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Por que Luan, mesmo em alta, não trocou o Grêmio pela Europa?

Meia-atacante recusou negócio com o Spartak Moscou e segue no Grêmio - Lucas Uebel/Grêmio
Meia-atacante recusou negócio com o Spartak Moscou e segue no Grêmio Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

01/09/2017 04h00

A janela de transferências na Europa fechou e Luan ficou no Grêmio. Unanimidade em qualquer lista de melhores do país, destaque técnico de um time em alta e convocado por Tite, o atacante tinha interesse de ir ao Velho Continente e seu clube estava disposto a vendê-lo, de olho em uma boa recompensa financeira. Ainda assim, Luan, permaneceu. Por quê?

A explicação para esse cenário é uma soma de fatores que vão desde idade e tempo de contrato até uma quebra de braço entre clube gaúcho e o estafe do jogador. Além da vontade do próprio atleta, que recusou por duas vezes negócio com o Spartak Moscou. O ‘fico’ de Luan foi contra os planos do Grêmio, que procurou negócio até a reta final.

Mesmo sendo o grande nome do Tricolor desde o ano passado, Luan não rendeu oferta dos considerados gigantes da Europa. Apenas Sampdoria e Spartak Moscou fizeram ofertas formais. Os italianos saíram cedo da disputa e os russos tentaram até o início desta semana.

Barcelona, Real Madrid, PSG, Liverpool, Borussia Dortmund, Bayern de Munique, Atlético de Madri e os demais integrantes do grupo que despeja milhões no mercado não apareceram. Nem os times de Portugal bateram na porta da Arena.

A explicação para esse fenômeno está na idade, considerada avançada para uma operação entre continentes, e o histórico sem passagem pelas seleções de base. Adicione também as características de jogo, que demandam estilo e faixa de atuação específica.

Em recente viagem à Europa, emissários do Grêmio ouviram que Luan estava caro: o clube gaúcho pedia 25 milhões de euros (R$ 93,7 milhões). O Spartak Moscou chegou ao preço, por duas vezes, mas aí foi o jogador quem disse ‘não’.

A ideia de Luan é trocar o Grêmio por uma ‘grande liga’, ou seja, Espanha, Itália, Inglaterra e Alemanha. França e Portugal também entram nessa leva, em um segundo patamar. A Rússia, mesmo sendo país-sede da Copa do Mundo de 2018, não agradou. Nem o contrato de quatro anos com valores altos.

Aos 24 anos, Luan encarou os últimos dias da janela em um momento inédito, convocado para a seleção brasileira principal. O chamado de Tite tem vários reflexos no grande tabuleiro de xadrez que é o futuro do jogador.

Campeão olímpico, Luan vê crescer as chances de estar na lista do Mundial do ano que vem. Para isso, vai precisar seguir jogando. E a longo prazo o ato de entrar em campo gera uma pergunta: Onde?

O contrato entre Grêmio e Luan termina em setembro do ano que vem. Assim, no próximo mês de março ele já poderá assinar pré-contrato e deixar o clube sem custos, já que a renovação empacou há meses. Houve desacerto na cláusula de multa rescisória e a negociação não gerava muito otimismo no clube gaúcho. Por isso, a saída era vista como fundamental. Agora as tratativas terão de ser retomadas.

A convocação de Tite deixa Luan e o Grêmio diante de um impasse. Se não houver renovação, o Tricolor já cogita, mesmo que remotamente, afastar o jogador em seus últimos meses de vínculo. O afastamento alijaria qualquer possibilidade de ir à Rússia com Tite. E uma saída com pré-contrato resultaria em longo período de inatividade, pois o contrato termina fora da janela e o registro na Europa ficaria somente para o início de 2019.

Por outro lado, o Grêmio também está contra a parede. Se não renovar, pode ver um ativo precioso sair sem gerar receita alguma. Dono de 70% dos direitos econômicos do jogador, o clube planejava arrecadar cerca de R$ 60 milhões na janela só com a saída de Luan. O episódio também poderá marcar a gestão por repetir um problema vivido com Ronaldinho Gaúcho e o PSG, no início dos anos 2000.

A janela fechou, Luan ficou. Mas a história está longe do fim.