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Futebol da China não assusta mais: janela fecha sem grandes negócios

Christof Koepsel/Getty Images
Imagem: Christof Koepsel/Getty Images

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

14/07/2017 04h00

Nos últimos três anos, o futebol chinês era um fantasma que aparecia a cada janela de transferências. Desta vez, o período de negociação de jogadores abriu e será fechado nesta sexta-feira sem que ninguém percebesse.

O negócio de maior impacto envolveu o francês Anthony Modeste. Sensação da Bundesliga jogando pelo Colônia, ele marcou 25 gols. Só foi superado na artilharia por Aubameyang, do Borussia Dortmund, com 31 gols, e Lewandowski, do Bayern de Munique, com 30.

O atacante, porém, não tinha um mercado tão grande quanto se pensou: rodado, ele já tinha fracassado na Inglaterra e só fez a sua primeira grande temporada em 2017, aos 29 anos. A China acabou sendo sua única chance de uma boa transferência. E, mesmo assim, não foi um negócio tão grande.

Ele foi contratado pelo Tianjin Quanjian, de Alexandre Pato, mas por empréstimo. O time chinês vai pagar 5,7 milhões de euros (quase R$ 21 milhões) para contar com o atleta por duas temporadas. Se tudo der certo, aí sim aparece o dinheiro: o acordo prevê a compra, após esses dois anos, por quase R$ 80 milhões.

Segundo o site especializado Transfermarkt, os chineses só fizeram mais uma grande compra nesta janela: o atacante camaronês Moukandjo trocou o Lorient, da França, pelo Suning (de Ramires e Alex Teixeira). O valor, porém, foi modesto: 4,68 milhões de euros (cerca de R$ 17 milhões). 

O furacão que levou grande parte do elenco dos times brasileiros nos anos anteriores, dessa vez praticamente não fez estrago ao futebol nacional. Peça que atuava com frequência na equipe da Chapecoense, o atacante Rossi acertou sua saída para o Shenzhen Football Club, da segunda divisão chinesa. Muriqui, que não tinha espaço no Vasco, rescindiu com o clube carioca e acertou seu retorno ao Ghangzou Evergrande. Mas, até agora, parou por aí.

A situação é bem diferente da janela de fim de ano, em que os chineses foram os grandes protagonistas. Foi nesse período, por exemplo, que Shangai SIPG comprou dois brasileiros por números astronômicos. O meia Oscar saiu do Chelsea por 60 milhões de euros e o atacante Hulk deixou o Zenit por 55,8 milhões de euros.

Dois pontos explicam a pouca ação dos chineses atualmente. Primeiro, a temporada que segue o ano do calendário, como a do Brasil. Com isso, essa janela de meio de ano nunca é tão ativa. Nos últimos dois anos, por exemplo, os chineses tiveram sempre duas transações entre as dez maiores da temporada. Nos quatro casos, foram negócios feitos entre janeiro e fevereiro.

Mesmo assim, o volume ainda seria baixo para os novos-ricos do futebol mundial. A segunda explicação é a mudança de regras: desde o início do ano, cada contratação internacional de um time chinês custa o dobro para seus cofres, já que o governo exige que cada yuan gasto em contratações seja igualado por outro que vai para um fundo de apoio ao esporte.

Além disso, o número de estrangeiros que podem entrar em campo a cada partida caiu de quatro para três e existe a exigência de que cada time use um atleta chinês com menos de 23 anos a cada jogo. Com isso, não apenas as contratações diminuíram, mas o espaço dos jogadores não-chineses que já estavam por lá foi reduzido.

No primeiro semestre, o futebol brasileiro sentiu esse efeito. Jucilei, por exemplo, considerado um dos privilegiados na China por contar com passaporte palestino e entrar em uma cota extra para asiáticos, preferiu voltar para o São Paulo. Geuvânio, ex-Santos, também ficou sem espaço e acabou no Flamengo - foi convocado para uma partida pela primeira vez na quinta-feira.