Contrato de Ceni obrigava SP a pagar multa nesta temporada; veja detalhes
A partir do momento que decidiu demitir Rogério Ceni ainda em 2017, o São Paulo sabia que não poderia fugir da multa de R$ 5 milhões prevista no contrato do treinador. Assinado em novembro do ano passado, o compromisso só previa qualquer alívio no valor da rescisão após o fim da temporada.
A reportagem teve acesso ao acordo, que tem uma cláusula prevendo indenização de R$ 5 milhões para qualquer uma das partes em caso de decisão unilateral de rompimento do contrato. O valor seria reduzido para R$ 2,5 milhões na segunda temporada. Assim, se Rogério Ceni pedisse demissão em 2017, teria de pagar R$ 5 milhões ao São Paulo, pelo contrato.
A obrigatoriedade é importante pela narrativa que se formou nos últimos dias. Em entrevista ao site "Globoesporte.com", o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, falou em uma espécie de "gatilho" para o pagamento de multa, que permitiria ao São Paulo ficar livre da multa caso Ceni não atingisse um percentual específico de aproveitamento, determinado em contrato. O problema é que, na prática, não é bem assim que o documento funciona. Neste momento, independentemente do desempenho, o ex-goleiro teria de ser recompensado em caso de rescisão.
A exceção para o não pagamento de multa que está prevista no acordo é o fim da temporada atual, entre 11 e 25 de dezembro 2017, quando se entende que o clube está fazendo o planejamento para o ano seguinte. Neste período, e somente nele, Rogério Ceni poderia ser demitido sem nenhum pagamento caso tivesse completado a temporada com aproveitamento inferior a 40% em competições oficiais (Campeonato Paulista, Copa do Brasil, Copa Sul-Americana e Brasileiro).
O número em si também gerou confusão nos últimos dias. São Paulo e Rogério Ceni chegaram em 40% como índice-base a partir da média de desempenho dos três últimos treinadores do clube - Ricardo Gomes, Edgardo Bauza e Doriva. Ao contrário do que se imaginava e foi publicado inclusive pelo UOL Esporte, o rendimento de Juan Carlos Osorio, que dirigiu a equipe em 2015 e "aumentava" o percentual, não entrava na conta. De qualquer maneira, com 49,5% alcançados até a demissão, o ex-goleiro superou a meta.
O São Paulo jamais cogitou a possibilidade de não arcar com o pagamento da multa, mas estuda como fazê-lo. Por isso, Rogério Ceni deve se reunir em breve com os dirigentes do clube para discutir como será efetuado o acerto. O mais provável é que o Tricolor tente parcelar a sua dívida.
Salários e detalhes do acordo
Para os padrões do futebol brasileiro, Rogério Ceni não tinha um salário tão alto quando comparado aos vencimentos de treinadores de outros grande clubes do país. O ex-goleiro recebia R$ 250 mil por mês, com reajuste semestral pelo IGP-M. O valor da multa foi estipulado também de acordo com o contrato, sendo que o valor não poderia superar a totalidade de salários que ele teria a receber durante o tempo que deveria trabalhar no São Paulo (R$ 6 milhões).
A diferença para treinadores anteriores é que nenhum dos antecessores de Ceni teve uma multa estipulada em caso de rescisão. Como é comum no mercado, os demitidos tinham direito a apenas um mês de salários.
Rogério Ceni também não recebia direito de imagem no acordo. Por isso, até se viu em uma polêmica por não usar o uniforme do clube durante as partidas e não exibir a logomarca da Corr Plastik. A empresa tinha acordo assinado em 2016 prevendo a exposição de sua marca no vestuário da comissão técnica. No caso, o treinador não foi obrigado a utilizar o uniforme durante as partidas e o clube deu, como bonificação, o espaço de patrocinador máster do time na reta final do Paulista.
Por outro lado, Rogério Ceni teria a possibilidade de receber bônus em caso de conquistas de títulos nas competições que o clube fosse disputar. Além disso, o treinador teria direito a receber R$ 300 mil caso o São Paulo superasse os 59% de aproveitamento dos pontos no fim da temporada.
Futuro aberto
O ex-goleiro foi comunicado de sua demissão na segunda-feira (3), após reunião com o presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, e o diretor executivo de futebol, Vinicius Pinotti. O encontro durou pouco tempo e o ex-treinador não quis falar sobre a multa de R$ 5 milhões a que tem direito.
Rogério Ceni ainda não definiu qual caminho pretende seguir no futebol. Segundo apurou a reportagem, o ex-goleiro deve pegar alguns dias de folga para definir o seu futuro. Na última terça-feira, ele foi ao CT da Barra Funda para se despedir de funcionários e jogadores. Muitos se mostraram tristes com a saída do treinador, que pareceu chateado por ver o seu projeto não ter êxito.
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