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Com 26 anos, ex-Corinthians tira ano sabático e vira construtor de prédios

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

09/08/2017 04h00

Renan chegou a São Paulo em junho de 2011 para vestir uma das camisas mais pesadas do futebol nacional, a do Corinthians. O clube desembolsara R$ 5 milhões para contratar o jovem que se destacou no Avaí e já defendera a seleção brasileira em um amistoso. Hoje, o atleta está com 26 anos, sem clube e se dedica a construir um prédio no litoral de Santa Catarina.

"Eu quis dar uma pausa para ver o que eu errei e acertei. Também aproveitar minha família, ficar com meus pais, com meu filho".

O pai de Renan já tinha experiência em construção e trabalhava para empresas da região. O ex-goleiro, que está morando em Itapema (SC), usou o dinheiro que guardou dos tempos de futebol para abrir a Construtora e Incorporadora Reuter, onde os dois são sócios. Mas os planos de jogar futebol profissional estão mantidos.

"A carreira não acabou, de maneira nenhuma. A palavra acabou é forte. Quando terminou o contrato com Corinthians havia interessados. Agora também estão aparecendo clubes. Quero voltar, sim, ano que vem".

Renan afirma que há equipes conhecidas que manifestaram interesse e outros clubes menores. Ele espera recomeçar os treinamentos físicos entre outubro e novembro e diz que tem facilidade em recuperar a forma.

Júlio César (à direita) e Renan disputam a posição de titular no Corinthians - Mauro Horita/AGIF - Mauro Horita/AGIF
Imagem: Mauro Horita/AGIF

Por enquanto, foco é na obra

No momento, bola somente em peladas. E Renan joga no ataque porque no gol não daria graça, era vitória certa para o time dele. Apesar de a foto mostrar que continua em boa forma física, ele admite que fica "paradão na banheira", mas avisa que consegue se virar. "A gente fica meio parado, não é um Pelé, nem Neymar. Mas dá uma enganada na frente".

Enquanto futebol é passatempo, Renan prioriza o projeto que está tocando com o pai. É um prédio de três andares e sete apartamentos em Governador Celso Ramos. A cidade fica próxima de Florianópolis e Guga tem uma casa no local. Gisele Bündchen já pediu o imóvel emprestado ao tenista para uns dias à beira-mar.

Renan conta que o prédio construído por ele e os pais é mais modesto, acabamento médio padrão. Saber administrar o dinheiro e guardar uma reserva foi algo que ele aprendeu desde a base no Avaí.

"A gente começou por baixo e não quis dar o passo maior que a perna, começou com apartamento de médio padrão. Desde a base do Avaí o preparador de goleiros e a psicóloga trabalhavam esta parte de sucesso, fama e dinheiro. Tive base familiar muito boa e me preocupei com o futuro".

O ex-goleiro tem um filho e sempre economizou e investiu o dinheiro que ganhou no futebol. Ele conta que a partir do contrato com o Corinthians passou a preparar o futuro financeiro e hoje não depende mais do futebol para viver. Ainda assim, afirma que o esporte continua uma paixão e reitera a vontade de voltar aos gramados.

Renan, goleiro do Avaí  - Rubens Cavallari/Folha Imagem - Rubens Cavallari/Folha Imagem
Imagem: Rubens Cavallari/Folha Imagem

Faltou sequência e sorte na carreira

Renan apareceu para o futebol como uma promessa. Fechou o gol em uma partida de Copa do Brasil e foi decisivo para o Avaí eliminar o São Paulo. Acabou convocado para seleção por Mano Menezes em junho de 2010 para um amistoso contra os Estados Unidos e despertou interesse de vários clubes. O Corinthians comprou o passe, e o atleta ficou no banco alguns jogos. Na estreia, foi questionado pelo gol que tomou do Cruzeiro. Acabou barrado após a terceira partida para nunca mais voltar a defender a equipe.

"Acredito que se tivesse mais continuidade, paciência comigo poderia ter deslanchado. Precisava de sequência maior".

Ele também diz que chegou voando e o tempo no banco interrompeu a boa fase. Mas o maior arrependimento da carreira foi ter aceitado ser emprestado para o Estoril (Portugal). Renan fala que não teve oportunidade nenhuma para jogar e houve ocasiões que nem no banco ficou.

"Me precipitei em ter ido. Não julgo o clube, nem o empresário porque a última decisão é sempre do atleta".

Mas Renan afirma que sua carreira não acabou, há apenas uma pausa. Ele não adianta os clubes interessados, mas diz que a partir de 2018 estará novamente na ativa.