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Cunha diz que machismo "vem um pouco do lado delas" e vê Emily imatura

Derek Sismotto
Imagem: Derek Sismotto

Do UOL, em São Paulo

28/09/2017 19h47

Em meio ao furacão que rodeia a seleção feminina de futebol desde a demissão de Emily Lima, como a decisão de algumas atletas de não vestirem mais a camisa do Brasil, Marco Aurélio Cunha tenta se justificar em meio às críticas.

“A troca sempre é dura, triste e incomoda muita gente, mas [demitir a Emily] foi uma decisão da CBF em função dos últimos resultados. Ela tem toda a capacidade e o mérito, talvez só falte um pouco de maturidade”, disse o coordenador da CBF em participação no Fox Sports. “Eu realmente não me meto com trabalho técnico, mas não posso ficar defendendo A ou B”, acrescentou.

Questionado a respeito da influência negativa de uma cultura machista sobre o desenvolvimento do futebol feminino brasileiro, Marco Aurélio disse não acreditar que o preconceito alegado pelas atletas seja tão decisivo.

“Eu acho que o machismo já afetou muito, mas hoje muito menos. O preconceito às vezes vem um pouco do lado de lá, do lado delas. A gente quer mostrar que não, mas as pessoas, por não serem atendidas em suas demandas, acabam achando que sim”, respondeu o dirigente.

No entanto, se viu obrigado a comentar os boatos em torno de uma suposta insatisfação das jogadoras com seu trabalho. “Não estão a favor, nem contra. É tudo calor do momento. Eu não sei, não faço votação por maioria ou minoria. Obviamente, não se pode agradar todo mundo”, minimizou.

Cristiane - Rick Rycroft/AP - Rick Rycroft/AP
Imagem: Rick Rycroft/AP

Cunha acredita que a decisão de Cristiane, Francielle e Rosana, que optaram por não defender mais a seleção brasileira após a saída de Emily, se deve mais à carência da modalidade do que a um suposto boicote contra a CBF.

“O Brasil tem uma base de seleção que vem desde a Olimpíada. O que eu percebo em algumas é uma certa fadiga. Nós não podemos mudar, do dia para a noite, uma cultura que é sofrida e acomodada. Nós estamos tentando fazer isso com muita força. A Cristiane vem desse reflexo de algumas frustrações, de não ter conseguido a medalha de ouro [em quatro Olimpíadas], e tinha o apego com a Emily. Há uma renovação”, disse Marco Aurélio.