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Como Jefferson passou do pênalti contra Messi à reserva no Botafogo

Jefferson perdeu espaço na seleção e no Botafogo e vive nova realidade na carreira - Thiago Ribeiro/AGIF
Jefferson perdeu espaço na seleção e no Botafogo e vive nova realidade na carreira Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/08/2017 04h00

Um dos grandes goleiros da sua geração, Jefferson passa por situação inusitada na carreira. Após ser considerado um dos melhores da posição e defender a seleção brasileira por quase três anos, o ídolo do Botafogo encara uma realidade completamente diferente. Longe da camisa amarela, o jogador perdeu espaço também no clube e hoje amarga a reserva de Gatito Fernandez.

Entenda, abaixo, o arco de queda que atingiu o goleiro, destaque contra o melhor do mundo e presença constante pelo Brasil, que hoje corre o risco de ver o grande momento do Botafogo em décadas do banco. 

Copa do Mundo e defesa em pênalti de Messi

Destaque absoluto do Botafogo desde 2009, Jefferson foi lembrado pela primeira vez na seleção brasileira em 2010 pelo técnico Mano Menezes. Ele se manteve nas listas durante as passagens de Dunga e Felipão. Com este último, fez parte do grupo que disputou a Copa do Mundo no Brasil, na reserva de Julio Cesar. 

Depois do desastre do 7 a 1, parecia que sua hora havia chegado. Jefferson foi alçado por Dunga ao posto de titular e, em 11 de outubro de 2014, viveu um dia de herói ao parar o então melhor jogador do mundo. No Superclássico das Américas, Messi bateu pênalti e o botafoguense voou para evitar o gol da Argentina, que perderia o confronto

Jefferson pega pênalti de Messi e vive ápice com a seleção

Derrocada na seleção

Apesar das frequentes convocações, Jefferson nunca se sentiu como dono da posição. Acostumado aos holofotes no Botafogo, viu na seleção um clima completamente diferente. Em certo momento, percebeu que a vaga de titular estava ficando cada vez mais em xeque, como se Dunga apenas esperasse um erro da sua parte para efetuar a mudança.

Jefferson foi titular no fiasco do Brasil na Copa América de 2015, disputada no Chile. Contra o Peru, recebeu passe na fogueira de David Luiz, errou com os pés e viu Cueva marcar, em seu vacilo mais marcante pela seleção. Na estreia das Eliminatórias, nova falha conta o Chile, no gol marcado por Vargas. Foi o suficiente para Dunga barrar o botafoguense e lançar Alisson.

Na condição de reserva, ainda foi convocado mais uma vez para jogos contra Argentina e Peru. Após esses dois duelos no banco, Jefferson participou do programa "Bem, Amigos!", dos SporTV, e respondeu sobre a situação. Após a declaração, jamais foi convocado por Dunga.

Goleiro é uma posição de confiança do treinador, e particularmente nunca usei imprensa para me defender ou acusar alguém, e sempre mostrei dentro de campo meu potencial. Acho que poderia ter me dado um pouco mais de crédito. Minha saída não foi talvez só pelo jogo do Chile, então particularmente fiquei triste, nenhum jogador gostaria de sair da maneira como saí”, disse Jefferson, em seu último ato como jogador da seleção. 

“Não digo injustiçado, talvez seja uma palavra muito forte. Mas não esperava, até pelos meus números na seleção brasileira"

Lesão e reserva no Botafogo

Após ficar de fora das convocações de Dunga, Jefferson ficou abalado. Via como única solução focar no Botafogo e esperar por nova oportunidade. A última vez em que esteve na lista da seleção brasileira foi em novembro de 2015. 

Dois meses depois, o pesadelo de Jefferson aumentou consideravelmente. Em partida contra o Juazeirense, pela Copa do Brasil, sentiu um desconforto no braço esquerdo. Após exames, ficou constatada uma rara lesão: rompimento parcial do tríceps. O goleiro passou por cirurgia e o tempo de recuperação era de aproximadamente quatro meses.

Jeff - Divulgação/SMG - Divulgação/SMG
Jefferson passou por duas cirurgias no braço esquerdo e parou por mais de 1 ano
Imagem: Divulgação/SMG

Após seis meses da intervenção, Jefferson não deixava de sentir dor. Foi constatada, então, a necessidade de uma nova cirurgia. Dessa vez, o goleiro teve a recuperação desejada e voltou aos gramados normalmente. O problema é que, no período, ficou um ano e dois meses sem atuar.

De longe, viu Sidão ser um dos destaques do Botafogo que voltou à Libertadores. Quando seu primeiro substituto foi ao São Paulo, Gatito Fernandez foi contratado. O paraguaio teve início oscilante, mas após pegar três penalidades e colocar a equipe na fase de grupos da competição internacional, ganhou confiança e virou um dos líderes da equipe.

Jefferson ainda voltaria bem diante do estrelado Atlético-MG. No Nilton Santos, pegou pênalti de Rafael Moura e, no lance seguinte, viu Roger marcar e evitar derrota do Botafogo – empate por 1 a 1. O histórico no clube e o bom começo fizeram o técnico Jair Ventura promover um revezamento no gol devido a algumas lesões da dupla.

Gatito - Jorge Adorno/Reuters - Jorge Adorno/Reuters
Gatito foi herói da classificação do Bota para fase de grupos da Libertadores
Imagem: Jorge Adorno/Reuters

Quando teve de escolher entre os dois, porém, optou por Gatito Fernandez. Foi o que ocorreu na partida contra o Nacional-URU, pela Libertadores. E também nos dois jogos decisivos contra o Flamengo, na semifinal da Copa do Brasil.

“Temos dois grandes goleiros, mas o momento é do Gatito. Ele roeu o osso conosco lá atrás. Perdeu a posição para o Helton Leite e recuperou. Mas está em aberto. Não tenho nada definido. Para esse jogo, a escolha foi ele”, afirmou Jair.

Apesar do discurso do treinador, o fato é que Jefferson atualmente é o reserva de Gatito Fernandez. Apesar de se tratar de um ídolo do Botafogo, o goleiro dificilmente deverá recuperar a vaga nesta temporada. Após cair e subir com o Alvinegro da Série B, o jogador deverá acompanhar o melhor momento do clube desde a conquista do Brasileiro, em 1995, do banco de reservas.