Topo

Violência, gol polêmico e falha: Fla e Cruzeiro empatam na primeira final

Lucas Paquetá comemora gol - Luciano Belford/AGIF - Luciano Belford/AGIF
Imagem: Luciano Belford/AGIF

Léo Burlá e Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

07/09/2017 23h39

A primeira etapa da final da Copa do Brasil terminou. Depois de confusões lamentáveis, com violência entre torcedores dentro e fora do Maracanã, Flamengo e Cruzeiro empataram em 1 a 1. O confronto, que teve etapa inicial morna, sem muitas emoções, terminou corrido, movimentado. O gol rubro-negro foi cercado por polêmica com a arbitragem, já que Lucas Paquetá estava impedido ao completar rebote para as redes aos 30 minutos do segundo tempo. O tento celeste, oito minutos depois, foi de Arrascaeta, aproveitando falha de Thiago.

Foram duas diferenças claras entre as equipes. No estilo de jogo, o Flamengo de Reinaldo Rueda optou por se lançar ao ataque e pressionar. O Cruzeiro de Mano Menezes foi mais defensivo, atrás de contragolpes. Já no gol, Fábio foi essencial para as pretensões mineiras, aparecendo para brecar as investidas de Willian Arão. Thiago, do outro lado, falhou e colaborou com a reação de uma Raposa que parecia abatida.

Agora, cariocas e mineiros terão de resolver a igualdade no dia 27 de setembro, às 21h45, no Mineirão.

Os melhores

Se o empate foi frustrante para a torcida do Flamengo, que já fazia grande festa pelo gol marcado por Lucas Paquetá, para o Willian Arão o sentimento foi ainda mais acentuado. O volante foi o grande nome rubro-negro da noite, com dinâmica no meio de campo e aparecendo na área para as melhores chances - inclusive causando o rebote do gol carioca. Curiosamente, o destaque do Cruzeiro foi o grande inimigo Arão. O goleiro Fábio fez duas defesas difíceis, além de quase ter evitado a abertura do placar. Justificou a idolatria celeste.

Os piores

De um lado, Fábio foi herói para os cruzeirenses. Do outro, o goleiro Thiago foi vilão para os flamenguistas. Depois de fazer boa intervenção em chute de Alisson no começo do segundo tempo, acabou soltando finalização fraca de Hudson e deixou a bola limpa para Arrascaeta empatar. Para a Raposa, a noite foi infeliz para Rafael Sobis, aposta de Mano para o comando de ataque e que saiu da partida sem nenhuma finalização.

Caos entre flamenguistas

Briga entre torcedores do Flamengo nos arredores do Maracanã. No setor leste do estádio, outros rubro-negros entraram em conflito com seguranças ao tentarem invadir o setor norte. Confusão semelhante aconteceu no portão sul, onde a Polícia Militar precisou agir com gás de pimenta e até cavalaria para dispersar invasores que não tinham ingressos. Nas arquibancadas, novos conflitos antes do jogo, que ainda teve casos de bilhetes falsificados vendidos por cambistas. Tudo isso em um jogo tratado como "final da paz" durante a semana. A tensão fez até com que a PM reforçasse a segurança em volta do gramado, contrariando o costume do novo Maracanã em usar somente os agentes privados para a função.

Atraso celeste

Do lado cruzeirense, assistir à decisão da Copa do Brasil também não foi uma tarefa simples. Os ônibus das torcidas organizadas, por exemplo, chegou ao entorno do Maracanã já com a partida em andamento e houve correria e confusão até que todo o setor dos visitantes fosse totalmente ocupado. Do lado de dentro do estádio, porém, o clima foi de muita festa e incentivo aos jogadores. Quase seis mil torcedores do clube mineiro lotaram o setor destinado aos visitantes.

Titular e perseguido

Cuellar, embora não tenha atuado pela seleção colombiana na última terça-feira contra o Brasil, apresentou cansaço ao se reapresentar no Ninho do Urubu. Por isso, Reinaldo Rueda decidiu dar mais fôlego ao meio de campo com a entrada de Márcio Araújo. A opção, entretanto, foi questionada pela torcida, que vaiou o volante no anúncio da escalação no Maracanã. Márcio foi pouco notado na partida e acabou trocado pelo próprio Cuellar no segundo tempo.

