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Otimista, Micale se diz em casa no Atlético: "não é convite, é convocação"

Rogério Micale durante o primeiro treino como técnico do Atlético-MG - Divulgação Atlético-MG
Rogério Micale durante o primeiro treino como técnico do Atlético-MG Imagem: Divulgação Atlético-MG

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

24/07/2017 18h24

Rogério Micale comandou o time profissional o Atlético-MG pela primeira vez nesta segunda-feira. A única novidade para o treinador, que já conhece muito bem o caminho da Cidade do Galo, local que trabalhou entre 2009 e 2015 como treinador da equipe sub-20 do clube mineiro. Ao chegar no CT alvinegro, Micale cumprimentou cada funcionário pelo nome.

“É um prazer enorme em voltar à minha casa. Me sinto em casa. Falei com os funcionários que é bom chegar num lugar e conhecer as pessoas. Sei o peso de vestir a camisa do Atlético, é um time muito grande. A expectativa é a maior possível”, disse o treinador, que chegou esbanjando otimismo, mesmo com o momento ruim do time campo.

“Olho com muito otimismo. São cinco jogos para conquistar a Copa do Brasil, sete para ganhar um torneio internacional. E tem o Brasileiro. Precisamos muito da nossa torcida. Foi sempre ela que empurrou essa equipe. É difícil reverter as coisas sem o torcedor do lado. A gente pretende implantar o que entende de futebol, mas tendo cuidado com a característica dos jogadores. Vamos fazer a equipe mais competitiva, mas isso é um processo. Vamos tentar fazer o mais rápido possível. O time fez um jogo excelente contra o Botafogo fora de casa e estou confiante que podemos fazer outro”.

Como nos Jogos Olímpicos

Estou vivendo o que eu vivi nos Jogos Olímpicos. Era um treinador desconhecido para a maioria dos brasileiros, com um desafio imenso. Eram jogadores estrelas do futebol mundial. Precisava convencer os atletas do meu projeto. No início, através dos treinos, foi lindo e maravilhoso, todo mundo encantado. Após dois jogos, contra Iraque e África do Sul, foram empates e o 'mundo acabou'. Vivemos algo muito pesado. À medida que as coisas foram acontecendo, precisávamos acreditar que só a gente poderia mudar aquela situação. A cobrança era do Brasil todo. O Atlético é um clube de massa, de torcida apaixonada, que está acostumado a vencer e tem um elenco muito bom. Precisamos ter tranquilidade, lembrar das coisas boas que foram feitas, não apenas das ruins e tentar reverter esse momento.

Preparado para a oportunidade

Aqueles que gostariam da minha presença aqui, agradeço demais por confiar. Os que não acreditam tanto, também agradeço, pois vou trabalhar muito para conquistar a confiança deles. Passei nas categorias de base muito tempo da minha vida. É como a escola. Depois você tem que dar o próximo passo. Errei muito nas categorias de base e aprendi com eles. Veio a oportunidade e mostrei, como nas Olimpíadas. O início é difícil em qualquer área. Tenho uma história no clube, tenho títulos na base. Participei de todas as finais possíveis, em todos os torneios. Tenho alguns requisitos para ter uma oportunidade maior. Me sinto preparado. Se vai dar certo, só o tempo vai dizer. Mas estou apto para essa chance. Estudei, me preparei, fui ver o que outros clubes da Europa fazem, outras seleções. Fiquei mais de 50 dias estudando a metodologia do futebol europeu. Fui um goleiro meia-boca e fui estudar, me preparei o máximo para essa chance. A vida é pautada de desafios. Esse é mais um, espero realizar tão bem, como realizei outros

Relação com Tite

Em relação ao Tite, falei que teve uma surfada na onda e fui mal interpretado. Seleção pré-olímpica era uma coisa e depois da Olimpíada era outra. A gente minimiza muito o trabalho. Eu preparei aquela seleção por um ano. Se a gente for olhar modelo de jogo Tite e Micale, são diferentes. Não quis 'surfar na onda' do Tite. O que ele pensa de futebol para a Seleção Brasileira é diferente do que eu pensava. Eu tinha um ataque muito forte e poderia utilizar o time com quatro atacantes. Sinto que existe uma valorização muito maior dessa conquista fora do país do que no Brasil. A gente minimizou a conquista porque a Alemanha não veio com a seleção principal. A gente tem por característica desmerecer o que a gente conquista. Quando a gente perde, a gente não presta para nada. Quando ganha, muda tudo. O Tite foi almoçar com a gente. Nunca participou de nenhuma palestra, só uma conversa sobre tática. É uma pessoa muito generosa, sabe onde começa e termina o que tem que fazer. A gente está sujeito a muito tipo de especulação. Às vezes, uma mentira vira uma verdade absoluta.

Trabalho de Roger Machado

Admiro muito o trabalho do Roger, acho um excelente profissional. Vou aproveitar muito do que ele fez. Conheço como pessoa e vou usar muitas coisas. Mas tem alguns detalhes que são próprios do Rogério, do meu método de trabalho. O Roger é um grande treinador. Vai ter muito do trabalho dele no meu trabalho.