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Com jeito "parça" e leal, Klopp vira principal aposta para segurar Coutinho

Clive Brunskill/Getty Images
Imagem: Clive Brunskill/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

16/08/2017 04h00

Carismático, leal e que pensa no “momento”. A derrota não o faz perder o sono, assim como um título não o faz recuar em seus objetivos. Assim é Jürgen Klopp. É com esse estilo que o técnico do Liverpool virou nome forte no cabo de guerra contra o Barcelona, que tenta seduzir o brasileiro Philippe Coutinho.

Klopp é peça-chave na tentativa do Liverpool de segurar Coutinho, mas se mostra cansado com as insistentes perguntas sobre o brasileiro. “Nada mudou. Não tenho mais o que falar sobre o assunto”, disse em uma de suas dezenas de entrevistas coletivas recentes. O discurso que já foi de ênfase à permanência do jogador, agora é político, colocando a responsabilidade de uma possível venda em dirigentes e donos da equipe inglesa. No entanto, no que diz respeito às suas crenças, não recua: precisa do jogador em seu elenco e brigará por ele até o fim.

O UOL Esporte mostrou como Klopp é visto com grande ascendência sobre praticamente todos os jogadores do elenco e Coutinho é um deles. O nome da vez ressurgiu para o futebol no Liverpool depois de passar pela Inter de Milão sem grandes expectativas para o futuro. Foram 13 milhões de euros pagos pelo jogador na época (2013). Hoje, não sai por menos de 100 milhões de euros. 

A característica firme e exigente, como quem espera a lealdade de um amigo ao falar do jogador brasileiro ou de qualquer um de seu elenco, é algo que o treinador alemão carrega ao longo de sua carreira e também demonstra em sua personalidade quando o assunto é ele mesmo.

Como treinador, Klopp só comandou três equipes: Mainz (2001-2008), Borussia Dortmund (2008-2015) e Liverpool (desde 2015) e em todas ficou por muito tempo, sempre cumprindo o que acreditava ser os objetivos traçados.

No Mainz, ajudou a equipe a subir para a primeira divisão em 2004. Jogador mediano, foi lá que Klopp encerrou sua carreira para assumir o time em seguida. Foi seu trabalho ali que chamou a atenção do Borussia Dortmund, clube que o fez aparecer para o mundo e até ser convidado a assumir o Manchester United após Alex Ferguson se aposentar, em 2013.

Lealdade é o ponto forte em sua personalidade

Klopp comemora com os jogadores do Liverpool  - Stephen Pond/Getty Images - Stephen Pond/Getty Images
Imagem: Stephen Pond/Getty Images
Klopp foi cotado para assumir o United no ano que o Dortmund chegou à final da Liga dos Campeões. “Falamos, mas não muito. Para mim foi muito, uma grande honra para ser sincero, mas na época eu não podia deixar o Dortmund. Era abril e estava no meio do planejamento para a próxima temporada. Você tem esse jogador vindo e aquele outro e de repente eu não estou mais lá. Não é assim que funciona para mim. Eu não ouvi sobre uma oferta mesmo, mas eu não poderia ir. Eu tinha que terminar primeiro meu trabalho no Dortmund e depois pensar em outras coisas. Talvez não tenha sido esperto, mas é assim que sou. Claro que eu fui leal ao Dortmund e também fui com o Mainz”, relembrou em 2016, já no Liverpool.

Pensar no presente e não sofrer com as derrotas

Klopp consola jogadores do Borussia Dortmund após perder o título da Liga dos Campeões  - Laurence Griffiths/Getty Images - Laurence Griffiths/Getty Images
Imagem: Laurence Griffiths/Getty Images
No Borussia Dortmund, Jüergen Klopp teve seu período mais vencedor da carreira com dois títulos do Campeonato Alemão e até mesmo o vice-campeonato da Liga dos Campeões, em 2013, quando o título ficou com o Bayern de Munique. Foi justamente sendo vice que o treinador mostrou seu lado de não ficar mastigando a derrota por mais dura que ela seja.

“Não acho que foi uma oportunidade perdida de ganhar um troféu. Troféus e medalhas são esquecidos em casa e as pessoas esquecem quando e quem ganhou cada título. O que é importante é o momento propriamente dito, as memórias que você fez parte, a experiência”, diz o treinador em seu livro publicado em inglês em 2015.

Treinamentos são fortes e podem fazer até profissionais pedirem “chega”

Klopp comanda treinamento do Liverpool  - Lars Baron/Getty Images - Lars Baron/Getty Images
Imagem: Lars Baron/Getty Images
Quando chegou ao Liverpool, o perfil de Klopp assustou quem estava na equipe inglesa. Acostumados a treinar em dois períodos, o treinador alemão fazia seus jogadores terem uma agenda mais cheia, com dias de trabalhos em três períodos. Em um de seus primeiros treinos com o elenco, alguns jogadores passaram mal e outros ficaram com grandes dores musculares.

O estilo ‘heavy metal’ no ataque já fez Pep Guardiola sentir inveja

klopp e guardiola  - Laurence Griffiths/Getty Images - Laurence Griffiths/Getty Images
Imagem: Laurence Griffiths/Getty Images
Guardiola e Klopp foram rivais na Alemanha quando o atual técnico do City comandava o Bayern de Munique. O espanhol chegou a admitir que aprendeu com o alemão.

“Nossos estilos não são parecidos, mas eu gosto muito da forma como ele joga. Talvez Klopp seja o melhor técnico do mundo em termos de criatividade, que ataca de trás com tantos jogadores de quase todos os lugares do campo. Eles têm a intensidade com e sem a bola e isso não é fácil. Eu aprendi na Alemanha na primeira vez que joguei contra ele. Eu era novo e perdemos por 4 a 2. Depois disso eu aprendi mais sobre controlar a situação, mas nunca é fácil. Quando Klopp fala que o seu futebol é ‘heavy metal’, eu entendo completamente. É tão agressivo. Para os torcedores isso é muito bom”, elogiou Guardiola no final de 2016 antes de encarar o Liverpool.

A defesa, no entanto, é o principal ponto de crítica em seu sistema de jogo. A equipe ataca com agressividade, mas não consegue se recompor como necessário na defesa e por muitas vezes deixa o adversário sufocar em seu campo, como ocorreu, por exemplo, no segundo tempo da partida da última terça (15), contra o Hoffenheim, quando a equipe alemã quase empatou o jogo, vencido pelo Liverpool por 2 a 1.

A derrota não o faz perder uma festa

Uma das histórias mais marcantes da passagem de Klopp pelo Liverpool aconteceu fora de campo. Foi no Natal de 2015, após uma derrota da equipe para o Watford.

A equipe havia sido derrotada e voltava para Liverpool com a certeza de que a festa de Natal programada seria cancelada por conta do baixo rendimento em campo. Nada disso. Klopp exigiu a presença de todos e ainda decretou: ninguém vai embora antes da 1h da manhã.

“Estamos tristes, mas o jogo acabou. Agora, nossa prioridade, não é o quanto você beberá, mas ninguém sai antes da 1h da manhã. Quando estamos juntos, fazemos o melhor que podemos e hoje à noite isso significa curtir a festa”, afirmou o treinador na época.