Radar da seleção

Matheus Bachi, filho de Tite e auxiliar da seleção brasileira, compareceu ao Maracanã para observar dois jogadores. No Flamengo, o alvo é o meia Diego, que já teve chances em amistosos neste ano. No Cruzeiro, quem passa pela análise é o goleiro Fábio, ídolo celeste e que persegue o sonho de defender a seleção. E se o primeiro tempo terminou empatado sem gols, o arqueiro da Raposa tem grande responsabilidade: em cabeçada à queima-roupa de Willian Arão, fez difícil defesa e mandou para escanteio.

Guerrero vai ao Maracanã para torcer na final da Copa do Brasil - Vinicius Castro/UOL Esporte - Vinicius Castro/UOL Esporte
Guerrero vai ao Maracanã para torcer na final da Copa do Brasil
Imagem: Vinicius Castro/UOL Esporte

Espectadores de luxo e apoio de Ederson

Com a limitação de inscritos na Copa do Brasil para o mês de abril, Flamengo e Cruzeiro precisaram encontrar soluções para repor as contratações feitas ao longo da temporada. Os mineiros, por exemplo, tiveram os atacantes Rafael Marques e Sassá como espectadores, passando pelo campo somente para dar apoio aos colegas durante o aquecimento. Pelos rubro-negros, a ilustre torcida teve Geuvânio e Everton Ribeiro como principais baixas do time, além do suspenso Paolo Guerrero. O peruano esteve acompanhado ainda de Ederson, que se afastou dos gramados para tratar câncer no testículo direito. O meia também participou da conversa com o elenco no vestiário para motivar os companheiros.

Susto e baixa para o Mineirão

Os dez primeiros minutos da etapa final foram de apreensão para o Cruzeiro. Thiago Neves, ao tentar tabelar com Alisson no meio de campo, escorregou, abriu demais as pernas e acusou dores na virilha. O árbitro Marcelo Aparecido de Souza logo paralisou o jogo e os celestes chegaram a temer uma lesão, mas o meia rapidamente retornou ao jogo. O alívio foi interrompido minutos depois, quando Rafael Sobis cometeu falta dura, levou o terceiro cartão amarelo e perdeu lugar no jogo de volta, no Mineirão. 

Base em alta

Reinaldo Rueda e Mano Menezes apostaram suas fichas em jovens talentos. O colombiano lançou o iluminado Lucas Paquetá como titular e depois acionou Vinicius Júnior, já vendido ao Real Madrid, no lugar do lateral-direito Rodinei, em mudança ousada. No Cruzeiro, Mano já tinha o firme Murilo na zaga e recorreu ao atacante Raniel para a vaga de Sobis, que tinha atuação ruim e já havia recebido cartão amarelo.

Pressão coroada, polêmica e resposta a sangue frio

A troca de Rodinei por Vinicius Júnior fez o Flamengo se atirar para o ataque e sufocar o Cruzeiro, que optava por uma postura mais cautelosa em busca de um contragolpe. Os comandados de Rueda passaram a criar chances seguidas, até que o escanteio bem cobrado por Diego sobrou para Réver na entrada da área. O zagueiro bateu cruzado, Arão, em posição irregular, desviou de cabeça e Fábio fez grande defesa. No rebote, Lucas Paquetá mostrou estrela para marcar. Enquanto as arquibancadas ainda ferviam, também em lance de rebote, Thiago soltou chute de Hudson e Arrascaeta, que havia acabado de entrar, mostrou frieza para mandar a bola para o fundo do gol e selar o empate.

FICHA TÉCNICA:
FLAMENGO 1X1 CRUZEIRO

Data/hora: 7 de setembro de 2017 (quinta-feira), às 21h45
Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Marcelo Aparecido de Souza
Auxiliares: Anderson José de Moras Coelho e Bruno Salgado Rizo
Público/Renda: 66.165 presentes/56.135 pagantes/R$ 7.039.230,00
Cartões amarelos: Everton (FLA); Rafael Sobis, Arrascaeta e Raniel (CRU)

Gols: Lucas Paquetá, aos 30 minutos do segundo tempo (FLA); Arrascaeta, aos 38 minutos do segundo tempo (CRU)

Flamengo: Thiago; Rodinei (Vinicius Júnior), Réver, Juan e Pará; Márcio Araújo (Cuellar), Willian Arão e Diego; Berrío, Everton e Lucas Paquetá (Gabriel)
Técnico: Reinaldo Rueda

Cruzeiro: Fábio; Ezequiel, Léo, Murilo e Diogo Barbosa; Henrique, Hudson e Thiago Neves (Arrascaeta); Robinho, Alisson (Rafinha) e Rafael Sóbis (Raniel)
Técnico: Mano Menezes