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Bate-boca ocorre em primeira reunião com candidatos de oposição do Vasco

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/08/2017 21h46

O objetivo era unificar os candidatos de oposição do Vasco para a eleição do clube em novembro. Pela primeira vez, Alexandre Campello, Julio Brant e Otto Carvalho se reuniram, mas o encontro na noite desta terça-feira no Centro do Rio de Janeiro foi marcado por muito bate-boca.

Com pouco mais de 10 minutos de sessão, a primeira divergência já aconteceu. Otto não concordou com o formato da plenária, onde Campello convocou representantes dos diversos grupos políticos para se manifestarem na frente do auditório. Carvalho alegou que o ideal seriam apenas os candidatos terem a palavra. Já Alexandre argumentou que os critérios estavam pré-estabelecidos. A discussão se iniciou e os ânimos se acentuaram (veja no vídeo acima).

Otto bateu-boca com Campello e seus apoiadores, principalmente com o candidato de 2014 Roberto Monteiro, que apoia hoje em dia Alexandre. Brant permaneceu calado e com cara de insatisfação. Após desentendimentos, a reunião prosseguiu seguindo o perfil inicial.

Apesar dos discursos de unificação para fazer frente ao atual presidente Eurico Miranda, muitas foram as discordâncias e pensamentos diferentes entre os grupos. O tema que mais andou num sentido unilateral foi na questão do critério para se definir o nome único para candidato. Julio Brant, da “Sempre Vasco”, é a favor de uma pesquisa entre os sócios, mas disse que acata se o formato de convenção, proposto pela “Frente Vasco Livre”, for o escolhido.

Nele, os candidatos apresentariam suas propostas num grande encontro em local a ser definido e os votantes devidamente identificados na lista de aptos escolheriam os preferidos. Os perdedores retirariam suas candidaturas e apoiariam o vencedor para desafiar Eurico. Otto não deu seu posicionamento sobre o tema.

Após um momento de calmaria, os ânimos novamente se acirraram quando Roberto Monteiro tomou posse do microfone e, depois de um discurso de unificação, alegou que entendia porque alguns olhavam com desconfiança para Otto pois o candidato “estava com Eurico Miranda até outro dia”.

Carvalho se irritou, pediu direito de resposta e rebateu Monteiro:

“Eu tenho responsabilidade pelo meu cargo (atual presidente do Conselho Fiscal) e minha posição tem peso porque posso mudar alguma coisa. Eu poderia ter te incitado dizendo que você teve a oportunidade de mudar e não fez, mas não farei”, disse, fazendo referência ao fato de Roberto ter ocupado o cargo de vice-presidente do Conselho Deliberativo na gestão de Dinamite.

Pouco tempo depois do episódio, Julio Brant se retirou da mesa antes do fim e foi seguido por seus correligionários. O candidato da “Sempre Vasco” pediu desculpas e alegou que já tinha marcado outra reunião com grupos que o apoiam e estava atrasado para tal encontro.

No contexto ideal dos grupos políticos, ainda que no panorama atual isto esteja longe de acontecer, a definição de um candidato único ficará para o fim de agosto. 

Desconfiança com o nome de Fernando Horta

Outro ponto raro de concordância entre os grupos políticos presentes na reunião foi o de desconfiança em relação ao nome de Fernando Horta, atual vice-presidente-geral do Vasco. Mandatário da escola de samba Unidos da Tijuca, o dirigente acena com uma candidatura de oposição, o que significaria uma ruptura com Eurico Miranda.

Os integrantes do encontro, porém, classificaram a possibilidade como um movimento da situação ou, no máximo, de dissidência da situação, considerando os grupos ali presentes como os genuinamente oposicionistas.

Confira os principais trechos dos discursos dos três candidatos:

Alexandre Campello

“Essa unificação só pode se dar com as conversas bilaterais. As reuniões são importantes para que todos participem, mas ela só irá se dar entre os candidatos e as lideranças. A forma como vai se dar a unificação, isso vai ser secundário. Só pode ser planejado e pensado através das conversas entre os grupos”.

Julio Brant

“Vou assumir um compromisso público: qualquer que seja o critério para definir o nome, nós acataremos. Não seremos um empecilho para que a união não aconteça. Que seja pesquisa, convenção... Qualquer que seja o critério estabelecido democraticamente e debatido, acataremos. Que se tenha um afinamento entre as lideranças. Isso será respeitado e acatado pela Sempre Vasco”.

Otto Carvalho

“Diziam que eu era ligado ao Eurico, que era jogada. Então, a primeira coisa que eu fiz foi deixar claro ao pessoal do Campello e do Brant minha posição de Vasco. Participo da política do Vasco há 40 anos. No meu currículo, estive mais contra ele do que a favor. Deixei claro que estava entrando na disputa porque achava que o Vasco tinha que mudar algumas coisas. Só vamos nos reerguer quando todos estiverem juntos. O Vasco precisa de receita e transparência. Tem muita coisa simples que pode ser feita e não é”.