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Ex-opositor vira homem-chave em costura pela paz política no Corinthians

Paulo Garcia (ao centro) sempre foi opositor, mas ajudou atual presidente - Reprodução
Paulo Garcia (ao centro) sempre foi opositor, mas ajudou atual presidente Imagem: Reprodução

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

29/06/2017 11h00

Andrés Sanchez se distanciou do histórico aliado Roberto de Andrade por interferências e diferenças na gestão do Corinthians. Em um cenário de fervura, coube a um membro da oposição o papel de auxiliar o presidente na costura política em um momento de crise entre o fim de 2016 e início desse ano.

Paulo Garcia, presidenciável derrotado em eleições passadas pelo grupo que está no poder, foi uma figura importante para que a estabilidade nos bastidores fosse alcançada e a atual direção pudesse trabalhar com tranquilidade. Hoje, segundo aliados das duas partes, ele é figura muito mais próxima de Roberto de Andrade que o próprio amigo Andrés.

As indicações de três pessoas de confiança por parte de Paulo Garcia fizeram parte da costura política da situação: Antônio Rachid, secretário-geral e responsável por atuar nos bastidores contra o impeachment, Flávio Adauto, diretor de futebol com perfil pacificador, e Fernando Sales, diretor de marketing escolhido após a saída do superintendente Gustavo Herbetta.

Nem todos foram soluções que partiram de Garcia, mas tiveram seu aval. "O Roberto perguntou a mim e a outros sobre eles e eu disse que eram nomes bons para ajudar a apaziguar, eram conselheiros vitalícios, pessoas competentes na minha opinião", explica Paulo ao UOL Esporte. "O Flávio Adauto é uma boa pessoa, alguém no clube há muitos anos e acho que foi bom para ajudar. Troco ideias naturais com o presidente", descreve.

Além deles, o principal aliado de Roberto de Andrade na administração é um membro da oposição e também bastante ligado a Garcia. Trata-se de Emerson Piovesan, responsável pelo financeiro e único dos diretores mais importantes a seguir na gestão do início até esse último ano. O dirigente, que hoje atua também em questões da Arena Corinthians, foi adversário de Roberto no último pleito como candidato a vice de Roque Citadini e sempre foi muito próximo a Paulo Garcia.

Já ao secretário-geral Rachid é atribuído parte do êxito no trabalho de bastidores durante o processo de impeachment. Ele, em particular, é considerado historicamente o principal braço direito de Paulo Garcia, e hoje também atua ao lado de Andrade na administração. É Rachid quem organiza pequenas excursões de conselheiros a jogos na Arena Corinthians, com direito a acompanhar as partidas em camarotes do estádio e receber um certificado. A oposição tem reclamado desse movimento.

"Acho que as coisas se apaziguaram porque vai se eliminando os problemas, resolvendo. Deu uma tranquilizada em fofocas, em pessoas que jogam contra, então isso dá uma tranquilidade para a diretoria", cita Paulo Garcia, que apesar de opositor sempre se caracterizou pela facilidade em transitar na situação. Ele é muito próximo também do ex-presidente Andrés Sanchez, e chegou a doar R$ 601 mil à campanha dele como deputado federal por meio de suas empresas.

Proprietário da Kalunga, patrocinadora histórica do clube nos anos 1990, Garcia é normalmente comparado entre conselheiros como o presidenciável capaz de fazer, no Corinthians, gestão de perfil similar à de Paulo Nobre no Palmeiras pela condição financeira e possibilidade de investimentos. Apesar disso, segundo aliados, a candidatura dele dependeria da desistência de Andrés em 2018 - hoje o ex-mandatário é favorito a participar do pleito.

"Ainda é cedo para isso. Ainda está muito longe. Lá para outubro vamos tomar uma decisão", diz Paulo Garcia.