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Tragédia em casa recria turbulência e pressiona Guto Ferreira no Inter

Guto Ferreira não conseguiu bons resultados em casa e está pressionado - Ricardo Duarte/Inter
Guto Ferreira não conseguiu bons resultados em casa e está pressionado Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

03/07/2017 04h00

Há 15 dias o quadro era o mesmo. Guto Ferreira precisava mostrar resultado para permanecer no Inter. A forte manifestação da torcida após o empate contra o Paraná no Beira-Rio amplificou a contestação ao trabalho do técnico que assumiu o time gaúcho no começo de junho. O Colorado ganhou do Brasil de Pelotas em seguida. Mas o placar só adiou uma onda ainda maior de reclamações internas e externas que, unidas ao fracasso diante do Boa Esporte, deixam a partida contra o Criciúma, no próximo sábado (8), como marco para permanência ou queda.

Depois do jogo contra o Paraná, o Inter conseguiu mostrar alguma evolução. Bateu o Brasil de Pelotas fora de casa e teve tranquilidade para uma semana de treinamentos. Optou pelo exílio e hospedou-se em um resort na região metropolitana de Porto Alegre. Realizou quatro atividades por lá, todas sem a presença de torcedores ou imprensa. Apenas o aquecimento era aberto para imagens.

Com portas fechadas a expectativa era de evolução. Mas o que se viu foi exatamente o contrário. Diante do Boa Esporte a equipe jogou muito menos do que contra o Brasil de Pelotas. Perdeu por 1 a 0 e viu o protesto mais forte do ano após o jogo. Vandalismo no pátio do Beira-Rio, confronto com a Brigada Militar, bombas de efeito moral, spray de pimenta, um detido e o estádio vermelho refletindo a decepção pela campanha irregular na Série B.

"O torcedor tem razão em protestar. Eles esperam o resultado e o desempenho. Não veio nenhum dos dois. De forma pacífica e ordeira, o protesto é totalmente válido. O que não concordamos é com a violência", disse o vice de futebol vermelho, Roberto Melo.

O descontentamento da torcida mostra as dúvidas que já surgem sobre o trabalho de Guto Ferreira. Mesmo que a direção vermelha diga publicamente que não há razão alguma para desconfiar, um resultado negativo diante do Criciúma pode mudar drasticamente os planos.

"O Guto recém chegou e foi uma semana de treinos fechados. Não temos limite (de paciência). É a primeira derrota dele no campeonato. Acreditamos muito no trabalho que está sendo feito", completou Melo.

Porém, internamente já começam a surgir reclamações. A diferença entre o rendimento em treinos e jogos, a falta de alternativas para resolver os problemas do time, as alternativas adotadas durante os jogos. Tudo estará sob análise diante do Criciúma.

Até porque mais uma semana de treinos será feita. "É uma sequência do que já começou lá. As coisas não são tão rápidas", argumentou Guto. "Quem acompanha os treinos sabe que o trabalho está sendo bem feito", completou, mesmo que os treinamentos sejam sempre fechados e ninguém de fora do clube possa acompanhar.

2016 está de volta?

O ano mudou, mas o cenário é muito semelhante. A pressão a Guto Ferreira remonta algo que muito atrapalhou o Inter no ano passado: as trocas de treinador. Ele já é o segundo em menos de um ano. Na temporada da queda para Série B foram quatro profissionais: Argel Fucks, Falcão, Celso Roth e Lisca. Quando assumiu o clube, a atual direção garantiu que não tomaria a mesma conduta.

Além disso, a tensão no pátio do Beira-Rio a cada jogo em casa também lembra 2016. Foram muitos protestos, uns violentos e outros não, durante o ano passado. Neste ano ao menos cinco já aconteceram e o pior deles no último sábado.

Irritados, os torcedores encontraram outra forma de se manifestar. Para o jogo contra os catarinenses, os aficionados estão se organizando através da internet e não querem entrar no estádio. Durante a partida, permanecerão do lado de fora, manifestando-se contra a situação atual.

"Tenho certeza que a torcida não irá nos abandonar. Não abandonou no ano passado e neste ano vai continuar lutando pelo time. Precisamos muito deles", finalizou Roberto Melo.