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Quem foi o brasileiro na linha de frente da negociação de Neymar com o PSG?

Maxwell e xeque Nasser Al Khelaifi - Franck Fife/AFP - Franck Fife/AFP
Maxwell foi escolhido pelo xeque Nasser Al Khelaifi para ser a ligação com os brasileiros do PSG
Imagem: Franck Fife/AFP

João Henrique Marques

Do UOL Esporte, em Paris

10/08/2017 04h00

O disparo de mensagens a Neymar foi frequente: “o que mais você quer?”. Afinal, alguém precisava garantir a contratação ao xeque Nasser Al-Khelaifi, o presidente do PSG. A ponte para a negociação ter desfecho positivo, com o pagamento da multa de 222 milhões de euros ao Barcelona e um contrato até 2022, foi feita pelo brasileiro Maxwell, ex-lateral esquerdo do clube e a partir desta temporada coordenador esportivo.

Foi ainda como jogador do PSG no ano passado que Maxwell começou a sondar Neymar. A intenção era trazer o atacante do Barcelona para dentro do vestiário do clube francês, com a garantia de bom relacionamento e o papo boleiro de “jogar aonde quiser em campo”. O ex-atacante do Barcelona logo foi seduzido pelas palavras.

Fontes do estafe de Neymar consultadas pelo UOL Esporte comentam que Maxwell foi figura crucial na contratação. A troca de mensagens era diária com o pai, Neymar da Silva Santos, e o jogador. No mês final de negociação, Maxwell já havia garantido ao xeque Al-Khelaifi a assinatura contratual.

“Fiquei nervoso. Passava dias pedindo para que perguntassem ao pai do Neymar se tinha uma necessidade de demora”, destacou Al-Khelaifi na apresentação do brasileiro.

Calmo, Maxwell ainda assegurou a contratação do amigo Daniel Alves –atuaram juntos no Barcelona de 2009 a 2011 -, um pedido de Neymar, e esperou os 20 dias de pré-temporada do atacante do brasileiro no Barça com a certeza de missão cumprida. A essa altura a troca de mensagens com o jogador já era para combinar os primeiros passos no PSG.

Em Porto, cidade longe da imprensa escolhida para Neymar realizar os exames médicos com o PSG no dia em que avisou o vestiário do Barcelona sobre a saída do clube, lá estava Maxwell na pista do aeroporto esperando pelo atacante. Na apresentação ao clube e no camarote do jogador antes da estreia do PSG pelo Campeonato Francês – vitória por 2 a 0 diante do Angers -, o ex-lateral esquerdo sentou-se ao lado de Neymar pai.

Maxwell deixava a operação financeira a cargo do empresário israelense representante de Neymar, Pini Zahavi e o diretor esportivo do PSG, o português Antero Henrique. Na conversa avançada com o pai do jogador tinha até dicas de onde morar em Paris.

Com tanta eficiência, não à toa Maxwell foi o primeiro a receber o abraço de Nasser Al-Khelaifi após a entrevista coletiva de apresentação de Neymar. O trabalho como dirigente foi cumprido com maestria. E apenas começou.

“Não sou mais jogador. Estou feliz, satisfeito, mas não posso falar. Nunca mais”, disse Maxwell ao ouvir o pedido de entrevista.

O bom relacionamento no vestiário

A presença do brasileiro na diretoria foi caso pensado do PSG para justamente facilitar o relacionamento de Al-Khelaifi com os brasileiros – Thiago Silva, Marquinhos, Daniel Alves, Thiago Mota, Lucas Moura e Neymar -. A mesma estratégia adotada pelo clube há dois anos quando o zagueiro francês Zoumana Camara se aposentou depois de oito temporadas pelo clube e passou a ter cargo diretivo para melhorar a relação do xeque com os jogadores franceses.

O bom relacionamento no vestiário sempre foi marca positiva de Maxwell no PSG. O brasileiro, por exemplo, era considerado por Zlatan Ibrahimovic como seu melhor amigo. Fruto dos mais de 10 anos de relação entre Ajax, Inter de Milão, Barcelona e PSG. Na autobiografia do sueco, uma ajuda financeira do brasileiro recebida aos 19 anos, em 2001, no Ajax, é citada.

“A culpa era minha. Nem me toquei que somente receberia meu primeiro salário um mês depois de chegar ao clube. Eu e Maxwell tínhamos trocado telefone, ele pareceu um cara legal e falava inglês muito bem. Liguei para ele e disse: 'Maxwell, crise! Não tenho nem cereais para comer. Posso ficar na sua casa?'. E ele respondeu: 'Claro, vem direto para cá'. Se eu tiver algo ruim para dizer sobre ele é que Maxwell é bonzinho demais. Difícil alguém assim se dar bem no futebol, o que é ainda mais incrível no caso dele”, contou Ibrahimovic.