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Betão revê Corinthians e diz que rebaixamento do time foi "divisor de água"

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

18/07/2017 04h00

A cena do zagueiro Betão desolado no gramado do estádio Olímpico, há quase dez anos, tornou-se um dos símbolos do capítulo mais difícil da história do Corinthians. Após o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, jogador e clube trilharam caminhos distintos e conseguiram dar a volta por cima, cada um à sua maneira.

Nesta quarta-feira à noite, em Florianópolis, Betão, capitão do Avaí, reencontrará o time que o revelou. Na véspera do jogo válido pela 15ª rodada do Brasileirão, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o jogador de 33 anos voltou ao passado ao falar sobre a passagem de 14 anos pelo clube alvinegro.

De forma franca, Betão disse que o descenso ocorrido em dezembro de 2007, após um empate por 1 a 1 com o Grêmio, serviu de lição para o clube e para ele mesmo. Ambos, de acordo com ele, evoluíram depois da queda.

"Existem duas maneiras de ver isso. Claro que rebaixamento não é bom para ninguém, sempre marca. Mas foi um divisor de água para o Corinthians, uma mudança drástica. Muita gente abriu o olho para muita coisa que não estava certa e a partir dali o Corinthians se tornou o que é hoje. Deveria ter se tornado muito tempo antes", disse o zagueiro do Avaí.

"Para mim foi muito triste porque me senti incapaz de impedir uma situação ruim num clube que fui criado e gosto. Me senti incapacitado naquele momento, mas serviu com uma grande lição, como crescimento profissional. Me fez uma pessoa madura", completou.

"Jogo especial" e reencontro com Jô

Betão 2 - Fernando Santos/Folhapress - Fernando Santos/Folhapress
Betão conquistou dois títulos no Corinthians
Imagem: Fernando Santos/Folhapress

Revelado pelo Corinthians, Betão defendeu o time profissional em 215 partidas entre 2001 e 2007. Agora, voltará a enfrentar a ex-equipe depois de nove anos - no primeiro reencontro, o zagueiro atuava pelo Santos e enfrentou um Corinthians totalmente remodelado em relação ao time rebaixado quatro meses antes.

"Não existe ansiedade. Já tenho uma certa idade e já sei controlar bem a ansiedade. É claro que não vai ser um jogo normal para mim, vai ser diferente, principalmente porque eu vivi 14 anos lá dentro. Não deixa de ser um jogo especial", afirmou Betão, que jogou no Dínamo de Kiev por quase oito temporadas.

O duelo desta quarta-feira, de acordo com Betão, será importante também para "rever os amigos" que ainda estão no Corinthians. Um deles será Jô, também revelado na base do clube alvinegro - juntos, os dois fizeram parte do elenco campeão brasileiro de 2005.

"A gente sempre ficava junto. Tinha uma proximidade muito grande. A gente se enfrentou também na Europa, quando ele jogava pelo [Manchester] City e eu no Dínamo [de Kiev]", contou Betão, que defende o Avaí desde agosto passado.

"A relação que tenho com ele é de muito carinho, porque vi o crescimento dele no Corinthians. Desde aquela época já havia muita expectativa em torno do futebol dele. Hoje a gente vê essa trajetória de vitória que ele tem. Faz um tempo que não falo com ele, mas o carinho continua o mesmo", ressaltou o zagueiro do time catarinense.

Betão preferiu novo ciclo

Jô deixou o Corinthians no começo de 2006, logo após o título brasileiro. Betão, por sua vez, passou a jogar com mais frequência no Corinthians nos anos seguintes. Depois do descenso, o zagueiro preferiu não renovar o contrato com o clube alvinegro.

Betão - Thiago Ribeiro/AGIF - Thiago Ribeiro/AGIF
Zagueiro de 33 anos é um dos líderes da equipe do Avaí
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

De acordo com ele, a diretoria comandada por Andrés Sanchez fez uma proposta de renovação por dois anos, com empréstimo imediato para outra equipe. Betão, no entanto preferiu iniciar um novo ciclo no Santos, onde a passagem durou apenas seis meses.

Aos 33 anos, o zagueiro afirmou que não pensa em quela time encerrar a carreira, mas mostra-se aberto a um novo período no Corinthians. "Temos de ter uma postura profissional. Não faço planos. Se acontecer, ficarei feliz, mas não tenho planos diretos para isso", disse.