Topo

Sem tapa em ninguém: F. Melo troca raiva pela ironia em volta ao Palmeiras

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/09/2017 04h00

Felipe Melo mudou o tom. A postura ríspida da primeira entrevista como jogador do Palmeiras se transformou na última segunda-feira, no retorno do volante ao elenco após um mês afastado por conflito com o técnico Cuca. Em uma rápida entrevista, de pouco mais de 10min, a ironia prevaleceu sobre a agressividade, como o próprio reconheceu.

Uma das grandes atrações do futebol brasileiro no início do ano, Felipe Melo imediatamente assumiu uma função de líder dentro do elenco do Palmeiras. Logo na entrevista de apresentação, o camisa 30 atacou imprensa, adversários e "vestiu" a camisa alviverde.

A expressão "tapa na cara de uruguaio" colou entre torcedores, e a consequência veio dentro de campo: a confusão com jogadores do Peñarol após a partida em Montevidéu. Nesta segunda, o próprio Felipe admitiu que exagerou no tom adotado em janeiro.

"Quando cheguei aqui na minha primeira entrevista, que foi até um pouco excessiva, disse que o Palmeiras que colocava a partir daquele momento a comida dentro da minha casa e que era Palmeiras. Hoje continuo sendo", reconheceu o meio-campista.

Seis meses e muitas confusões depois, Felipe Melo mudou o tom. Falou mais baixo, sustentou uma expressão mais sisuda e pouco à vontade e foi ponderado nos gestos. Autoconfiante na chegada, na última o próprio jogador saiu com dúvidas sobre o entendimento das declarações que deu. Minutos depois do papo com os jornalistas, o volante usou as redes sociais para falar sobre o "pedido de desculpas" ao técnico Cuca.

Durante a entrevista, Felipe Melo em nenhum momento expôs publicamente que pediu desculpas particular ao treinador. Chegou, inclusive, a interromper um repórter para não direcionar o "perdão" somente ao comandante, chamado de "mau caráter" em áudio do camisa 30 vazado há um mês.

"Não falei que pedi perdão para o Cuca. Pedi perdão, não ao Cuca. Não é só Cuca e Felipe Melo; tem o Palmeiras, que é maior do que tudo", disse ele.

Diante da repercussão, Felipe Melo usou o Twitter para esclarecer o seu lado e afirmou ter pedido desculpas para Cuca antes mesmo de ser afastado, após a eliminação na Copa do Brasil. A ironia apareceu no tratamento para com a imprensa.

"Sobre me arrepender, claro que me arrependi com o erro, me arrependi. Só vim aqui explicar porque acaba dando muito ibope", escreveu Felipe Melo, no último momento irônico da tarde.

O "último" porque na entrevista, em ao menos duas ocasiões, Felipe Melo usou da ironia. "Tem um cara que tumultuava o elenco, aí tira essa laranja podre. A tendência é voar, né? Ganhar os jogos que se tem pela frente, avançar. É, mas infelizmente não foi o que aconteceu. O problema não é o Felipe Melo, então", questionou o volante, que, desta vez, quis se afastar da imagem de polêmico.

"Não tive nada nas redes sociais que seja polêmico. Última vez que falei do Bolsonaro colocaram que eu não posso me expressar, mas me expressei [risos]. Dei uma segurada, mas não vou deixar de fazer aquilo que acho certo", assegurou Felipe Melo, que, nesta exploração das sociais, se vê imune aos pedidos de desculpas.

"Não pedi desculpas a ninguém, porque não acho que errei. Eu apoio e por apoiar que fiz o vídeo [do Bolsonaro]. É bacana, porque as pessoas falam mal, mas me seguem. É bom aumentar seguidor, que sigam meus filhos, Ousadinho e a rapaziada, que é bacana [risos]", disse.

Agora reintegrado, mas sem a sentença de Cuca de que retornará à briga por uma vaga no time titular, Felipe também adotou um tom mais ameno ao responder uma pergunta sobre "papo tático" com Cuca.

"Não sei o que vai acontecer amanhã. Você, que é um jornalista importante; sei que você deu uma pesquisada na minha carreira, e você sabe que na minha última passagem, na Inter, comecei bem. Mas aí mudou o treinador e nem para o banco eu fui. Sei que você sabe que trabalhei muito, voltei a ser titular e não tive problema", encerrou um Felipe Melo mais "light".