mas tinha muitas atribuições defensivas pelo lado do campo. Ganhou fama de queridinho de Mano Menezes em 2014 porque era o jogador que mais roubava bolas, que mais corria segundo o monitoramento e ainda dava maior liberdade ao jovem Malcom. Petros tinha tanto prestígio que colocou Jadson no banco.
Como voltou ao Brasil: Teve destaque em dois anos com o Betis na Espanha, mas recebeu proposta praticamente irrecusável de um contrato longo no São Paulo, temeroso em perder Thiago Mendes.
Preço: R$ 9,3 milhões
B. Henrique foi aposta do CIFUT e de auxiliar de Mano
Como chegou: foi destaque do Londrina no Paranaense 2013 e na Portuguesa no mesmo ano. Um personagem essencial para que fosse contratado foi o auxiliar Sidnei Lobo, também importante na indicação de Petros.
Como cresceu: Era motivo de orgulho do CIFUT, centro de inteligência de futebol do Corinthians, pelo acerto na análise. Bruno alternou entre banco e time titular entre 2014 e 2015, com maior destaque como segundo volante pela força física, chute de fora e boa chegada à frente. No último ano, cresceu como substituto de Ralf e acabou negociado.
Como voltou ao Brasil: Devido a baixas no setor, o Palmeiras identificou em Bruno, rebaixado com o Palermo na Itália, o jogador capaz de atuar em diferentes funções e manter a qualidade no meio.
Preço: R$ 11 milhões
Edenílson chegou por Miro, irmão de Tite
Como chegou: Se destacou como meio-campo pelo Caxias, cidade onde vive a família de Tite. A indicação partiu de Miro, irmão e conselheiro do então treinador.
Como cresceu: Dos cinco jogadores, foi quem teve menos tempo como titular por concorrer na época com Paulinho, mas chegou a jogar ao lado dele. A disputa, porém, abriu caminho para jogar aberto pela direita e principalmente na lateral, posição em que chegou a barrar Alessandro em 2012. Quando virou titular absoluto, foi vendido à Itália.
Como voltou ao Brasil: Foi mapeado pelo Inter, que buscava um jogador capaz de jogar ao lado de Rodrigo Dourado e percorrer longas distâncias para compensar a idade avançada de D’Alessandro.
Preço: emprestado pelo Genoa-ITA
Jucilei virou escudo de R. Carlos em 2010
Como chegou: É mais um dos jogadores cuja indicação é ligada a Sidnei Lobo e à família Malucelli, hoje proprietária do Londrina e naqueles tempos ao J Malucelli. Temporariamente, o clube teve a alcunha de Corinthians Paranaense.
Como cresceu: Aproveitou o espaço deixado em 2009 pela saída de Cristian e não saiu mais da equipe titular do Corinthians com qualidade técnica, boa marcação e capacidade de infiltrar. Ao assumir em 2010, Tite usou três volantes e, principalmente, Jucilei para proteger o setor de Roberto Carlos, muito criticado internamente. Com Ralf, Elias e ele, o time se estabilizou naquele ano.
Como voltou ao Brasil: Foi jogador desejado pelo São Paulo durante muito tempo. Devido à mudança no regulamento para estrangeiros na China, abriu a chance de voltar ao Brasil em 2017.
Preço: empréstimo do Shandong-CHN
Elias virou volante por falta de espaço na meia
Como chegou: Na Ponte Preta vice do Paulista em 2008, Renato Cajá era o jogador mais badalado. Mano Menezes, porém, escolheu Elias como o reforço ideal.
Como cresceu: Ele era meia e assim iniciou a trajetória no Parque São Jorge durante a Série B, mas devido aos melhores momentos de Morais e Douglas acabou recuado por Mano. A partir dali, Elias, que era atacante na base do Palmeiras, encontrou a função onde despontaria na carreira, com boa marcação e chegada forte à frente.
Como voltou ao Brasil: Essas virtudes, já em outro estágio da carreira, como um jogador de currículo vitorioso, agradaram o Atlético-MG e Roger Machado.
Preço: R$ 8,5 milhões
Eles dão sequência à história de volantes do Corinthians
Titulares mais que absolutos e entre os cinco de linha mais utilizados por Carille no ano, Gabriel e Maycon têm trajetórias distintas, mas em comum o selo de volantes do Corinthians.
O primeiro passou por Paulínia, Botafogo e Palmeiras até chegar ao clube neste ano, mas fala abertamente sobre um crescimento individual importante, com lições diárias sobre posicionamento e disciplina.
Já Maycon tem algo que nenhum outro jogador citado em toda a matéria tem: foi efetivamente criado na base. Jogou de meia e lateral, e assim cresceu como atleta desde jovem. Evoluiu após empréstimo à Ponte Preta em 2016 e ganhou a vaga nesse ano para confirmar o que Tite previa ao chamá-lo de "novo Elias".
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