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Agente de Cueva explica queda, pede respeito à diretoria e fala em saída

Cueva tem sete gols e quatro assistências nesta temporada pelo Tricolor - Guilherme Dionízio/Photopress/Estadão Conteúdo
Cueva tem sete gols e quatro assistências nesta temporada pelo Tricolor Imagem: Guilherme Dionízio/Photopress/Estadão Conteúdo

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

29/06/2017 04h00

Ronald Baroni é um ex-jogador peruano. Figura polêmica, coleciona inimigos pelo futebol sul-americano, está proibido de ingressar no próprio país e é conhecido por defender seus clientes com afinco. O maior pupilo do empresário de 51 anos é Christian Cueva, por quem sempre comprou briga diante das críticas da imprensa, da desconfiança de torcedores e das cobranças dos dirigentes. E nem o São Paulo, clube onde o meia mais se destacou na carreira, passa impune do controverso agente.

A informação de que os tricolores estão decepcionados com o desempenho recente de Cueva deixou Baroni incrédulo: "Me dá muita pena ouvir isso". As ponderações contra o camisa 10 começaram após lesão muscular sofrida em jogo da seleção peruana. Desde meados de março, o armador não conseguiu nenhuma assistência e nenhum gol (veja o último no vídeo abaixo), além de passar a ser criticado pela demora para recuperar a melhor forma física. Baroni tem a justificativa.

"É difícil estar fisicamente bem se, mal você está recuperado de uma lesão, já te soltam para jogar sem o condicionamento prévio. É fácil falar. Então eu prefiro falar da atitude do jogador de se colocar à disposição naquele momento", disse o empresário ao UOL Esporte.  

As reclamações mais fortes contra Cueva têm partido de conselheiros e dirigentes, sempre direcionadas para a comissão técnica. Em campo, o treinador Rogério Ceni segue apostando no peruano como titular, mas não hesita em sacá-lo do time. No Campeonato Brasileiro, por exemplo, o meia terminou somente um dos seis jogos que disputou, crescendo de produção somente nos últimos três, mas ainda longe do brilho do início do ano.

"Sempre disse que ele retomaria a melhor forma. Isso é admirável", pontua Baroni, que prossegue com um aviso ao clube paulista: "Não me meto a opinar no time, isso não me diz respeito. Só falo para proteger Cueva e porque creio que, mesmo em pouco tempo, ele deu muito ao São Paulo. E espero que haja respeito com isso. É um dos melhores assistentes atualmente e a isso se somam seus gols, seus lances de desequilíbrio. Espero que ele esteja feliz. Se não for assim, pensaremos em sair".

 Apesar do discurso duro - e recorrente, como mostra uma conta no Twitter (@BaroniRonald) abandonada desde junho de 2016 -, Ronald Baroni assegura que não há nenhum movimento para que Cueva seja vendido nesta janela de transferências. Sem propostas, nem sequer consultas. Ainda assim, o tom alarmista para os são-paulinos não diminui: "Se houver uma oferta do nível que Cueva merece, vamos embora".

Essa "oferta de nível" não tem um formato pré-definido por Baroni. O empresário diz que "o preço de um jogador é imposto pelo mercado, e não por um clube", para desviar das perguntas sobre a multa rescisória do contrato com o São Paulo, válido até 2021. "O preço real de Cueva é a melhor oferta que se apresentar a ele. E essa oferta precisa ser real, não apenas um rumor".

Agente é tratado como personagem em seu país

A imprensa peruana tem em Baroni um de seus alvos favoritos. Do esporte às fofocas envolvendo celebridades locais. O ex-jogador é considerado "um verdadeiro personagem", desde a saída do Universitário, onde era ídolo e passou a ser chamado de mercenário, até os problemas judiciais com a ex-mulher, Mónica Cabrejos. E é justamente esse imbróglio que o impede de viajar com frequência ao Peru - se volta, é com ajuda de liminares concedidas pela Justiça.

Até mesmo o hábito de sair em defesa de Cueva já foi ironizado por sites esportivos, após expulsão do meia contra o Chile nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018. Baroni disse que todo jogador passa por jornadas ruins, mas que era preciso lembrar como Cueva havia sido decisivo contra o Brasil na Copa América de 2015, competição na qual foi eleito para o time ideal. O jogo em questão, todavia, terminou com vitória brasileira por 2 a 1.

"Tenho família, cinco filhos e fui um jogador profissional, de seleção. Trabalho com responsabilidade e hoje atuo somente na Europa. Desde 2000 não tenho contato com a imprensa por achar que não é meu dever falar, e sim trabalhar para meus jogadores. Por isso tenho esse perfil discreto. Sempre visito a família no Peru, não tenho nenhum problema para isso", responde Baroni.